Embrapa desenvolve tecnologia para monitorar praga na
cultura do coqueiro
O
côco anão verde é uma das fruteiras
com maior expansão em área cultivada no Vale do São Francisco, principalmente,
no Polo Irrigado de Petrolina (PE)/Juazeiro (BA). A área implantada
hoje no Polo está em torno de 10 mil hectares. Destes, só três mil
hectares encontram-se em produção. Nessa cultura, porém, não cresce
apenas a área de plantio. Mas, também, a infestação de pragas. Uma
delas, conhecida como "Gorgulho dos Frutos", chega a ser
responsável por perdas de até 50% na produção de frutos. Segundo
o pesquisador José Adalberto de Alencar, da Embrapa Semi-Árido, a
incidência dessa praga já está generalizada em toda a área de plantio. É preocupante,
assegura.
Até três anos atrás, esclarece Adalberto,
os produtores de côco tinham pela frente apenas uma praga como fator
limitante de produção: o ácaro da necrose do coqueiro. Hoje, pela
intensificação da interferência do homem nos agroecossistemas das
culturas, pelo manejo inadequado dos pomares e o uso excessivo de
agroquímicos, já são quatro as pragas que acarretam danos significativos à cultura
do coco na região. Dentre estas, destaca-se o gorgulho dos frutos
do coqueiro. Freqüentemente, os produtores têm recorrido a aplicações
exageradas de defensivos no combate às pragas. Esse método, no entanto,
só aumenta os danos ao meio ambiente e encarece os custos de produção
do côco, diz ele.
Armadilha
O "Gorgulho" é um inseto
de coloração castanho-escuro e mede, aproximadamente, 4 mm de comprimento.
Os danos que causa, são provocados pelas larvas que se desenvolvem
sob as brácteas dos frutos e flores efetuando galerias. Em conseqüência,
provocam a queda dessas flores e frutos ainda nos primeiros estádios
de desenvolvimento. Afetam, também, a qualidade externa dos frutos
que atingem o ponto de colheita. Os índices de infestação e perdas
são elevados em todo o Polo.
O
pesquisador da Embrapa Semi-Árido
reconhece que o controle do "Gorgulho" baseia-se, exclusivamente,
na aplicação de defensivos agrícolas. Mas, ressalta, a utilização
desses produtos é feita periodicamente, sem levar em consideração
o nível de controle, isto é, o momento certo para aplicação dos mesmos.
Visando
monitorar, quantificar, e determinar o nível de controle da praga na área, o pesquisador José Adalberto
de Alencar, desenvolveu um método de captura dos insetos adultos
através de armadilhas confeccionadas com o fruto de côco em estádio
de maturação próximo ao ponto de colheita. O modo de fazê-las é simples:
precisa apenas que seja destacado as duas extremidades do fruto e
se efetue cortes longitudinais em forma de fatias, circundando o
fruto, tendo o cuidado de destacar apenas uma das extremidades de
cada fatia. Em trabalhos experimentais, Adalberto já registou a captura
de até 96 insetos numa única armadilha. Um índice de infestação muito
elevado, afirma.
Bem menos defensivos
Ele
recomenda ao produtor colocar 20 armadilhas em cada talhão de um a quatro hectares. Estas devem
ser colocadas em forma de "x", a, aproximadamente, um a
dois metros de distância do estirpe ou tronco da planta e com alternância
de uma planta para cada armadilha. A freqüência de utilização de
novas armadilhas deverá ser semanal. Cada uma delas, deve ser avaliada
até 72 horas após distribuídas na área. Como o inseto é ágil, Adalberto
faz outra recomendação: durante a avaliação, a armadilha deve ser
colocada dentro de um saco transparente e, em seguida, efetuar algumas
batidas para, só então, efetuar a contagem dos insetos.
Adalberto,
no momento, está buscando
precisar a partir de que momento (nível de controle), o nível de
infestação deve ser combatido com o uso de químicos. Os resultados
experimentais que obteve até agora, embora não sejam conclusivos,
o deixa muito otimista quanto ao estabelecimento de um manejo da
praga bem mais racional no uso de defensivos e com muito menos impacto
sobre o meio ambiente.
Com
os dados que têm em mãos, ele
acredita que apenas quando as armadilhas registrarem médias de infestação
entre 5 a 10 insetos, é que se farão necessárias pulverizações. Com
esses números, Adalberto estima uma redução de até 75% na quantidade
de aplicações de defensivos nos pomares de côco. Isto representará uma
redução de custo substancial e menos danos ao meio ambiente. Os dois
casos, ressalta o pesquisador, vai elevar o nível de competitividade
da cultura nos mercados nacional e internacional.
Maiores
informações:
José Adalberto Alencar pesquisador
Embrapa Semi-Árido tel. 0 xx 81 3862 1711
endereço eletrônico: alencar@cpatsa.embrapa.br
Marcelino
Ribeiro jornalista
Embrapa Semi-Árido tel. 0 xx 81 3862 1711
endereço eletrônico: marcelrn@cpatsa.embrapa.br |