Embrapa Semi-Árido
Sistemas de Produção, 3
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Nov./2007
Cultivo da Cebola  no Nordeste

Nivaldo Duarte Costa

Geraldo Milanez de Resende

Sumário

 

Socioeconomia

Botânica

Composição química

Clima

Solos e plantio

Cultivares

Nutrição e adubação

Irrigação

Plantas daninhas

Pragas

Doenças

Colheita e pós-colheita

Custos

Referências

Glossário

 

Expediente

Autores

 

 

Cultivares

As diferentes regiões produtoras de cebola do país apresentam diversidade quanto às épocas de semeadura e colheita. A época de plantio deve ser definida em função da compatibilização das exigências fisiológicas da cultivar a ser plantada com as condições ambientais locais e do mercado consumidor.

No Brasil, em função da localização geográfica das principais áreas produtoras, as cultivares utilizadas enquadram-se nas classes de dias curtos (Bahia/Pernambuco, latitude 9° Leste Sul; São Paulo, 23° Leste Sul) e intermediários (Santa Catarina, 27° Leste Sul e Rio Grande do Sul, 33° Leste Sul). Em linhas gerais, a região Sul (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná) efetua a semeadura no período compreendido entre abril e junho e a colheita de novembro a janeiro. A região Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) faz a semeadura no período de fevereiro a maio e a colheita de julho a novembro. A região Nordeste (Bahia/Pernambuco), pratica a semeadura durante todo o ano, com concentração nos meses de janeiro a março, possibilitando um escalonamento de plantio e produção com oferta de cebola em diferentes períodos do ano.

Essas características regionais criam condições de auto-suficiência no abastecimento interno ao longo do ano.

A cultivar a ser utilizada no plantio pode ser escolhida em função da região produtora, do tipo de bulbo exigido pelo mercado, que pode ser amarelo ou roxo, bem como da época de plantio no primeiro ou segundo semestre. O uso de cultivares não adaptadas à região produtora pode resultar em safras frustrantes em termo de qualidade e produtividade de bulbos comerciais. A melhor cultivar deve ser aquela desenvolvida na própria região de cultivo, ajustada às demandas de fotoperíodo.

Na região Nordeste, recomenda-se, para o primeiro semestre, cultivares de coloração amarela, com ciclo variando de 110 a 130 dias da semeadura à colheita, como ValeOuro IPA-11, Composto IPA-6, Texas Grano-502 PRR e os híbridos Granex-429, Granex-33 e Mercedes, bem como a cultivar Franciscana IPA-10 com bulbo de coloração roxa. Para semeaduras a partir de julho, deve-se dar preferência às cultivares de cor amarela, como: Alfa Tropical, Alfa São Francisco e Franciscana IPA-10, de coloração roxa,. A produtividade obtida com as cultivares plantadas na região varia de 15 a 60 t/ha dependendo da localidade, da época de plantio e dos tratos culturais realizados.

Características das principais cultivares de cebola recomendadas para o Nordeste brasileiro
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Brisa IPA-12 - Caracteriza-se por apresentar folhagem semi-ereta, de coloração verde-mediano e com médio teor de cerosidade. Os bulbos possuem película amarela e pouco aderente, formato globoso achatado no topo, polpa branca, e pungência suave. O seu potencial produtivo de bulbos comerciais é superior a 30 t.ha-1 e sua expectativa de armazenamento é de aproximadamente dois meses, quando acondicionados em caixas plásticas vazadas sob condições naturais. A cultivar possui elevada resistência à raiz rosada e comparativamente com a cultivar Texas Grano 502, possui maior resistência ao tripes e ao mal-de-sete-voltas. É uma cultivar precoce, podendo ser colhida aos 85-90 dias após o transplantio. Está adaptada às condições edafoclimáticas do Submédio São Francisco, sendo especialmente recomendada para plantio a partir do mês de abril.

ValeOuro IPA-11 - Caracteriza-se por apresentar plantas com folhagem vigorosa, moderadamente ereta, de cor verde escuro e muito cerosa. Os bulbos são de formato globular-alongado, de conformação simétrica, casca fina e coloração amarela intermediária e pungência elevada. Em condições de campo, esta cultivar tem apresentado ótimo desempenho agronômico, caracterizando-se ainda por apresentar elevado nível de resistência genética ao mal-de-sete-voltas, também denominada antracnose (Colletotrichum gloeosporioides Penz) e moderada tolerância ao trípes (Thrips tabaci), a depender da região, e uma capacidade produtiva superior a 30 t/ha, com boa conservação pós-colheita. Tem apresentado melhor desempenho nas semeaduras realizadas no período de janeiro a julho. O ciclo, após o transplante, é de, aproximadamente 90 dias.

Franciscana IPA-10 - Caracteriza-se por apresentar elevado nível de resistência ao mal-de-sete-voltas e à mancha púrpura (Alternaria porri. ELL.), e moderada tolerância ao Trips tabaci. Os bulbos são de formato globoso achatado, coloração roxa-avermelhada e pungência elevada. No Nordeste brasileiro, pode ser cultivada durante o ano todo. O ponto ideal para colheita é atingido aos 85 dias após o transplante. Apresenta bulbos de cor roxa, com capacidade produtiva superior a 30 t/ha. Tem uma grande aceitação no mercado do Norte e Nordeste e boa conservação pós-colheita.

Composto IPA-6 - Cultivar com bulbos de coloração amarela, formato periforme, pungência elevada e boa conservação pós-colheita. Pode ser cultivada o ano todo no Submédio São Francisco. Entretanto, o seu melhor desempenho ocorre no primeiro semestre, com ciclo de 120 dias após a semeadura. Caracteriza-se, ainda, por apresentar boa resistência à mancha-púrpura, porém, é pouco tolerante ao tripes.

Texas Early Grano 502 PRR - Principal cultivar plantada no Vale do São Francisco, de 1979 até 1997, com sementes importadas do Texas, EUA ou do Chile. O bulbo tem a forma de pião, de coloração amarelo claro, bastante uniforme e sabor suave. A cultivar é altamente suscetível ao mal-de-sete-voltas e à mancha púrpura e tolerante à raiz rosada. Ciclo de 100 -120 dias.

Mercedes - Híbrido de dias curtos para climas tropicais, com época de plantio para o Nordeste no primeiro semestre. É pouco pungente, folhagem vigorosa, bulbos uniformes de casca firme de cor amarelo-dourada, de forma globular, tamanho entre médio e grande, resistente à raiz rosada, com ciclo de 110 a 120 dias.

Granex 33 - Híbrido de dias curtos, ciclo de 110 -120 dias, vigoroso, resistente ao florescimento prematuro, bulbos de formato tipo globoso achatado, sabor suave, casca de cor amarelo claro.

Granex 429 - Híbrido de dias curtos, ciclo de 105 a 115 dias, vigorosa, elevada produtividade, bulbos de formato redondo, sabor suave, casca de cor amarelo claro.

Alfa Tropical - Desenvolvida pela Embrapa Hortaliças após onze ciclos de seleções realizados dentro de populações segregantes resultantes do intercruzamento de dez cultivares. Tem sido recomendada para plantio no segundo semestre do ano, sob condições de temperaturas; mais elevadas ciclo em torno de 130 dias.

Alfa São Francisco - Desenvolvida após cinco ciclos de seleção dentro da Alfa Tropical, nas condições do Vale do São Francisco. Recomendada para plantio no segundo semestre do ano, sob condições de temperaturas mais elevadas. Esta cultivar apresenta bulbos de cor amarelo/baia predominante, são arredondados, firmes e de bom aspecto comercial. O rendimento sob semeadura direta, ou transplante, situa-se acima de 33 t/ha.

Outras populações de cebola estão em desenvolvimento na região, como cebola cascuda bronzeada amarela, cebola cascuda bronzeada roxa e cebola suave e doce, bem como híbridos tropicais, de forma a aumentar o leque de opções para o agricultor, possibilitando substituição das importações da Argentina, ocupação de nichos de mercados nacionais e internacionais e aumento de produtividades, sem aumento da área plantada.

 

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