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Crescem cultivos e exportação de uva sem sementes

Delícia de futuro, o da uva sem sementes. Há pouco mais de três anos do início da sua produção em escala comercial no Vale do São Francisco, as quantidades e valores que envolvem seu negócio empolgam grandes, médios e pequenos produtores que buscam  se abrigar de forma competitiva nos mercados nacional e internacional.

Em 2002, a Associação dos Exportadores de Uva do Vale do São Francisco  estima comercializar no mercado europeu, sobretudo o inglês, cerca de 600 mil caixas de uva sem sementes. À primeira vista pode ser uma quantidade pouco expressiva se comparada com o volume de exportação das uvas com sementes: 2.800.000 caixas, em 2000. No entanto, as exportações de uva sem sementes experimentam um crescimento vertiginoso. No ano de 2001, foram vendidas para o mercado externo, 300 mil caixas. No anterior, foram apenas 50 mil.

Consumidores preferem

A variedade sem semente cultivada na quase totalidade dos parreirais é a Superior Sedless, também conhecida com Festival. Ela se sobressaiu dentre as mais de 20 variedades avaliadas em experimentos de pesquisa realizada pela Embrapa Semi-Árido e apoiadas pela iniciativa privada, por meio da Valexport, e de prefeituras municipais do Polo de Irrigação de Juazeiro-BA/Petrolina-PE., no Vale do São Francisco. Na “Festival” foram identificadas características de fruto favoráveis ao mercado: sabor agradável, polpa crocante, tamanho de baga e boa conservação pós-colheita.

Entretanto, outras cultivares estão surgindo como novas alternativas e se expandindo rapidamente, como é o caso da Crimson Seedless.  O mercado externo tem sinalizado com muita clareza a preferência dos consumidores pela uva sem  semente, afirma a pesquisadora Patrícia Coelho de Souza Leão, da Embrapa Semi-Árido. A Inglaterra, que já foi o maior importador de uva com semente do Polo, reduziu suas compras em 90%. Nesse país, uma pesquisa realizada em supermercados constatou que apenas 12% dos  consumidores dão preferência à uva sem sementes.

Cultivos crescem

 Um argumento que, se não é definitivo é determinante para explicar o boom do plantio dessas variedades sem sementes, está relacionado ao preço, explica Patrícia. Enquanto a uva Itália, com sementes, é vendida no mercado externo ao preço de U$ 3 a caixa com 4,5 kg, a Festival atinge U$ 3,5 o quilograma. Só entre os produtores vinculados ao BGMB, o crescimento da área plantada em 2002 está estimada em 50% em relação ao tamanho do pomar cultivado em 2001: 500 ha. Em todo o Vale a área plantada com uva sem sementes é de, aproximadamente, 1000 ha..

A ampliação da área cultivada não está restrita às grandes e médias empresas e propriedades exportadoras de frutas. Entre os pequenos produtores também está crescendo o plantio, principalmente da variedade Festival. No Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, em Petrolina, os produtores que cultivavam uva com sementes estão ampliando o pomar com variedades sem sementes, declara a engenheira agrônoma Marcia Edna Sá de Andrade, da Assistência Técnica do Projeto.

Novas pesquisas

As pesquisas com uvas sem sementes na região foram iniciadas em 1995 com a instalação de experimentos com cerca de 20 cultivares. Algumas delas, de importância comercial nos principais mercados compradores e de consumo: Estados Unidos e Europa. Nas primeiras avaliações das cultivares, obteve-se resultados promissores nas variedades Superior seedlees,  Crimson seedless e Catalunha. 

Um fator que ainda limita o cultivo da uva sem semente e continua a desafiar a pesquisa é a baixa produção das cultivares já identificadas com potencial para plantio comercial, afirma Patrícia.

 Enquanto a cultivar tradicional Itália (com semente) chega a atingir 50t/ha/ano, na Superior ou Festival o maior volume de colheita alcançado dificilmente ultrapassa 20 t/ha/ano. É normal que as variedades de uvas sem sementes registrem produções menores que aquelas com sementes.  Contudo,  as quantidades colhidas na região ainda são muito pequenas e têm possibilidades de serem maiores, garante a pesquisadora.

 Atualmente, na Embrapa Semi-Árido são desenvolvidas quatro ações de pesquisas que buscam adequar o sistema de produção de cultivares sem sementes. Aspectos cruciais de manejo dessas uvas estão sendo ajustados. Nos experimentos estão sendo testados porta-enxertos que apresentem maior afinidade com as principais cultivares comerciais; práticas para aumentar o tamanho de bagas, especialmente em algumas cultivares cujo diâmetro da baga é muito pequeno como é caso da Catalunha e Thompson Seedless; adequar os níveis de nitrogênio utilizados em fertirrigação; manejo de água em irrigação localizada.

Os resultados obtidos  até o momento e a experiência acumulada pelos produtores nestes poucos anos já inseriram mudanças significativas no manejo de uvas sem sementes,  especialmente no que diz respeito ao uso de porta-enxertos e manejo diferenciado da poda concentrando a produção em uma safra anual.  O aprendizado diário dos produtores  e a busca de novas alternativas  pelas  pesquisas da Embrapa tem um papel decisivo na expansão dos volumes produzidos de uvas sem sementes no Vale do São Francisco.

Maiores informações

Patrícia Coelho de Souza Leão – Pesquisadora, Embrapa Semi-Árido – tel. 87 3862 1711 r 183  Endereço eletrônico: patricia@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Lourenço Ribeiro Neto - Jornalista, Embrapa Semi-Árido – tel. 87 3862 1711 r 234
Endereço eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br

 


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