Itália
vai financiar projetos de combate à pobreza no semi-árido
O
governo central e as administrações das regiões do Piemonte e Toscana, na Itália,
estão desti-nando cerca de 600 mil dólares para aplicar em projetos de combate à pobreza
em municípios dos estados da Bahia e Piauí. Os recursos irão financiar a implantação
de tecnologias de captação de água de chuva, em especial as cisternas rurais,
que ampliem a segurança na produção de ali-mentos pelas famílias nas áreas secas.
Não temos interesse apenas na instalação da tecnologia, mas, também, na capacitação
dos agricultores para a convivência com o semi-árido e a geração de renda, diz
Mônica Rispo, funcionária da região do Piemonte.
A cooperação italiana é um reforço importante ao empenho do governo brasileiro
em executar políticas públicas sustentáveis de inclusão social dos agricultores
familiares do semi-árido, explica Luis Anselmo Pereira de Souza, da Secretaria
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento
Social. Na sua opinião, essa cooperação tem aspectos muitos posi-tivos para o
Programa Fome Zero, como o de reforçar o capital social das comunidades rurais
e a estruturação dos projetos de maneira que possam ser ajustados a outras áreas
secas da região. O Governo da Bahia, que possui vínculos protocolares com o Piemonte,
participará dos projetos por meio da sua Secretaria de Combate à Fome e às
Desigualdades Sociais.
Desperdício – Os técnicos do governo da Itália e das administrações do Piemonte
e Toscana, em companhia de representantes dos escritórios da Organização das
Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – FAO – em Roma e Brasília estão
visitando municípios do nordeste da Bahia (Casa Nova, Remanso e Campo Alegre
de Lurdes) e sul do Piauí (Dirceu Arcoverde e Dom Inocêncio), onde o projeto
deverá ser implantado. Segundo Luis Anselmo, a comitiva irá conhecer os progra-mas
de construção de cisternas instituídos pela Diocese de Juazeiro e organizações
não governa-mentais como o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA – Serviço
de As-sessoria às Organizações Populares Rurais – SASOP.
Segundo o pesquisador Everaldo Rocha Porto, da Embrapa Semi-Árido, as áreas secas
do Nordeste tem nas águas de chuva um grande potencial hídrico, e que não tem
tido a necessária atenção nas políticas de desenvolvimento para a região. As
perdas por ano dessas águas são estimadas em 36 bilhões de m3, por falta de uma
ação pública mais eficaz de transformar esse recurso hídrico num insumo para
a produção agropecuária e evitar o desperdício. Everaldo revela que com técni-cas
simples de manejo do solo para coletar a água de uma chuva de 50 mm, por exemplo,
o produtor pode vir a armazenar uma quantidade de água correspondente a 30 carros
pipa. Por ano, em media, uma família nas áreas secas precisa de 2 carros pipa/ano
para abastecer-se.
Embrapa e FAO – Na próxima sexta feira (30/04), a comitiva italiana se reúne
com técnicos da Embrapa Semi-Árido e da FAO para discutirem a forma de operação
do projeto que irá implantar tecnologias de captação de água de chuva na Bahia
e Piauí. Metade dos recursos a serem aplica-dos pelas instituições italianas
serão destinadas à implantação de cisternas rurais que acumula água para o consumo
humano. A outra metade irá financiar a realização de treinamentos, Assis-tência
técnica além de outros investimentos produtivos.
Mais informações:
Marcelino Ribeiro – Jornalista, Embrapa Semi-Árido – tel. 87 3862 1711
Endereço eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br
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