Embrapa
está próxima de lançar variedade de cebola doce
Pesquisadores da
Embrapa Semi-Árido
estão a um passo de lançar no mercado de hortaliças uma variedade de
cebola que não provoca choro involuntário quando descascada, não deixa
o característico hálito quando ingerida e que pode ser comida como fruta
in natura por ter um sabor quase doce. Os pesquisadores, utilizando método
de melhoramento genético chamado de seleção recorrente, estão iniciando
o terceiro ciclo de avaliação para a cebola com baixo teor de pungência
- nome que expressa o sabor picante dessa hortaliça. Os resultados são
muitos promissores, revela o pesquisador Carlos Antonio Fernandes Santos,
da Embrapa Semi-Árido.
O sabor picante das cebolas está relacionado indiretamente à presença do ácido
chamado pirúvico. Quando cortada, mastigada ou macerada a cebola sofre reações
químicas que fazem ressaltar a presença desse ácido no bulbo. Quanto maior a
sua quantidade mais acentuada poderá ser a pungência. A pesquisa da Embrapa Semi-Árido
está identificando bulbos com baixa incidência do ácido pirúvico. Da variedade
Alfa Tropical, também desenvolvida por pesquisadores da instituição, já se tem
selecionado bulbos com teores dessa substância abaixo de 3 micromol por mililitro.
Uma cebola com essa característica pode ser classificada como super doce, explica
Carlos Antonio.
Um ano - O pesquisador estima que até o final desse ano ou, no máximo, início
do próximo, já se terá um material para ser posto para cultivo em áreas piloto.
Para ele, é um prazo razoável e estratégico para os negócios do setor: com a
cebola doce o Brasil pode almejar conquistar novas oportunidades de exportação
e aumentar o consumo nacional da cebola. O mercado internacional de cebola é amplamente
dominado por variedades doces. Além disso, a cebola pesquisada na Embrapa Semi-Árido é totalmente
adaptada às condições ambientais do Nordeste brasileiro. Questões técnicas relacionadas
ao ajuste do método de pesquisa e a definição de procedimentos rotineiros de
quantificação do ácido pirúvico nos bulbos já foram equacionado pelos pesquisadores
do Laboratório de Fisiologia Pós-Colheita da Embrapa Semi-Árido, Joston Simão
Assis e Maria Aparecida Coelho Lima, o que deve acelerar a identificação da
nova cultivar de cebola doce
As sementes de cebola doce disponíveis no mercado brasileiro atualmente são importadas
dos Estados Unidos. O desenvolvimento de uma variedade brasileira traz vantagens
significativas para os negócios agrícolas do setor. Carlos Antonio elenca alguns
deles: o país economizará divisas ao deixar de importar, a produção de sementes
pode ocorrer em âmbito local o que estimula a geração de renda e de oportunidades
de emprego, e reduz os riscos de infestação de pragas já que o material importado é bem
susceptível. Outra vantagem poderá ser o aumento do consumo nacional, devido
ao apelo terapêutico da cebola, quer poderá estabilizar os preços para os produtores.
Outra grande vantagem da cebola doce apontada pelo pesquisador está nas suas
propriedades terapêuticas. Ela contém substâncias que impedem a formação de plaquetas
no sangue e reduzem os riscos de entupimentos das veias do coração e doenças
cardiovasculares. Alguns estudos também relacionam a redução de colo retal ao
consumo de cebola, em especial crua: a passagem da cebola pelo processo de cozimento
ocasiona a perda dessas substâncias e do sabor. Portanto, uma cebola de sabor
doces com essas propriedades medicinais tem um apelo muito forte para a comercialização
dessa olerícola que já domina o mercado internacional e deve crescer sua participação
no mercado interno, afirma Carlos Antonio.
Mais informações:
Carlos Antonio Fernandes Santos – Pesquisador
Endereço eletrônico: casantos@cpatsa.embrapa.br
Marcelino Ribeiro - Jornalista,
Endereço eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br
Embrapa Semi-Árido – tel. 87 3862 1711
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