Embrapa Semi-Árido
Sistemas de Produção, 2
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Julho/2004
Cultivo da Mangueira

João Gomes da Costa

Carlos Antônio Fernandes Santos

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Glossário

 

Expediente

Autores

 

Cultivares

Espada

Rosa

Haden

Keitt

Kent

Tommy atkins

Palmer

Van dyke

Principais cultivares de manga para as condições do vale do São Francisco

A escolha da variedade de manga a ser plantada deve estar relacionada com as preferências do mercado consumidor, o potencial produtivo da variedade para uma dada região, as limitações fitossanitárias e de pós-colheita da variedade, e principalmente a tendência em médio prazo do tipo de fruto a ser comercializado. Sendo a mangueira uma planta com longo período juvenil, a escolha da variedade errada poderá significar enormes prejuízos em curto prazo. Assim, a escolha da variedade é considerada um dos fatores econômicos mais importantes para o estabelecimento competitivo da mangicultura. 

As variedades mais indicadas são as que apresentam alta produtividade, coloração atraente do fruto, preferencialmente avermelhado, polpa doce, com oBrix superior a 17%, pouca ou nenhuma fibra, além da resistência ao manuseio e ao transporte para mercados distantes. Outras qualidades também desejáveis são porte reduzido da copa, regularidade de produção e a resistência a doenças como malformação floral, antracnose e lasiodiplodia, além da baixa incidência de colapso interno da polpa. Esse ideótipo de mangueira, como os melhoristas costumam referir-se ao tipo ideal e desejado de uma variedade, com certeza não está ainda disponível. Compete ao mangicultor procurar a variedade que associe o maior número de características desejadas, ou que pelo menos atenda ao maior número de características desejadas pelo mercado consumidor. 

Atualmente, a Tommy Atkins é a variedade mais produzida e a que possui a maior participação no volume comercializado no mundo, devido principalmente a sua coloração intensa, produções elevadas e resistência ao transporte a longas distâncias. No Brasil, principalmente, na região do vale do São Francisco, os plantios comerciais incorrem em sérios riscos biológicos (pragas e doenças) e econômicos devido à concentração da maior parte da produção basear-se em apenas um cultivar. Desta forma, a diversificação de cultivares comerciais é de fundamental importância para proporcionar maior sustentabilidade ao agronegócio da manga na região.

Com relação ao porta-enxerto, as características principais desejáveis em uma variedade para ser usada como tal, são: vigor; elevada produção; adaptação à região onde se pretende implantar o pomar; poliembrionia; tolerância ou resistência às principais doenças e sistema radicular bem desenvolvido. A escolha do porta-enxerto, varia de uma região para outra, em função da disponibilidade de sementes, e boa compatibilidade com as variedades comerciais. Assim, a variedade mais utilizada como porta-enxerto na região do Submédio São Francisco é a ‘Espada’.

A seguir são apresentadas e descritas as principais cultivares de mangas para as condições do Vale do São Francisco com grande potencial para o mercado interno e/ou externo.

Espada

Uma das variedades brasileiras mais antigas e comuns. A árvore é muito vigorosa, porte elevado e muito produtiva. O fruto é verde intenso ou amarelo esverdeado, de tamanho médio (em torno de 300 g), com casca lisa e espessa. A polpa tem muita fibra e coloração amarelada. Possui sabor de regular para bom (em torno de 18º Brix) e tem lugar de destaque no mercado interno; responde ao manejo da indução floral com o uso de paclobutrazol. É muito utilizada como porta-enxerto e a semente é poliembriônica, coberta com fibras (Fig. 1).

Foto: Embrapa Semi-Árido
Fig. 1 - Espada
 

Rosa

A exemplo da ‘Espada’ é uma das variedades brasileiras mais conhecidas. A árvore possui porte médio, de crescimento lento e copa arredondada. O fruto varia de amarelo para rosa-vermelho, peso médio em torno de 350 g. A casca é espessa e lisa; a polpa é amarelo ouro e moderadamente suculenta, fibrosa e de bom sabor (21,8º Brix). A semente é poliembriônica. Suscetível a antracnose. Cultivar importante no mercado do Distrito Federal, sendo usado tanto para suco como também para consumo fresco. Geralmente, produz em mais de uma época do ano e responde ao manejo da indução floral com o paclobutrazol (Fig. 2).

Foto: Embrapa Semi-Árido
Fig. 2.  Rosa

 

Haden

Origem Flórida, EUA.  A árvore é grande e com copa densa. Fruto variando de 350 a 680 g, ovalado, amarelo quase coberto com vermelho, sabor suave, com pouca terebintina e pouca fibra. Semente monoembriônica. Relação polpa/fruto em torno de 0,66. Apresenta baixo vingamento dos frutos, o que pode ser minimizado pela utilização de polinizadores como a Tommy Atkins é a Palmer. Precoce, suscetível a antracnose. Como outras variedades selecionadas na Flórida, a Haden apresenta o problema do colapso interno do fruto. Devido a baixa produção e ao seu sabor alcança elevados preços no mercado interno (Fig. 3).

Foto: Embrapa Semi-Árido
Fig. 3. Haden.

 

Keitt

Porte da planta um tanto ereto e ramos de crescimento longos e finos. O fruto é grande, em torno de 610 g, oval com ápice ligeiramente obliquo, verde amarelado, corado de vermelho-róseo, bom sabor (19º Brix)  fibra somente em volta da semente. A coloração do fruto não é das mais desejáveis. É comercializada no mercado interno, no entanto vem sendo substituída, pelos produtores, por outras cultivares. Semente monoembriônica. Relação polpa/fruto em torno de 70%. Resistente ao míldio e suscetível à antracnose. Sua produção é tardia permitindo prolongamento do período das safras. Possui boa vida de prateleira (Fig. 4).

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Fig. 4. Keitt

 

Kent

Origem Flórida, EUA. Árvore ereta, de copa aberta e vigor médio. O fruto é oval, verde amarelado, corado de vermelho purpúreo, grande, de 550 a 1000 g (com média de 657 g), muito saboroso (20,1º Brix) e alta qualidade de polpa (quase sem fibra), casca de espessura média, relação polpa/fruto de 0,62%. Semente monoembriônica. Suscetível a antracnose e ao colapso interno do fruto e baixa vida de prateleira. Ciclo de maturação médio a tardio (Fig. 5). Com relação a mercado apresenta boas perspectivas para exportação.

Foto: Embrapa Semi-Árido
Fig. 5. Kent.

 

Tommy atkins

Originada na Flórida, EUA, possui fruto de tamanho médio para grande, 460 g, com casca espessa e formato oval. Apresenta coloração do fruto atraente (laranja-amarela coberta com vermelho e púrpura intensa). A polpa é firme, suculenta, e teor de fibra médio. Resistente a antracnose e a danos mecânicos e com maior período de conservação. Precoce, amadurece bem se colhido imaturo. Apresenta problemas do colapso interno do fruto, malformação floral e teor inferior em sabor e de brix (16 º brix), quando comparado com as variedades Palmer e Haden. É uma das variedades de manga mais cultivadas mundialmente para exportação. Apresenta facilidade para indução floral em época quente, alta produtividade e boa vida de prateleira. Essa variedade representa 90% das exportações de manga no Brasil (Fig. 6).

Foto: Embrapa Semi-Árido
Fig. 6. Tommy Atkins.

 

Palmer

Variedade semi-anã, de copa aberta, originada na Flórida, em 1945. Na Austrália participa de 5% da área de manga, e no Brasil experimenta pequeno aumento na área cultivada. Os frutos possuem casca roxa quando “de vez” e vermelhos quando maduros. A polpa é amarelada, firme, bom sabor (21,6º Brix), com pouca ou nenhuma fibra. Relação polpa/fruto é de 72%, teor médio de fibras e casca fina. As sementes são monoembriônicas e compridas. Apresenta boa vida de prateleira e produções regulares e é bem aceita no mercado interno. A produção é tardia, permitindo prolongamento do período das safras, e responde ao manejo da indução floral com paclobutrazol (Fig. 7).

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Fig. 7. Palmer

 

Van dyke

Arvore moderadamente vigorosa e de copa aberta. Fruto de tamanho médio, 300 a 400 g, coloração atraente (amarela com laivos vermelhos). A polpa é firme e sem fibras longas. Possui sabor agradável e aroma superior ao da Tommy Atkins. A semente é monoembriônica. Apresenta certa irregularidade na produção. Variedade de frutificação tardia (Fig. 8). Atualmente, não apresenta expressão significativa para comercialização.

Foto: Embrapa Semi-Árido
Fig.8 Van Dyke

 

 

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