As
Mulheres na Comunicação Comunitária nas Bacias Hidrográficas Jessica Calfoforo Salas
Resumo A comunicação é um elemento vital no trabalho de proteção de uma bacia hidrográfica, na manutenção de captações de água de chuva ou na recuperação de florestas. A comunicação é, de fato, o coração do trabalho de desenvolvimento. Ela facilita novas percepções, novos conceitos e idéias. Ela liga culturas, ela estimula e faz as pessoas pensarem e agirem. Ela pode dar novos direcionamentos e capacitar pessoas a se movimentar e pular ou poderia sufocá-las através do medo, da ignorância e da apatia. As pessoas não podem deixar de se comunicar. Comunicar-se significa viver. Esta é a experiência de um grupo de mulheres que fazem trabalho de recuperação em uma bacia hidrográfica na parte central das Filipinas. Estas mulheres juntam as mãos com as mulheres da comunidade a fim de cumprir a difícil tarefa de convencer a comunidade inteira a participar do trabalho de proteção e recuperação de duas bacias naturais de captação de água de chuva, fontes de uma bacia maior em uma ilha. O aprendizado dessas mulheres em comunicação e desenvolvimento é exposto neste artigo. O aprendizado reside nos papéis, estrutura de tempo, situação hierárquica e modo predominante de relacion amento das mulheres, os quais permitiram que elas experimentassem o valor ímpar da comunicação. Esta experiência tem um influência extensiva na formação de estratégias (pessoal ou organizacional) para induzir mudanças ou desenvolvimento. Por exemplo, a eficiência do papel de uma mãe na criação de um filho depende nas suas estratégias de comunicação pessoal. O papel principal de uma mulher como professora em casa, na escola ou na comunidade também demonstra a eficiência de comunicação. Assistir o doente, outra papel popular das mulheres, utiliza extensivamente a comunicação, não apenas ao nível físico, ambos verbal e não verbal, mas, também, comunicação de empatia, simpatia, preocupações, cuidados e outros atributos espirituais. De fato, o tempo é a essência, mas para uma mulher, tempo é fluido e não restritivo. O tempo gasto em nutrir, em cuidar ou na escola, não é contado em horas mas em progresso e intensidade. A mulher aprendeu e vivenciou que aquele tempo, como um valor, não é dominante mas, ao contrário, permite o lazer e o prazer de moldar e mudar. Muitas mulheres têm acreditado no ditado masculino que afirma que a fim de ser produtivo o tempo deve ser preciso e que possa controlar o homem. Muitas mulheres das cidades sucumbiram à esta idéia mas as mulheres do campo estão longe disto. Elas não têm o tempo contado, todavia conseguiram muito. Este tipo de valorização do tempo (não simplesmente chamado paciência) tem sido um elemento crítico na comunicação do desenvolvimento. Em organizações, sejam sociais, políticas ou econômicas em natureza, a situação da mulher geralmente não está entre as melhores. Mais ainda para as mulheres das montanhas que ocupam os níveis médio ou mesmo o médio-inferior ou o baixo. Neste caso, ela não está isolada, ela sempre se relaciona com as pessoas, se identifica com outras e sente com elas. Esta experiência traz à tona a maneira de se relacionar com as outras. A mulher vivencia os modos lateral e horizontal de se relacionar e não o relacionamento baseado na autoridade. As demandas e a qualidade de uma relação e de uma liderança igualitárias requerem habilidades únicas em comunicação, diferentes daquelas de uma relação baseada na hierarquia funcional ou na autoridade. Para que as coisas sejam feitas, a mulher tem de manejar eficientemente a comunicação, e não apenas a usar o poder. Com esta vantagem feminina, as mulheres de uma organização de desenvolvimento fincaram uma base sólida com as mulheres na bacia hidrográfica. |