Embrapa Semi-Árido
Sistemas de Produção, 2
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Julho/2004
Cultivo da Mangueira

Maria Aparecida do C. Mouco

João Antonio Silva Albuquerque

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Sistemas de poda

A poda da mangueira tem como principais objetivos orientar a forma das plantas em função do meio, espécie, vigor da variedade e do porta-enxerto; manter um crescimento vegetativo equilibrado nas diferentes partes da planta; conservar o equilíbrio entre raízes e a parte aérea, para  regular o vigor e a produção das  plantas e facilitar a aeração e iluminação da  copa.

Tipos de poda

Intensidade da poda

Desfolha

Podas para manejo da floração

Poda de renovação e rejuvenescimento

 

Tipos de poda

Podas de formação - O objetivo das podas de formação é orientar o crescimento dos ramos, quanto ao número, distribuição e tamanho convenientes. Significa formar uma planta com uma arquitetura caracterizada por uma copa com a parte interna aberta e um número adequado de ramos laterais produtivos. Essas características trazem vantagens como a maior iluminação e aeração da copa, facilidade nos tratamentos fitossanitários e obtenção de plantas menos vulneráveis aos ventos fortes, principalmente durante a frutificação.

A poda de formação proporciona à planta uma conformação compatível com o método de exploração e, pela redução do porte da árvore, facilita os tratos culturais, do solo, a proteção contra queimaduras do sol e a colheita dos frutos, além de possibilitar o aumento da densidade de plantio.

Para acelerar a maturação dos ramos das mangueiras, é necessário produzir uma estrutura bem ramificada; isso se faz por meio da poda de formação, despontando os brotos vegetativos no primeiro ou segundo entrenó. A poda de formação consiste em cinco a seis operações para formar uma planta com esqueleto equilibrado e robusto. A primeira poda é feita a uma altura de 60 a 80 cm do solo; o local deve ser abaixo do nó, quando o tecido se encontrar lignificado (maduro) (Fig. 1). Após a brotação, selecionam-se três ramos, que formarão a base da copa (Fig. 2); os demais ramos devem ser eliminados. Os cortes deverão ser tratados com uma pasta à base de benomil ou oxicloreto de cobre.

A partir da quarta poda, o corte deverá ser feito acima do nó, em tecido lignificado, com tratamento dos ramos podados com fungicida, selecionando-se de três ramos voltados para a parte externa da copa. Essa fase é atingida pela planta entre 2,5 e 3 anos de idade (Fig. 3).

Fotos: Embrapa Semi-Árido


Fig. 1. Mangueira após a 1ª poda de formação


Fig. 2. Mangueira após a 2ª poda de formação


Fig. 3. Mangueira após a 5ª poda de formação.

Podas anuais ou de produção - As podas de produção referem-se às realizadas durante a fase produtiva da planta (essas são naturalmente realizadas após a colheita). Nesta prática estão incluídas as atividades de limpeza, levantamento de copa, abertura central, equilíbrio, correção da arquitetura, além da poda lateral e de topo.

aPoda de limpeza - Consiste na remoção dos ramos secos e doentes da planta, como também, daqueles com frutificação tardia, e dos restos de colheita. Deve ser realizada rigorosamente uma vez ao ano e tem como objetivos, eliminar material doente ou infectado, especialmente com Fusarium e Lasiodiploidia; obter material produtivo, ou seja, gemas apicais, homogêneas em idade e capacidade produtiva, para produção no ano seguinte; além de material bem localizado em relação à exposição ao sol (necessário para o amadurecimento das gemas e para o colorido dos frutos), como também, dispor de árvores mais baixas e com copa mais adequada aos diversos manejos.

Quando a poda pós-colheita/limpeza não é feita, tem-se que esperar a brotação expontânea da planta, o que pode atrasar ou inviabilizar a produção do ano seguinte.

bLevantamento da copa da planta - Consiste na eliminação dos ramos que estiverem até 0,70m de altura. Essa operação ajuda no controle das ervas daninhas e a melhor distribuição da água de irrigação por aspersão; também evita que os frutos dos ramos baixos entrem em contato com o solo (Fig. 4a).

Fig. 4. Tipos de poda de produção.

cAbertura central da planta (poda central de iluminação) - A poda de abertura central da mangueira consiste em eliminar ramos que tenham um ângulo de inserção com o tronco menor que 45º. Com isso, consegue-se uma maior iluminação (Fig. 4b). Os ramos de maior diâmetro da planta, que tenham uma parte voltada para o sol poente, devem ser pincelados com uma solução de água: cal (1:2) logo após a poda, a fim de serem evitadas rachaduras provocadas pelo sol.

d) Poda lateral - É a poda que se efetua para manter um espaçamento adequado entre as fileiras de plantas, e que vai permitir a passagem de máquinas e veículos, e facilitando o processo de pulverizações, colheitas, etc. É comum deixar que a rua entre plantas corresponda a 45% do espaçamento entre fileiras. Exemplo: um espaçamento de  8,0m x 5,0m deve ter uma rua com largura de 3,6m (45%) (Fig. 4c).

e) Poda de topo - É a poda efetuada para manter a altura da planta num limite adequado à condução do pomar. Normalmente, considera-se como ideal, uma altura máxima igual a 55% do espaçamento entre fileiras da planta, ou seja, num espaçamento de 8,0m x 5,0m, a altura máxima da planta deve ser de 4,4m (55%) (Fig. 4d).

fPoda de equilíbrio - Esta poda se faz nas árvores que já alcançaram sua maturação fisiológica, com a finalidade de balancear o equilíbrio entre a produção de frutos e a folhagem  da planta.

Durante os primeiros anos da mangueira, existe uma estreita relação entre o incremento da folhagem e a produção de frutos; esta relação vai se modificando com os anos, até alcançar um ponto em que os novos incrementos da folhagem não contribuem para aumentar a produção de frutos e sim, reduzi-la. Essas perdas da eficiência produtiva da planta podem ser minimizadas por meio da poda da folhagem.

No primeiro ano de execução, a poda da folhagem limita-se ao raleio de ramos que se localizam ao redor e no centro da copa da planta, e que comprometem a adequada aeração e iluminação. O melhor momento para executar essa prática é imediatamente após a colheita dos frutos. A vegetação dos ramos e os brotos de folhas jovens, que normalmente contêm de 3 a 5 folhas, também devem ser raleados até ficarem com uma ou duas folhas sadias. Nos anos seguintes, a poda de equilíbrio limita-se ao raleio de folhas que se localizam nos brotos novos, entre 4 e 5 meses antes da floração. Também devem ser eliminados os ramos que afetam o balanço do desenvolvimento da copa das árvores.

g) Correção da arquitetura - Com relação à arquitetura, procura-se definir determinada forma para as plantas, e as mais utilizadas são as formas piramidal e vaso aberto (taça).

Forma “piramidal” - Uma vez que a árvore tenha alcançado o espaço disponível, é necessário realizar uma poda de manutenção, que permita conservar o máximo da superfície produtiva. A poda, visando a forma piramidal, é recomendada principalmente para espaçamentos menores e deve ser feita logo após a colheita, seletivamente, cortando os brotos situados na parte alta da árvore até o primeiro nó (abaixo) e eliminando-se todos os brotos verticais (Fig. 5).

Forma em “vaso aberto” - Consiste em abrir espaços no centro da copa, eliminando os ramos que tenham um ângulo de inserção menor que 45º com o tronco. Com isso, consegue-se uma melhor iluminação interna (Fig. 6 ).

Fotos: Embrapa Semi-Árido


Fig. 5. Mangueira podada na forma piramidal


Fig. 6. Mangueira após a poda em vaso aberto.

 

Intensidade da poda

A intensidade da poda não deve ser a mesma durante o ano, sendo realizada em função da época em que será feita a indução floral. A poda mais severa da mangueira não deve ser praticada quando se deseja a floração da planta fora da época normal, e que coincide com a ocorrência de  altas temperaturas e altos índices de precipitação pluvial. Nessa época, são recomendadas podas menos drásticas e, ainda, aguardar a emissão de dois a três fluxos vegetativos, antes de se aplicar o regulador de crescimento (paclobutrazol).

Desfolha

A desfolha na mangueira é praticada com a  finalidade de melhorar a capacidade produtiva da planta e a coloração dos frutos.

Quanto a folhagem abundante, o sombreamento traz como conseqüência a existência de um material vegetal que atua de forma parasitária e que reduz a possibilidade de acumular reservas para a produção de frutos. A remoção de 15% a 20% da vegetação velha, incluindo ramos, com a finalidade de melhorar a disposição e o balanço da copa da árvore, produz uma melhora significativa na eficiência produtiva. Essa desfolha é feita por meio da poda praticada logo após a colheita. Após a segunda queda de frutos, é conveniente fazer uma desfolha nos ramos produtivos,  deixando-se apenas os dois fluxos de folhagem mais próximos da infrutescência.

A desfolha, para melhorar a coloração dos frutos, deve ser feita próxima na fase final da maturação, eliminando as folhas que os sombreiam. Essa prática deve ser feita com bastante cuidado, principalmente na parte da copa voltada para o poente,  a fim de evitar a queima dos frutos, causada pelo sol.

Podas para manejo da floração

Eliminação da brotação vegetativa - Quando há ocorrência de brotação vegetativa,  próximo à época de aplicação do nitrato para quebrar a dormência da gema, pode-se manter o estresse hídrico para  aumentar o grau de maturação do fluxo vegetativo inferior (folhas quebradiças) e, em seguida, podar a vegetação nova e iniciar as pulverizações com nitrato (potássio ou  cálcio) para estimular a brotação das gemas axilares.

Eliminação da inflorescência - Quando se quer eliminar a inflorescência de um ramo sem que haja imediata  emissão de novos brotos florais, deve-se cortá-la, pelo menos, aos 5 cm do nó terminal, no estádio de chumbinho (após a fertilização). Essa prática vai estimular a emissão de brotos vegetativos vigorosos.

A eliminação da floração terminal em algumas cultivares provoca uma segunda emissão de  inflorescência axilar, que deve produzir um número menor de frutos abortados. Essa eliminação deve ser feita acima do nó terminal (na base da inflorescência), no estádio em que a flor estiver aberta (ainda não polinizada). Essa prática permite retardar a floração por um período curto, de até 30 dias (Fig. 7 e 8).

Fotos: Embrapa Semi-Árido


Fig. 7. Eliminação da inflorescência antes da polinização.


Fig. 8. Panícula polinizada, mostrando o  local da poda para evitar floração.

 

Poda de renovação e rejuvenescimento

O objetivo das podas de renovação e rejuvenescimento é revitalizar as árvores velhas ou descuidadas, que não mostram uma produção abundante, mas cujos troncos e ramos principais estão sadios. Consiste na eliminação da folhagem e ramos secundários, deixando-se apenas  o esqueleto dos ramos  principais. Com isso, as  brotações vegetativas que formarão a nova copa são estimuladas. Esse tipo de poda também se realiza quando se quer trocar a cultivar de mangueira, aproveitando o mesmo cavalo. A nova cultivar deve ser enxertada nos brotos emitidos depois da poda.

 

 

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