O Potencial de Água do
Semi-Árido Brasileiro: Perspectivas do Uso EficienteAldo da C. Rebouças Universidade de São Paulo Rua Eduardo Silva Magalhães, 510 Pq. Continental, CEP 05324-000, São Paulo, SP, Brasil Tel. 55-11-2682862 Fax: 55-11-8690483 E-mail: aldocr@mandic.com.br
Resumo Na zona central do região Nordeste a pluviometria média varia entre 500 e 800 mm/ano e tem regime muito irregular. Ademais, a combinação desse quadro meteorológico com o domínio do substrato geológico formado por rochas cristalinas sub-aflorantes e praticamente impermeáveis resulta em rios temporários e condições edafoclimáticas de semi-aridez sobre cerca de 10% do território nacional. A visão de rios perenes fundamenta a síndroma da abundância, enquanto a de rios temporários no Nordeste semi-árido engendra síndroma da escassez. Vale salientar, todavia, que síndromas de abundância e escassez resultantes da visão de rios perenes e temporários, respectivamente, são tão falsas quanto o geocentrismo fundamentado na visão do deslocamento do Sol de um lado para outro do nosso horizonte. Efetivamente, as condições físico-climáticas que predominam no Sertão do Nordeste do Brasil podem, relativamente, dificultar a vida, exigir maior empenho e maior racionalidade na gestão dos seus recursos naturais em geral e da água, em particular, mas não podem ser responsabilizadas pelo quadro de pobreza amplamente manipulado e sofridamente tolerado. Destarte, o que mais falta no Brasil em geral e no Nordeste, em particular, não é água mas determinado padrão cultural que agregue confiança e melhore a eficiência das organizações públicas e privadas envolvidas no negócio da água. Nossa motivação básica neste trabalho recusa o determinismo físico-climático que tem servido de justificativa à cultura da crise da água no Mundo ou no Brasil, bem como à cultura da seca na região Nordeste. |