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 Pesquisadora alerta produtores de uva sobre nova doença que chegou ao Brasil

Os produtores de uva do Nordeste devem evitar o trânsito na região de qualquer material vegetal de videira oriundo do Paraná. Neste estado foi detectado recentemente uma nova doença na cultura, conhecida como "ferrugem da videira", e que ainda não havia sido registrada no Brasil. A pesquisadora Daniela Biaggioni Lopes, da Embrapa Semi-Árido, ressalta que técnicos e produtores devem empreender todo esforço para evitar que a essa doença venha se instalar nos parreirais nordestinos.
O Serviço de Vigilância Fitossanitária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) já solicitou a Daniela Lopes a verificação nos parreirais da região da presença ou não dessa praga. A ferrugem da videira é causada pelo fungo Phakopsora euvitis que tem um potencial de disseminação muito grande. Levado pelo vento, o fungo é capaz de se dispersar por longas distâncias.
Registros preliminares
Manchas amareladas nas folhas maduras, de forma e tamanhos variáveis, são as primeiros manifestações do fungo na cultura. Com a intensificação do ataque do fungo as folhas marelecem e secam. Um ataque severo da doença pode causa desfolha precoce, prejudicando a produção de frutos e reduzindo o vigor das plantas para as safras seguintes. Segundo Daniela, a doença foi observada no Paraná com maior intensidade nos meses de janeiro a abril, quando as condições ambientais são de alta umidade relativa e temperatura elevada.
No município de Maringá, onde foi anotada maior infestação da doença, a ferrugem foi constatada inicialmente em parreiral comercial da cultivar Itália. Registros preliminares de pesquisadores e técnicos mostram que variedades americanas, como Niágara e Isabel, e diversos porta-enxertos são mais suscetíveis do que as variedades de uva européia.
Até há pouco, a ferrugem só havia sido constatada na Ásia e na América do Norte. Não representava qualquer perigo para a agricultura brasileira. Agora, porém, o MAPA mudou sua classificação de A1 para A2, que significa que a praga já está presente no país, embora com distribuição limitada. No caso dessa doença, os registros de sua ocorrência estão circunscrito a alguns municípios do norte do Paraná. A mudança de classe quer dizer também que as autoridades brasileiras consideram que a praga possui um alto risco potencial de causar danos econômicos e que sua disseminação no país deve ser contida.
Para Daniela, uma questão que faz aumentar a gravidade da ferrugem é que não há produtos capazes de controlar a disseminação da doença. Os fungicidas a base de cobre, normalmente utilizados para controle de outras doenças, têm apresentado resultados insatisfatórios. Outros produtos estão sendo testados, mas ainda não foram avaliados sua eficiência em bases científicas. O que deve ser feito agora, no entanto, é evitar por completo o trânsito de material de videiras vindo das áreas infectadas. A desobediência a essa orientação em áreas como as do Polo de Irrigação de Juazeiro/Petrolina, pode ter como consequência a perda em níveis elevados de competitividade e produtividade. Dos pomares do Polo são colhidos cerca de 90% das uvas exportadas pelo Brasil.
Daniela solicita que qualquer material suspeito deve ser encaminhado imediatamente para o Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Semi-Árido (C.P. 23, CEP 56.300-970, Petrolina-PE).

Fotos: Dauri Tessmann, UEM.

Maiores informações:
Daniela Biaggioni Lopes - Pesquisadora, Embrapa Semi-Árido - tel. 87 3862 1711
Endereço eletrônico: daniela@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Ribeiro - Jornalista, Embrapa Semi-Árido - tel. 87 3862 1711
Endereço eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br

 

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