Pesquisa da Embrapa Semi-Árido avalia novas variedades
de palma
Após
quatro anos de avaliações em campos experimentais
da Embrapa Semi-Árido, o pesquisador Severino Gonzaga de
Albuquerque está levando para estudos em propriedades de
agricultores duas novas variedades de palma. Ele irá acompanhar
o desempenho produtivo dessas variedades nas condições
dos sistemas de criação pecuária que funcionam
na região seca do Nordeste. A palma é uma forrageira
muito resistente à escassez de á gua característica
da região, e ampliar as alternativas de cultivo dessa espécie,
com novas qualidades produtivas, contribui para estabilizar a oferta
de alimentos para os rebanhos, afirma.
Em todo
o semi-árido nordestino há cerca de 600 mil hectares
plantados com, praticamente, apenas uma variedade de palma: a Gigante.
Não é uma boa situação produtiva, explica
Severino Gonzaga. Essa forrageira tem uma grande diversidade de variedades.
No México, onde a palma é nativa, são mais de
100 já identificadas. No estado do Texas, nos Estados Unidos,
há uma quantidade similar. Algumas dessas variedades estão
armazenadas no Banco de Germoplasma de Palma da Embrapa Semi-Árido,
inclusive as duas que o pesquisador está adaptando o cultivo
para a pecuária regional.
Novas
qualidades – A palma Gigante não está esgotada
como alternativa forrageira para os sistemas de criação
pecuária do Semi-árido, garante Severino Gonzaga.
Esta variedade, introduzida no país ainda no século
XVIII, conseguiu boa adaptação ao clima da região.
A produtividade média chega a 3,5 toneladas de matéria
seca por hectare por ano (t MS/ha/ano). Mas, além disso,
consegue ser a única forrageira sobrevivente nas mais severas
e piores secas que se abatem sobre a região.
As pesquisas
conduzidas por Severino Gonzaga avaliam novas qualidades para a palma.
O aspecto da produtividade é apenas um dentre outros observados
nos testes experimentais. A produtivida-de é um quesito importante
a ser considerado no desempenho de uma planta forrageira, ainda mais
nas condições extremas do semi-árido nordestino,
explica o pesquisador. No entanto, as variedades em fase de observação
nas propriedades agrícolas apresentaram características
que favorecem o seu manejo em sistemas produtivos de consórcio,
que estão presentes na grande maioria das propriedades familiares
do Semi-árido nordestino.
Crescimento
vertical - Severino destaca que as duas variedades apresentam
um bom potencial produtivo entre 7,6 e 8,7 t MS/ha/ano. Algumas
submetidas à mesma avaliação alcançaram
entre 9 e 10 t MS/ha/ano. Contudo, ambas apresentam crescimento
vertical o que favorece o manejo do palmal, como as práticas
de capinas que influenciam na produção da planta.
As raquetes – espécie de folhas da palma – das variedades
estudadas são alongadas e se desenvolvem muito pra cima,
explica o pesquisador. Dessa forma, sem esgalhar muito para as
laterais, o palmal fica com espaço para que os agricultores
cultivem entre as linhas do plantio, outras culturas típicas
da agricultura familiar, como feijão, milho, melancia e
sorgo. Esta é uma característica interessante para
os sistemas de produção dos agricultores familiares
que buscam a diversificação dos seus produtos, revela
Severino.
Armazenar
ao vivo - As raquetes alongadas ainda agregam outras vantagens
para a agricultura familiar: elas favorecem o transporte do campo
para os locais de consumo dos animais e tornam mais fáceis
o trabalho de passá-las em máquina forrageira. Esse
conjunto de qualidades forra-geiras dão às duas variedades
boas perspectivas de adoção nos sistemas de criação
de agricultores familiares no semi-árido, acredita Severino
Gonzaga.
A palma é uma
forrageira diferente de todas as outras. A começar pela grande
quantidade de água que concentra nos seus tecidos – cerca
de 90%. Apenas 10% da sua composição é constituída
por matéria seca. Essa estrutura, inclusive, estimula polêmica
entre os especialistas acerca de sua característica como material
forrageiro. Há quem a considere um “concentrado aquoso”. Severino,
no entanto, prefere apontá-la como um alimento volumoso, pelo
seu baixo teor de proteína.
O que
torna a planta essencial na pecuária nordestina é o
fato de tratar-se do único volumoso que pode ser armazenada
ao vivo, plantada no campo, sem que venha a sofrer processos de amadurecimento
e iniciar a perda de seu valor nutritivo, explica o pesquisador.
Pode deixar a palma sem cortar que ela não perde qualidade
como acontece com as gramíneas, por exemplo. Ela fica no campo,
viva, com sua qualidade forrageira intacta, revela.
As pesquisas
para identificar novas variedades de palma têm o objetivo de
diversificar as alternativas tecnológicas para os pecuaristas
do Semi-árido nordestino. Essa planta é um dos mais
importantes recursos forrageiros da região seca. Nas estiagens
de 1993 e de 1998-1999, que foram muito intensas, as propriedades
que mais sofreram foram aquelas que não dispunham da palma
como reserva forrageira, explica o pesquisador.
Mais
informações:
Severino Gonzaga de Albuquerque - pesquisador.
Endereço eletrônico: sgdea@cpatsa.embrapa.br
Marcelino
Ribeiro - jornalista.
Endereço eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br
Embrapa Semi-Árido Tel: 87 3862 1711
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