Página Inicial
A Unidade
Notícias
Pesquisas
Serviços
Licitações
Sistemas de Produção
Área Restrita
Buscar

Banco de Notícias da Embrapa Semi-Árido

Cadeia produtiva de caprinos e ovinos vai ser estudada

A Embrapa Semi-Árido vai coordenar um inédito estudo de cadeia produtiva de caprinos e ovinos em três áreas distintas da Região Nordeste – . Cerca de 28 instituições públicas, não-governamentais e privadas vão participar desse trabalho que, inicialmente, envolverá doze municípios do norte da Bahia e oito do oeste de Pernambuco. Aí são criados cerca de 1.300.000 caprinos e 805.000 ovinos – 21,6% e 12% do rebanho nordestino, respectivamente. Para o pesquisador Rebert Correia, da Embrapa Semi-Árido, a atividade pecuária com esses animais vem crescendo muito e está se consolidando como alternativa econômica para as áreas não irrigáveis da região.

Segundo Rebert, a pesquisa, até agora. tem concentrado suas ações na melhoria dos sistemas de criação. E, também, as informações disponíveis estão dispersas entre as instituições que trabalham com esse tipo de pecuária. Em geral, afirma o pesquisador,

estudos mais abrangentes, envolvendo mercado, agregação de valor a produtos derivados de caprinos e ovinos, fatores de competitividade nos circuitos nacional e internacional de comercialização, são poucos nesse segmento agropecuário. É esta lacuna que, diz ele, o estudo de cadeia produtiva vai procurar preencher. Na área onde vai ser realizado o estudo, os negócios em torno da caprino-ovinocultura movimentam recursos superiores a 25 milhões de reais/ano. Só com o consumo de carne em frigoríficos e restaurantes do tipo "bode assado" comercializam-se cerca de R$ 8.500.000 por ano- conforme estudo recente da Embrapa Semi-Árido nas cidades de Petrolina e Juazeiro.

Todo o Nordeste

Outro pesquisador da Embrapa Semi-Árido, José Nilton Moreira, assegura que a caprino-ovinocultura cresceu muito nos últimos dez anos. Antes, diz ele, quando se falava nesses animais a imagem que se tinha era da rusticidade que os adaptava bem ao ambiente das caatingas do Nordeste. Hoje, a situação é outra. Esse animais são a base de negócios que se expandem não apenas por todo o Nordeste mas, também, pelo Brasil. Segundo o veterinário, a qualidade da sua carne – menos colesterol – e do leite – rico em vitaminas e fósforo – são alguns dos fatores que estão incrementando o consumo e os negócios com os caprinos e ovinos.

O potencial econômico da pecuária caprina e ovina já é percebido por instituições de fomento como o Banco do Nordeste (BN) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Este último, em 2000, abriu uma linha de crédito no valor de 70 milhões de reais para incentivo a essa atividade. O BN, por sua vez, em 1999, investiu 11 milhões de reais no setor, em Pernambuco. Além disso, num projeto de desenvolvimento rural – Moxotó-Pajeú - que envolve quinze municípios pernambucanos e cinco baianos, o banco financiou outros 10 milhões. Dos 6,2 milhões de caprinos que formam o rebanho nordestino, 4,3 (68,8 %) são criados em propriedades com área inferior a 100 hectares. Dos animais ovinos - 4,4 milhões - são 65,9% criados em propriedades com até aquela dimensão.

A intensidade dos interesses comerciais em torno da caprino-ovinocultura faz o pesquisador José Nilton falar em "boom" nesse mercado pecuário. No estado do Ceará, afirma ele, a demanda tem sido muito forte que parte do mercado dessa carne estão sendo abastecidos por criadores do Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai, apesar, ressalta José Nilton, da qualidade inferior – representada por um teor de superior de gordura.

Segundo José Nilton, o setor está em processo de transição. Ele explica que as formas extensivas de criação, que usa pouca tecnologia e capital, estão evoluindo e empregando modelos de gestão mais empresariais. A pesquisa tem ofertado inovações tecnológicas que, adotadas, permitem que animais sejam abatidos já com 4-6 meses de idade e peso vivo de 26-30 kg. Com este desempenho, a atividade ganha maior liquidez. No sistema tradicional, esse peso, considerado ideal para o abate, só é obtido, em média, após 15 meses de idade.

Instituições entusiasmadas

Estudo recente da Embrapa Semi-Árido, em 107 municípios situados nas áreas secas do Nordeste, constatou que cresce a renda dos produtores à medida que se eleva a participação da atividade pecuária na unidade produtiva. E, segundo José Nilton, da Embrapa Semi-Árido, a criação de caprinos e ovinos tem muitas vantagens em relação à de bovinos. Uma delas é que, por serem animais de pequeno porte, são criados em maior número que os bois numa mesma área: no semi-árido, em um hectare de caatinga se cria um ovino ou caprino, enquanto para um boi são necessários em média de 10 a 15 hectares. Outra vantagem que ele aponta é o preço da carne obtida pelo produtor: 1 kg do bovino custa, em média, R$ 0,90 – R$ 1,00; o de caprino e ovino salta para R$ 1,50 – R$ 1,80.

Para José Nilton, que vai coordenar junto com Rebert o estudo da cadeia produtiva, a quantidade de instituições envolvidas nesse trabalho é revelador da importância que está se transformando a caprino-ovinocultura para o desenvolvimento das áreas rurais do Nordeste. Segundo o pesquisador, ao lado da fruticultura irrigada ela é uma atividade capaz de mover negócios muito consistentes na região. A ampliação do consumo dessas carnes e de subprodutos (leite, queijo, defumados) nas áreas rurais e em grandes centros urbanos acrescenta aos circuitos de comercialização das propriedades e feiras livres, os supermercados, restaurantes e frigoríficos. Só que, ao contrário da fruticultura, ela mostra-se completamente desarticulada entre os agentes econômicos que formam a sua cadeia de negócios.

Maiores informações:

Rebert Correia – pesquisador – rebert@cpatsa.embrapa.br

José Nilton – pesquisador - jmoreira@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Ribeiro – jornalista – marcelrn@cpatsa.embrapa.br

Tel: 81 862 1711

Fax: 81 862 1744

Fome Zero
VI Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
Embrapa no Fome Zero