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Embrapa
Semi-Árido |
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Cultivo
da Cebola no Nordeste
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Sumário
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Socioeconomia |
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Dentre as várias espécies cultivadas pertencentes ao gênero Allium, a cebola (Allium cepa L.) é a mais importante quanto ao volume de produção e valor econômico. A globalização da economia mundial e a formação do Mercosul interferiram significativamente no mercado de hortaliças no Brasil, sobretudo o da cebola. As tendências das produções na Argentina e no Brasil evidenciam um mercado competitivo do qual continuarão participando somente os países que tiverem vantagens comparativas e fizerem reconversão nos setores produtivos. Portanto, somente continuará no mercado o produtor que se tecnificar para obter produto de qualidade e se adaptar às mudanças de mercado. Segundo a Food Agriculture Organization - FAO, em 2004 foram produzidos no mundo 55,15 milhões de toneladas em 3,05 milhões de hectares, resultando em uma produtividade média de 18,1 t/ha (Tabela 1). O maior produtor mundial de cebola é a China, que no ano de 2004 foi responsável por cerca de 32,7% da produção, sendo, também, o país que apresenta a maior superfície cultivada. Outros países, como a Índia, Rússia e Paquistão, se destacam entre os maiores produtores mundiais, com áreas acima de 100 mil hectares. O Brasil situa - se como o nono maior produtor mundial, com uma área de 57,03 mil ha e uma produção de 1,12 milhão de toneladas, o que proporcionou uma produtividade média de 19,7 t/ha. Em termos de produtividade, entre os países que apresentam as maiores áreas de plantio, sobressaem os Estados Unidos, com maior produtividade média (54,41 t/ha), seguido do Irã, China, Turquia, Brasil e Paquistão (Tabela 1). Na América do Sul, o Brasil é o maior produtor, seguido pelo Argentina, Colômbia e Peru. Entretanto, as produtividades nacionais obtidas nos últimos anos o posicionam abaixo dos índices de maior expressão registrados para a cultura, que pertencem ao Chile e Peru, com 47,6 e 28,7 t/ha, respectivamente.
A cebolicultura no Brasil é uma atividade praticada principalmente por pequenos produtores e a sua importância sócioeconômica se fundamenta não apenas na rentabilidade, mas, na grande demanda de mão-de-obra, contribuindo para a viabilização de pequenas propriedades e a fixação dos produtores na zona rural, reduzindo a migração para as grandes cidades. No período de 1961 a 2005, a área cultivada com cebola no Brasil passou de 40.890 para 58.388 ha (Tabela 2), o que representa um aumento da ordem de 42,8%. No entanto, em relação à produção, no período de 1940 (48,55 mil t) a 2005 (1,13 milhão de t), registrou-se um incremento de 2.227,5%. Neste período, foi pouca a variação na área cultivada, mas observa-se um grande aumento na produtividade, provavelmente em função dos esforços das instituições de pesquisa, além do interesse das empresas produtoras de sementes. As regiões Sul e Sudeste são as principais produtoras de cebola no país, respondendo com aproximadamente 82,0 % da produção nacional (Tabela 3), sendo o melhor desempenho apresentado pela região Sul, que respondeu por 59,6% da produção em 2004, todavia, com a menor produtividade média (17,5 t/ha).
Em 2004, Santa Catarina foi o estado líder em área cultivada e produção, com 38,5% do total, seguido, em ordem decrescente, pelo Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia e Paraná (Tabela 4). Quanto à produtividade média nacional, Goiás se destacou com 51,8 t/ha em uma área cultivada de 330 hectares, com uma produção de 17.100 toneladas. No Nordeste brasileiro, a cebola foi introduzida no final da década de 40. É predominantemente produzida no Vale do São Francisco, onde é cultivada durante o ano todo, com concentração de plantio nos meses de janeiro a março. Em 2004, gerou cerca de 60.000 empregos diretos e indiretos, e movimentou na região cerca de 131,49 milhões de reais, segundo o IBGE. A área plantada está estabilizada em torno de 10.500 ha/ano (Tabela 5), oscilando de acordo com os preços do ano anterior. Nos últimos 45 anos (Tabela 5), houve um incremento na produção, da ordem de aproximadamente, 2335%, em decorrência do aumento da produtividade que praticamente duplicou neste período, em função de trabalhos de pesquisa no manejo da cultura e, principalmente, pelo uso de cultivares desenvolvidas e melhor adaptadas às condições regionais. No entanto, a produtividade média regional, em torno de 20,0 t/ha, apesar de ser superior à média nacional de 19,6 t/ha, é bastante inferior aos 28,0 t/ha da Argentina, o principal concorrente da cebola nordestina nos meses de abril a junho. Dentre os principais municípios produtores de cebola, destacam-se: Ituporanga, Alfredo Wagner e Aurora, em Santa Catarina, São José do Norte - RS e São José do Rio Pardo - SP, com áreas iguais ou superiores a 1.800 ha. Em 2004, Ituporanga - SC foi o principal produtor do país, com área de 4.800 ha e produção de 120.000 toneladas. Quanto a produtividade média, São José do Rio Pardo - SP se destacou, com 35,0 t/ha (Tabela 6).
A produção nordestina de cebola se desenvolve nas regiões do Baixo e Médio São Francisco, principalmente nos municípios baianos de Casa Nova, Juazeiro, Sento Sé, Curaçá, Abaré e Itaguaçu e nos municípios pernambucanos de Belém de São Francisco, Cabrobó, Floresta, Itacuruba, Lagoa Grande, Orocó, Parnamirim, Petrolândia, Petrolina, Salgueiro, Santa Maria da Boa Vista e Terra Nova. Estes dois estados respondem pela totalidade da área plantada no Nordeste brasileiro. As cultivares mais usadas, são principalmente, as liberadas pelo IPA (Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária), além da série Texas Grano e Granex e Alfa Tropical. Entre os principais municípios da região Nordeste, Sento Sé - BA e Cabrobó - PE sobressaem como os maiores produtores, respectivamente, com 2.180 e 1.000 ha cultivados e produtividade média em torno de 18,0 t/ha. No que se refere à produtividade média, o município de América Dourada - BA apresentou os melhores resultados, com 34,0 t/ha, bem superior à média nacional, que foi de 19,6 t/ha.
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