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 Embrapa lança variedade de guandu produtiva e tolerante à seca

A nova variedade tem qualidades nutricionais para melhorar alimentação da população rural nordestina

As condições de plantio foram as mesmas que determinam as frustrações de safras e tornam de alto risco o cultivo de grãos nas áreas secas do Nordeste: solo ruim e chuva pouca e irregular. Ainda assim, uma nova variedade de guandu, de nome Petrolina, chegou à sua fase de colheita com uma carga de vagens que entusiasmados pesquisadores da Embrapa Semi-Árido estimam vir a produzir 400 kg de grãos/ha. Este desempenho coroa seis anos de pesquisa da instituição e é o resultado que eles buscavam para passarem a recomendar o seu plantio entre os agricultores familiares da região.

A recomendação é uma espécie de carimbo de aprovo dos pesquisadores para o Guandu Petrolina. Um dos pesquisadores, Carlos Antônio Fernandes Santos, destaca que esse guandu leva para a agricultura do semi-árido uma cultura estratégica, capaz de produzir grãos com 21% de proteína e elevado conteúdo de pró-vitamina A em condições de estresse hídrico no qual a maioria das culturas não sobrevive ou não produz. Essa vitamina, essencial para a visão, é bastante deficiente na dieta alimentar das populações do Nordeste.

Na propriedade de dona Edite Cardoso Costa, onde a Embrapa Semi-Árido montou uma Unidade de Observação de 0,5 ha, o Guandu Petrolina resistiu mais de 52 dias sem chuva e foi daí que ela colheu quase que exclusivamente os grãos que guarda na “dispensa” da sua casa. D. Edite estabeleceu uma relação apaixonada com o Petrolina já na primeira colheita: “quero um bem a essa ‘bagem’!” diz ela enternecida a caminho da roça.

Precoce

O plantio na propriedade de dona Edite fez parte da última fase de testes com o Guandu Petrolina realizados pelos pesquisadores Carlos Antônio, Francisco Pinheiro de Araújo, Eduardo Assis Menezes e Josias Cavalcanti. Desde fins da década 80 ele vem sendo avaliado no Campo Experimental da Caatinga, da Embrapa Semi-Árido. O Petrolina foi obtido a partir de uma variedade, UW-10, que tinha muitas características misturadas. Após três ciclos de testes com o emprego do método de melhoramento vegetal conhecido como seleção massal, obteve-se o material atual de cor branca, precocidade e menor suscetibilidade ao caruncho – um inseto que ataca grãos. O UW-10 foi enviado na Embrapa Semi-Árido para estudos pela Organização da Nações Unidas para a Alimentação –FAO.

Há seis anos o Petrolina passou a ser caracterizado e avaliado agronomicamente. Nesse tempo, o desempenho registrado empolgou a pesquisa: produtividade média de 555 kh/ha, chegando a atingir 910 kg/ha em ano de chuvas abundantes; e maturação dos grãos, em média, aos 103 dias após a semeadura. Estes resultados, por si, são muito bons para qualquer cultivo de grãos no semi-árido, garante Francisco Pinheiro. Eles se tornam mais relevantes, porém, porque foram obtidos em solos de baixa fertilidade: pH em torno de 5, teor de fósforo inferior a 2 ppm quando a maioria das culturas de sequeiro requerem valores superiores a 10 ppm; e percentual de matéria orgânica inferior a 1%. Outra observação importante anotada pelos pesquisadores é que as produções de grãos e matéria seca ocorreram com totais de chuvas inferiores a 150 mm após a semeadura das sementes. Uma planta que produz nessas condições tem bastante potencialidade e deve fazer parte do sistema de produção da agricultura familiar, afirma Pinheiro.

Gostoso

No Nordeste, o guandu é tradicionalmente cultivado em áreas de altitude da Bahia, Pernambuco e Ceará, onde as chuvas são melhores distribuídas e em maiores quantidades. O material genético utilizado no entanto, é pouco tolerante à seca, tem ciclo longo e porte semi-arbóreo, e foram introduzidos no país à época do período colonial.

O Guandu Petrolina tem características diferentes do tipo tradicional cultivado no Nordeste. Ele cresce no máximo 60 cm e tem vagens no final dos ramos que, para dona Edite torna mais fácil a colheita manual. A vagem, com 6.2 cm, é maior que o de outros materiais cultivados pelos agricultores nordestinos.

Os pesquisadores da Embrapa consideram que o grão do Guandu Petrolina ainda é pequeno: 100 deles pesam 10,9 g. O veredito de dona Edite, no entanto, passa ao larga dessa questão. Para ela, os grãos são “rendedor que só, bota um pouco para cozinhar e panela enche”. Além do mais, “o gosto é muito bom” e o tempo de cozimento é o mesmo do feijão. A prática de descartar a água do primeiro cozimento para eliminação do amargo presente na casca não é tão necessária com o Petrolina, devido à cor branca do grão que por sua vez está associado a menor teor de tanino.

Familiar

O Guandu Petrolina é uma boa opção para a produção de grãos em sistemas agrícolas de base familiar no semi-árido brasileiro, assegura Carlos Antonio. Alternativas tecnológicas sustentáveis, como o Petrolina, são necessárias para elevar a eficiência produtiva das propriedades e aumentar a oferta de alimentos para uma população que apresenta um dos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos do Brasil.

Para dona Edite, o Guandu Petrolina é bom “para mudar as comidas, não ficar só no feijão”. Para os pesquisadores ele se presta ao uso combinado com outros grãos, forrageiras, criação de animais e aproveitamento de espécies nativas. É uma cultura versátil para ajudar a garantir melhores condições de vida aos produtores e suas famílias.

Os interessados em adquirir sementes do Guandu Petrolina, devem adotar qualquer dos seguintes procedimentos:

As opções são adquirir:

I. O kilograma da semente que custa R$ 5,00;
II. O kit contendo 200g da semente, mais uma publicação com as informações técnicas sobre a nova variedade. Custo: R$ 3,00.

A forma de pagamento é por Reembolso Postal. O Interessado entra em contato com a Área de Negócios Tecnológicos - ANT - da Embrapa Semi-Árido por meio de telefone, fax ou correio eletrônico. No contato deve informar: nome, endereço, quantidade a ser adquirida, CPF (para emissão de nota fiscal) e telefone para contato. Desta forma, o interessado só pagará a encomenda quando a receber no correio da sua cidade.

A Embrapa dará prioridade às compras do kit de semente. A aquisição de sementes, em maiores quantidades, será facultada apenas a associações de produtores.

Mais informações:
Área de Negócios Tecnológicos -  Embrapa Semi-Árido, tel. 87 3862 1711
Endereço eletrônico: ant@cpatsa.embrapa.br


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