|
||
Cultivo
da Mangueira
|
||
|
Irrigação | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
As informações sobre profundidade de enraizamento, consumo de água e coeficiente de cultura devem ser consideradas em um manejo de irrigação criterioso. No Vale do São Francisco, a cultura da mangueira é manejada com aplicação de reguladores de crescimento e estresse hídrico. O que predispõe as plantas ao florescimento no primeiro semestre e a colheita no segundo semestre de cada ano. Assim, as informações referidas também podem ser úteis para o manejo de irrigação como à indução do florescimento. Evapotranspiração da cultura e coeficiente de cultura
Em Petrolina-PE, a mangueira cv. Tommy Atkins, cultivada em um Latossolo Vermelho Amarelo, textura média (82% areia, 6% de silte e 12% de argila), com espaçamento de 8 x 5 m, aos 6 anos de idade, e irrrigada por gotejamento (duas linhas de emissores espaçados em 1,8 m e vazão de 4,1 L/h), apresentou raízes até a profundidade de 2 m, mas com maior presença entre 0,3 m e 1,4 m de profundidade. As raízes também estiveram presentes ao longo da linha de plantas, o que indica um entrelaçamento das raízes devido ao hábito de crescimento da cultura e à presença de emissores de água em toda a extensão da linha de plantas. As raízes de mangueira atingiram a distância de 2 m da linha de planta (no sentido da entrelinha). Entretanto, houve uma maior presença entre 0,3 e 1,6 m de distância do tronco. Pode-se sugerir que para o monitoramento da água no solo, a instalação de tensiômetros deva ser feita nesse intervalo de profundidade e de distância do caule. No entanto, um manejo mais criterioso deve levar em conta toda a profundidade de 2 m, pois pode haver contribuição de camadas de solo abaixo de 1 m para a quantidade total de água absorvida pelas plantas, principalmente no período de maior necessidade hídrica (maturação dos frutos) e nos meses mais quentes (outubro e novembro).
A evapotranspiração da cultura (ETc) refere-se aos processos de transpiração pelas plantas e evaporação direta do solo, que ocorrem simultaneamente. A duração dos períodos considerados durante o ciclo de produção da mangueira e a Etc correspondente são apresentados na Tabela 1. O valor máximo encontrado para a ETc diária foi 7,9 mm (151,7 L/planta), na fase de maturação dos frutos, enquanto que a no período indicado foi de 642,9 mm (12.343,7 L/planta). A produção de frutos para essa safra foi de 48493,0 kg/ha. Como a área molhada foi de 19 m2, ou seja, 48% do espaçamento da cultura (8 x 5 = 40 m2), a conversão dos valores de consumo de água em milímetros para litros por planta é feita multiplicando-se o valor em mm pela área efetivamente ocupada por uma planta, ou seja, por 8 x 5 x 0,48 = 19,2 m2. Tabela 1. Evapotranspiração da cultura (ETc) e consumo médio diário da mangueira cv. Tommy Atkins, aos 6 anos de idade, em Petrolina – PE, para os períodos considerados.
O coeficiente de cultura (Kc) é obtido pela relação entre a ETc em condições potenciais e a evapotranspiração de referência (ETo). Através desse coeficiente, e conhecendo-se a ETo de um pomar de mangueiras, pode-se estimar a ETc, e assim determinar a lâmina de irrigação a ser irrigada. Em Petrolina, pode-se adotar os valores de Kc de 0,44 para a floração, 0,65 para a queda de frutos, 0,83 para a formação do fruto, e 0,84 para a maturação do fruto (Silva, 2000).
Fertirrigação é uma técnica de aplicação simultânea de fertilizantes e água, através de um sistema de irrigação. É uma das maneiras mais eficientes e econômicas de aplicar fertilizante às plantas, principalmente em regiões de climas árido e semi-árido, pois aplicando-se os fertilizantes em menor quantidade por vez, mas com maior freqüência, é possível manter um teor uniforme de nutrientes no solo durante o ciclo da cultura, o que aumentará a eficiência do uso de nutrientes pelas plantas e, conseqüentemente, a sua produtividade. Quando se prepara uma solução de fertilizantes envolvendo mais de um tipo de fontes de nutrientes, deve-se verificar se são compatíveis (Tabela 2), para evitar problemas de entupimentos das tubulações, e emissores. O cálcio, por exemplo, não pode ser injetado com um fertilizante que contém sulfato. Esses cuidados devem ser ainda maiores, quando a água usada na irrigação tem pH neutro, ou seja, quando as concentrações de Ca + Mg e de bicarbonatos são maiores que 50 e 150 ppm, respectivamente. O ácido fosfórico não pode ser injetado via água de irrigação que contenha mais que 50 ppm de cálcio e nitrato de cálcio e em água que contenha mais de 5,0 meq.L-1 de HCO3, pois poderá formar precipitados de fosfato de cálcio. O procedimentos adequados para aplicação de fertilizantes via água de irrigação compreendem três etapas distintas. Durante a primeira etapa, deve-se funcionar o sistema de irrigação durante um quarto do tempo de irrigação, para equilibrar hidraulicamente as unidades de rega como um todo. Na segunda etapa, faz-se a injeção dos fertilizantes no sistema de irrigação, através de equipamentos apropriados. Na terceira etapa, o sistema deverá continuar funcionando, visando complementar o tempo total de irrigação, lavar completamente o sistema de irrigação e carrear os fertilizantes da superfície para camadas mais profundas do solo. Tabela 2. Compatibilidade entre os fertilizantes empregados na fertirrigação.
Fonte: Villas Bôas et al., 1999. A fertirrigação depende da taxa de injeção de fertilizantes, do tempo de irrigação por unidade de rega e dos tipos e doses de fertilizantes por unidade de rega. Deve-se considerar também as variedades utilizadas e suas respectivas fases fenológicas. Como regra geral, dependendo da complexidade do desenho do sistema de irrigação com relação à fertirrigação, recomenda-se iniciar o processo com fertilizante potássico, seguido dos nitrogenados, administrando-se as quantidades aplicadas por unidade de rega, com base no tempo de irrigação. As propriedades que utilizam o ácido fosfórico como fonte de fósforo, devem aplicá-lo no final da fertirrigação, pois pode, também proporcionar a limpeza dos sistema de irrigação. Caso os fertilizantes sejam aplicados na forma de mistura, as soluções devem ser preparadas em separado, e misturadas na proporção desejada, de acordo com as necessidades nutricionais das plantas. Uma alternativa mais recente, no sentido de amenizar a complexidade da injeção de fertilizantes, via água de irrigação, é a utilização de adutoras secundárias, paralelas às adutoras das unidades de rega, cuja finalidade é transportar a solução ou mistura concentrada até a entrada da unidade de rega específica. Porém, é necessário que em cada unidade de rega, a injeção da solução seja feita nos dois quartos intermediários do tempo de irrigação, pois a permanência do nitrogênio na tubulação, após a fertirrigação, pode favorecer o desenvolvimento de microorganismos que causam a obstrução dos emissores.
|
Copyright © 2004, Embrapa |