Seminário debate
experiência bem sucedidas de convivência com o semi-árido
O
Ceará tem uma vez
e meia mais água que o Rio de Janeiro e uma vez mais que São Paulo.
O Piauí tem quatro vezes mais água que São Paulo. Pernambuco, que é o
estado brasileiro com menor quantidade de água por pessoa, está além
do índice que a Organização das Nações Unidas (ONU) aponta como sintoma
de escassez para a população. Falta de água, portanto, não é o problema
maior do semi-árido nordestino. O problema é de gestão dos recursos
hídricos da região, afirma Roberto Malvezzi, da Comissão Pastoral
da Terra (CPT). Ele fez a palestra de abertura do seminário "Desenvolvimento
Sustentável e Solidário do Bioma Caatinga" que acontece na cidade
de Petrolina (PE) até o dia 21 de novembro.
O
evento é organizado
pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e pretende estabelecer
um diálogo entre o governo e a sociedade civil na busca de alternativas
agrícolas e ambientais sustentáveis para uma região que precisa afirmar
a lógica da convivência com a seca em contraposição à da "indústria
da seca", explica Malvezzi. Segundo ele, o movimento social
tem experiências bem sucedidas e adequadas à realidade da população
do semi-árido. No município de Campo Alegre de Lourdes (BA), cerca
de 75% das residências rurais já contam com água rurais graças ao
trabalho de construção de cisternas promovido pelo Sindicato de Trabalhadores
Rurais e a CPT. Neste município, ainda, agricultores chegaram a colher
cerca de 257 litros de mel só com a mudança das práticas extrativistas.
Uso
sustentável -
O evento está reunindo cerca de 150 técnicos de instituições públicas
e de organizações não governamentais que trabalham dentro do ecossistema
caatinga. O objetivo é discutir a utilização sustentável do bioma
caatinga. Para a pesquisadora Lucia Helena Piedade Kiill, da Embrapa
Semi-Árido, há vários ações sendo realizadas na região envolvendo
muitas entidades do movimento social que se encontram, de certa forma,
dispersas e que precisam ser melhor articuladas e discutidas para
que se possa potencializar sua viabilidade no âmbito de soluções
para o semi-árido nordestino.
Os
debates e discussões
devem produzir um documento que reunirá as iniciativas voltadas para
o Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Caatinga que já estão
implantadas, as que se encontram em fase de implantação e as que
serão propostas para serem implantadas. A identificação dessas iniciativas
servirá de subsídios para formular diretrizes que irão nortear as
ações de políticas públicas, com foco na segurança alimentar e qualidade
de vida, com a conservação dos recursos naturais e utilização racional
dos recursos naturais.
Mais
informações:
Lúcia Helena Piedade
Kiill - pesquisadora, Embrapa Semi-Árido - tel. 87 3861
4442
Marcelino
Ribeiro - jornalista, Embrapa Semi-Árido - tel. 3861 4442
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