Quando um estrangeiro pensar no Brasil, as primeiras coisas em mente serão, provavelmente, o Carnaval do Rio de Janeiro, os jogadores de futebol e a destruição, mas também as iniciativas para salvar a floresta tropical. Todos estes fenômenos são apenas vislumbres da realidade de um país que é o quinto maior do mundo em extensão (8.511.996 km²), com 160 milhões de habitantes. Aproximadamente 12% da superfície do Brasil esta localizada numa zona de clima tropical semi-árido. Esta zona semi-árida está situada no Nordeste do país e é conhecida como caatinga. Aproximadamente 17 milhões de pessoas vivem na caatinga, que cobre quase um milhão de km². A precipitação anual está abaixo de 1.000mm, com menos de 500mm na parte na parte central da região semi-árida, e muito irregularmente distribuída no tempo e no espaço. Nas duas últimas décadas, o governo e multinacionais têm instalado grandes projetos de irrigação em trono do Rio São Francisco, gerando muitos empregos como diaristas.

Grandes proprietários controlam a maioria das terras com fácil acesso ao rio e boa água. A maioria dos agricultores, por outro lado, ainda não resolveu a questão do seu suprimento de água na estação seca. Como consequência, muitos deles deixam a terra durante as secas e migram para as grandes cidades. Na década passada, as instituições envolvidas na organização da 9^a Conferência Internacional sobre Sistemas de Captação de Água de Chuva – 9^a CISCAC se dedicaram a desenvolver alternativas viáveis para o semi-árido do Nordeste do Brasil. Entre estas alternativas, estão a captação de água de chuva, uso mais eficiente de fontes de água e tecnologias apropriadas.

As propriedades com fácil acesso a água de rios ou poços estão ocupadas por agricultura irrigada e pecuária. Além de a maioria dos agricultores ainda não ter resolvido o problema da falta de água na estação seca, a população sofre de exploração e dependência social e política. Como consequência, ocorre uma migração das áreas rurais para as áreas urbanas. A estratégia das instituições organizadoras é promover um conhecimento do Nordeste do Brasil não como uma região afligida pelo desastre da seca, mas como uma região viável, onde viver e trabalhar é possível, usando-se a água existente e outros recursos naturais de uma maneira sustentável.

As cidades de Petrolina e Juazeiro estão localizadas no coração do trópico semi-árido do Brasil, nos lados opostos do rio São Francisco. O rio é a linha divisória entre estas duas cidades, como também entre os estados de Pernambuco e Bahia. Petrolina e Juazeiro são os centros líderes comerciais e culturais numa área de economia importante e crescente. Juntas, elas têm 400.000 habitantes e oferecem a maioria das conveniências e serviços de grandes cidades.

O rio São Francisco (2.700 km) é um dos maiores rios do Brasil e atravessa cinco estados no seu trajeto para o oceano Atlântico. Seu nome deve-se a Saint Francis, dado pelos europeus que o viram pela primeira vez em 1501 e mais tarde foi apelidado de Velho Chico. Através dos séculos, ele tornou-se pontos focais do folclore brasileiro, com estórias incontáveis e canções a ele dedicadas. Apesar de alguma destruição ao longo do rio, a maioria causada pela construção de barragens e desmatamento, ele continua a ser a linha de vida de milhares de pessoas que vivem às suas margens. Acima e abaixo das cidades-irmãs, o São Francisco tem praias arenosas, águas claras e incontáveis ilhas, proporcionando um perfeito ambiente para turismo ecológico. O São Francisco é, também, conhecido pela sua riqueza de oportunidades de pesca. Os peixes são sempre preparados com leite coco, um dos principais ingredientes da culinária do Nordeste brasileiro. Uma outra comida típica é a macaxeira (mandioca ou aipim). Além de ser cozida ou usada em bolos, ela é, também, transformada em farinha e usada juntamente com pratos típicos brasileiros com arroz, feijão e carne. Uma outra comida muito popular em todo o Nordeste é a rapadura, feita da cana-de-açúcar.

O Nordeste do Brasil tem sido a inspiração para muitos dos eventos históricos e populares da cultura brasileira. A famosa república agrícola de Canudos, destruída pelo Exército Federal há mais de um século, está a apenas uns trezentos quilômetros leste das duas cidades. Nas décadas de 20 e 30, os mais legendários cangaceiros – Lampião e Maria Bonita – burlaram a polícia por quase dez anos, escondendo-se no semi-árido nordestino. Algumas das mais conhecidas novelas brasileiras descrevem a região e o povo do Nordeste. Muitos cantores populares do passado e do presente nasceram e viveram nesta área. Entre os compositores mais famosos do passado, está Luiz Gonzaga. Os cantores populares atuais João Gilberto e Ivete Sangalo são nativos de Juazeiro. Petrolina e Juazeiro têm um clima tropical semi-árido. A estação chuvosa vai de dezembro a março. Durante os dez últimos anos, Petrolina e Juazeiro tiveram uma temperatura média de 24,5^oC em julho, com garoas e altas indicações de evaporação. A distância de Petrolina/Juazeiro para São Paulo ou Rio de Janeiro é de aproximadamente 2.250 km; para a capital Brasília, 1.550 km; para Recife, capital de Pernambuco, 721 km, e para Salvador, a capital da Bahia, 513 km.