Página Inicial
A Unidade
Notícias
Pesquisas
Serviços
Licitações
Sistemas de Produção
Área Restrita
Buscar

Banco de Notícias da Embrapa Semi-Árido

Barragem subterrânea: tecnologia de baixo custo permite até cultivo de frutas

A barragem subterrânea é uma tecnologia alternativa de captação de água de chuva. Segundo Antônio Pedro Matias Honório, técnico da Embrapa Semi-Árido, ela é de construção fácil e de baixo custo, capaz de, numa área de captação entre 5 e 10 hectares, fazer escorrer em torno de 10 a 20 milhões de litros de água durante o período chuvoso da região semi-árida, podendo acumular em 2 ha um volume aproximado de 2 milhões de litros. É um volume que permite ao produtor cultivar com sucesso os plantios tradicionais de grãos (milho e feijão) mas, também, produzir frutas como manga, goiaba, acerola, limão etc em plena área de caatinga e sem irrigação convencional.

Para Matias, a barragem subterrânea é construída para acumular água no próprio solo. Ele explica que a água de chuva escorre na superfície e também por dentro do solo e numa quantidade expressiva, como se fosse verdadeiro rio. O barramento faz armazenar a água da chuva e vai permitir que ela não evapore com tanta rapidez e mantenha a terra úmida por longo tempo, até quase o fim do período seco no semi-árido (setembro-dezembro).

Muitos carros-pipa

Segundo o técnico da Embrapa Semi-Árido, o desperdício de água é um dos grandes problemas das áreas secas no Nordeste. Nelas, ao contrário do que se acredita, as precipitações anuais médias (400 mm), embora irregulares e mal distribuídas, totalizam 700 bilhões de m3 por ano. E, por falta de uso de tecnologias alternativas, como a barragem subterrânea, a região Nordeste do Brasil chega a perder no ano por escoamento superficial e evapotranspiração o equivalente a uma Barragem de Sobradinho – 34 bilhões de m3.

Com uma área de captação de água de chuva entre 5 e 10 hectares, o agricultor poderá ter uma área de 2 hectares para cultivo – que é onde efetivamente a água vai ficar acumulada. Aí, explica o técnico da Embrapa, estarão represados cerca de 1500 m3 a 2000 m3 de água que pode ser utilizada para práticas agrícolas e abastecimento das necessidades de consumo humano – com a construção de poços amazonas e cacimbas à montante da barragem. 2000 m3 de água eqüivalem a 350 carros-pipa de 6 toneladas, que custariam cerca de R$ 21 mil – no período de estiagem, um carro-pipa poderá chegar a custar cerca de 60 reais.

Matias alerta que a eficiência desse tipo de barragem obedece a alguns requisitos técnicos. Em primeiro lugar, é preciso escolher sua localização com bastante critério. Não é necessário que sua instalação seja em leito de rio ou riacho. É imprescindível, porém, que esteja situada em ponto estratégico do terreno onde escorre o maior volume de água no momento da chuva. Ele explica que a área de captação não precisa ser, necessariamente, junto à parede da barragem; ela pode estar a mais de 1 quilômetro, afirma.

Neste local, explica o técnico da Embrapa, escava-se uma vala perpendicular ao sentido da descida das águas, em um profundidade até a camada impermeável, isto é, a camada endurecida do solo conhecida, em algumas regiões, como "massapê" ou "cabeça de carneiro". Dentro da vala, estende-se um plástico com espessura de 200 micra por toda a extensão da parede, que, em geral, varia de 80 a 100 metros de comprimento. Após o plástico estendido, a vala volta a ser fechada com a terra. Matias ressalta que nesta "parede" deve ser feito um sangradouro com 50-70 centímetros de altura. O plástico é que vai fazer a água ficar acumulada à montante da barragem.

O mais importante é que a barragem subterrânea é uma tecnologia alternativa que tem um dos custos mais baratos. Dependendo do tipo de solo, pode variar o valor da construção entre 500 e 1.500 reais. É um custo muito baixo para uma obra permanente, segundo Matias.

Experiências deste tipo de tecnologia – barragem subterrânea – podem ser encontradas em nível de produtor no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Bahia, construídas, em sua maioria, até pouco tempo, com apoio governamental e de algumas organizações não governamentais

Fome Zero
VI Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
Embrapa no Fome Zero