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 "CABRITO VERDE" E O "CABRITO ORGÂNICO", OPÇÕES PARA O SEMI-ÁRIDO

A Embrapa Semi-Árido, localizada em Petrolina, PE, está implementando as ações iniciais do projeto Cabrito Ecológico: Validação de um Sistema de Produção e Avaliação da Aceitabilidade pelo Mercado, tendo as micro-regiões de Petrolina e Juazeiro, BA, como espaços iniciais das suas ações. O projeto, com apoio financeiro do Banco do Nordeste, envolve a participação da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola), do IRPAA (Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada) e do SENAI-CERTA (Centro Regional de Tecnologia de Alimentos). Segundo Clovis Guimarães Filho, coordenador do projeto, as ações incluem a implantação em escala operacional de um modelo físico do sistema de produção, a condução de estudos complementares sobre componentes tecnológicos do sistema, o estudo de custos e de qualidade do produto (componentes da carcaça e análise sensoriais da carne) e a montagem de uma "cadeia produtiva-piloto", para validação do sistema de produção ao nível do produtor (implantação de unidades de validação) e para avaliação do produto certificado ao nível de segmento consumidor. O objetivo é desenvolver inicialmente um cabrito tipo carne, o "cabrito verde", com forte identidade territorial e cultural com os sertões baiano e pernambucano do São Francisco, criado com baixo nível de uso de agroquímicos e em harmonia com a caatinga, em uma estratégia análoga ao que está sendo conduzida pelo pessoal da cadeia produtiva do bovino de corte, com o seu "boi verde". As qualidades mercadológicas incluem o sabor característico ("sabor de caatinga"), maciez, suculência, menos gordura de cobertura e intramuscular, teores mais baixos de colesterol e de calorias. O produto será ofertado ao mercado em cortes especiais e com certificação de origem. Na etapa seguinte, ou mesmo simultaneamente, chegar-se-á ao cabrito orgânico, com a eliminação completa dos produtos e práticas não permitidas e a obtenção do selo de certificação. A atual caprinocultura extensiva praticada no nosso semi-árido, ao contrário do que muitos pensam, pela sua ação espoliativa sobre a caatinga e pelo uso, já generalizado, de vermífugos, piolhicidas, "mata-bicheiras" e outros alopáticos, estaria impedida de receber o selo de orgânica. Segundo Guimarães Filho, apesar do mercado atual ser francamente favorável ao ovino, é no caprino que residem as maiores possibilidades de a região semi-árida, no futuro, competir com um produto realmente diferenciado, inimitável por outras regiões ou países. Com base em estudo anteriores, do ponto de vista tecnológico, o sistema de produção do "cabrito verde" já está praticamente equacionado. Para o "cabrito orgânico", faltam apenas alguns ajustes, com destaque para o controle de verminoses. A combinação de homeopatia, fitoterapia e descanso de pastos é a estratégia prevista para resolver o problema. Genótipos nativos deverão estar significativamente presentes no tipo racial a ser produzido. Do ponto de vista de alimentação, privilegiar-se-á a combinação da caatinga (para dar o sabor característico ao produto) com forrageiras tolerantes a seca. As principais alternativas são o capim buffel, a palma-forrageira, a melancia-forrageira, a algaroba, a maniçoba, a leucena, o guandu, etc., estas três últimas a serem utilizadas nas formas de feno e/ou silagem. Concentrados protéicos, oriundos de espécies típicas do semi-árido, obtidos industrialmente sem a utilização de solventes químicos, complementarão a dieta dos animais. Do ponto de vista econômico, o sistema necessita de ajustes gerenciais e de validação dos processos de abate, processamento, apresentação e comercialização. Previstas no projeto, essas ações deverão ter o apoio e a participação efetiva de abatedouros-frigoríficos, de associações de produtores (já estão sendo envolvidas a associação de caprino-ovinocultores de Santa Maria da Boa Vista, PE, vinculada ao projeto DLIS-Sebrae, e a Coopervida, que congrega produtores orgânicos da região de Juazeiro, BA), além de supermercados e de restaurantes especializados. Os primeiros cabritos ecológicos deverão estar sendo abatidos até o final do ano.

Clovis Guimarães Filho
EMBRAPA SEMI-ÁRIDO, cx.postal 23, CEP 56 300-000 Petrolina, PE
Fone: (87) 3862 1221
E-Mail: clovisg@cpatsa.embrapa.br


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