APRESENTAÇÃO


A região Nordeste do Brasil tem uma área aproximada de 1,6 milhões de km2 e compreende de cerca de 1/3 da população nacional. É formada por vários ecossistemas como a faixa litorânea, os tabuleiros costeiros, o semi-árido, os cerrados, as várzeas e a mata sub-úmida na pré-amazônia. É a região do país com maior influência de escravos africanos, europeus e asiáticos, com importante repercussão para o agronegócio nordestino, através dos recursos genéticos de plantas cultivadas, como as cucurbitáceas, na agricultura tradicional, e as mangueiras, nos pomares domésticos.

Os recursos genéticos têm despertado a atenção dos estudiosos da área apenas nos últimos anos e no Brasil, mais recentemente, embora já se tenha conseguido resgatar uma variabilidade genética considerável, preservada nos bancos de germoplasma. A utilização desta variabilidade pela sociedade, no entanto, ainda tem sido pequena. Esta situação é mais crítica na região Nordeste do Brasil.

Várias experiências em melhoramento de plantas começaram a ser estabelecida na região, muitas delas inspiradas pelos professores de melhoramento genético do Departamento Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz - ESALQ, Piracicaba-SP, ou do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa-MG.

Em 1971, num dos encontros da Sociedade Brasileira de Genética, em Salvador-BA, uma tentativa de reunir os melhoristas de plantas do Norte e Nordeste do país, por sugestão do professor Paterniani,da universidade de SãoPaulo não contou com mais de cinco apresentações limitadas, ao melhoramento de milho, feijão-de-arranca e algodão. Outros encontros foram realizados em Aracaju-SE e Cruz das Almas-BA, porém os resultados foram limitados em número de trabalhos e abrangências de espécies.

Já são decorridos mais de vinte e cinco anos do primeiro Encontro. Pode-se verificar, ao longo deste período, presença de várias experiências de melhoramento de espécies bem diversificadas, bem como várias experiências na criação de bancos de germoplasma inspiradas pelo Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Embrapa, sediado em Brasília. Entretanto, as informações estavam dispersas e muitas delas não escritas.

Algumas parcerias com as Universidades da região e do país têm resultado em estudos de germoplasmas relevantes para o Nordeste brasileiro e se mostram como alternativa para o conhecimento nas áreas de recursos genéticos e melhoramento genético vegetal, principalmente com o apoio das agências de fomento científico e tecnológico.

A consulta ao setor privado, especialmente sobre as preferências pelos tipos de produtos que estão dispostos a comprar, representa um marco inicial para ajudar aos melhoristas e curadores de banco de germoplasma a decidir as rotas biológicas a serem seguidas.

No nosso entender, os recursos genéticos, o melhoramento de plantas e o uso dos produtos deles decorrentes, pela sociedade, são etapas de um mesmo processo. Assim, curadores, melhoristas e usuários deverão estabelecer processos sequenciados e ajustados. Só assim, conseguiremos inserir o Nordeste brasileiro na economia globalizada.

Assim, é que vários melhoristas e curadores de bancos de germoplasmas que atuam em espécies de interesse da região Nordeste concordaram em relatar suas experiências, tendo-se conseguido a participação de 67 trabalhos envolvendo recursos genéticos e o melhoramento de plantas abrangendo mais de 50 espécies, incluídas as plantas forrageiras e medicinais.

O livro foi elaborado a partir dos trabalhos apresentados no I Simpósio sobre Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas, realizado em Petrolina, PE, de 27 de setembro a 01 de outubro de 1998.

Uma comissão editorial foi criada para edição deste livro. Fêz-se uma padronização dos textos apresentados, tendo sido os mesmos revisados por consultores "ad hoc" e as modificações feitas pelos próprios autores.

Petrolina, agosto de 1999.

Os editores