Embrapa Semi-Árido
Sistemas de Produção, 2
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Julho/2004
Cultivo da Mangueira

Lázaro Euripedes Paiva

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Glossário

 

Expediente

Autores

 

Propagação

Viveiro

Escolha e preparo das sementes do porta-enxerto (cavalo)

Seleção das amêndoas

Métodos de enxertia

Variedade da copa

Enxertia

 

Viveiro

O viveiro deve ser localizado, de preferência, em terreno plano ou com pouco declive e bem drenado. Deve ser, também, abrigado dos ventos fortes, afastado de pomares praguejados, estradas poeirentas e próximo a um manancial de água de boa qualidade.

O processo comumente utilizado pelos produtores da região consiste na utilização de solos de barranco de boa fertilidade natural. Entretanto, pode ser feito com a mistura de três partes de terra de boa qualidade, uma parte de esterco curtido, três quilos de superfosfato simples e 500g de cloreto de potássio por metro cúbico, e colocados em sacos plásticos.

Os sacos para apresentarem bons resultados devem medir entre 20 a 22 cm de boca, 30 a 34 cm de altura e 0,20 mm de espessura, perfurados lateralmente e no fundo para permitir o escoamento do excesso de água. Sendo colocados em fileira de 4 a 5, formando canteiros de aproximadamente 80 cm de largura, com espaçamento entre si de 50 a 60 cm e com comprimento máximo de 15 m.

Escolha e preparo das sementes do porta-enxerto (cavalo)

Consiste na utilização de plantas matrizes fornecedoras de garfos e/ou borbulhas para enxertia, tendo em vista suas qualidades superiores como: pequeno porte; tolerantes a pragas e doenças, principalmente à seca da mangueira e adaptação à região. No Nordeste os porta-enxertos mais utilizados são: ‘Espada’, ‘Espadinha’, ‘Carlota’, ‘Itamaracá’ e ‘Coite’.

Deve-se colher frutos maduros, sadios, de plantas vigorosas e livres de doenças e pragas. Após a escolha dos frutos, retira-se a polpa com uma faca, rente ao caroço; as sementes devem ser limpas com água e colocadas para secar. A secagem das sementes deverá ser feita em local sombreado e arejado, podendo ficar até 10 dias nesse local,  entretanto a  eliminação do endocarpo (testa) é mais fácil quando é feita 24 horas depois da lavagem, pelo fato da  testa  estar mais macia para  cortar.

Utilizando uma tesoura de poda, a testa que envolve a amêndoa (semente) deve ser removida cuidadosamente para não feri-la, prejudicando sua germinação (Fig. 1). A retirada da casca possibilita a germinação mais rápida (15 a 25 dias), maior percentagem de sementes germinadas (80 a 85%), e a obtenção de plantas eretas, vigorosas e em condições de serem enxertadas em menor espaço de tempo.

Seleção das amêndoas

Selecione as amêndoas bem formadas, sem manchas ou ataque de pragas e doenças (Fig. 2).

A semeadura deve ser feita imediatamente, porque o percentual de germinação das sementes diminui sensivelmente  nos primeiros 5 dias. A amêndoa é colocada com a face ventral voltada para baixo, a uma profundidade de 3 a 5 cm, ocorrendo a germinação entre 15 e 25 dias após a semeadura. A quantidade de sementes utilizadas deve ser 40% a mais do que o número de mudas desejadas.

Fotos: Embrapa Semi-Árido

Fig. 1. Remoção do endocarpo

Fig. 2. Seleção de amêndoas

O desbaste deve ser feito quando o porta-enxerto estiver bem definido, com 15 a 20 cm de altura, visando o desenvolvimento de uma única planta por saco.

Aos 45  dias após a semeadura, deve ser feita uma adubação de cobertura colocando 5g/planta, da seguinte mistura: 55 g de uréia, 35 g de cloreto de potássio e 55 g de superfosfato simples.

Métodos de enxertia

A muda da mangueira é produzida pelo método de enxertia que envolve a junção do porta-enxerto (cavalo) com o enxerto (copa). Os métodos mais comuns de enxertia são: Borbulhia em “T” invertido e a borbulhia em placa ou escudo, nas quais o enxerto é uma pequena parte da casca com uma única gema; Garfagem, com suas variações (no topo em fenda cheia, à inglesa simples e lateral), em que o enxerto é o segmento de um ramo, com 10 a 15 cm de comprimento médio, contendo várias gemas. No vale do Submédio São Francisco, o método de enxertia mais utilizado é o de garfagem no topo em fenda cheia. Por este processo a muda é obtida em viveiro coberto, utilizando a semeadura direta em sacos plásticos individuais.

Variedade da copa

As plantas devem ser sadias, vigorosas, tolerantes a pragas e doenças, com frutos característicos,  preferencialmente cultivadas para este fim. As variedades mais indicadas para comercialização são: ´Tommy Atkins´, ´Palmer´, ´Keit´, ´Haden´, além de outras de interesse regional: ´Rosa´, ´Espada´,  etc.

Para a obtenção dos garfos (ponteiros) da variedade da copa, os ramos devem ser escolhidos com aproximadamente 7 a 8 meses de idade, arredondados, de coloração verde a cinza, sadios, com gema apical bem formada. Com as mãos, ou com uma tesoura, retiram-se as folhas dos ramos escolhidos, 8 a 10 dias antes da coleta do garfo (Fig. 3). Esta prática é realizada para forçar o entumecimento da gema apical e acelerar o pegamento após a enxertia.

Foto: Embrapa Semi-Árido
Fig. 3. Coleta dos garfos.

O garfo cortado deve ter aproximadamente 15 a 20 cm de comprimento. Os garfos podem ser armazenados por até 5 dias, porém, é necessário mergulhar as extremidades em parafina líquida e acondicioná-los em recipientes contendo serragem úmida. Devem ser conservados em local fresco e sombreado.

Enxertia

Consiste na união do garfo da variedade copa com o porta-enxerto, de modo a formar uma única planta. Na operação de enxertia, o porta-enxerto deve ser cortado com uma tesoura de poda, 20 cm acima do colo da planta, e com um canivete, desinfetado em álcool ou solução de água sanitária a 5% (50 ml do produto comercial em 1 litro de água), será feita uma fenda de 3 a 4 cm de profundidade, de cima para baixo.

O garfo deve ser preparado, com o canivete,  em forma de cunha, fazendo cortes com 3 ou 4 cm de comprimento. Logo em seguida, deve ser encaixado no corte do porta-enxerto,  de modo que, pelo menos um dos lados da região do enxerto e porta-enxerto coincida casca com casca (Fig. 4). Para  fixar o enxerto e impedir a entrada de água é necessário que seja enrolada uma fita plástica, de baixo para cima. Para formar um ambiente úmido e proteger contra o ressecamento, deve-se cobrir o garfo e a região da enxertia com saquinho plástico (Fig. 5).

Fotos: Embrapa Semi-Árido


Fig. 4. Encaixe do garfo.   


Fig. 5. Cobertura com saquinho.

Se a enxertia for bem sucedida, as gemas iniciarão a brotação entre 2 e 3 semanas. Quando surgirem os primeiros pares de folhas, cerca de 30 a 40 dias após a enxertia, retiram-se os saquinhos de proteção. A fita plástica só deve ser retirada  cerca de 90 a 120 dias após a enxertia.

A adubação em cobertura deve ser feita em três aplicações: 30, 60 e 90 dias após a enxertia. A quantidade de adubo a ser utilizado é de 5g por planta, o que corresponde a 1 colher de chá bem cheia. A mistura é feita com 100g de uréia, 100g de superfosfato simples e 60g de cloreto de potássio. Para corrigir a deficiência de zinco e manganês, utiliza-se uma solução composta de 55g de sulfato de zinco, 28g de sulfato de manganês e 24g de cal hidratada em 20 litros de água, em aplicação foliar.

As mudas estarão prontas para ser plantadas quando apresentarem 2 a 3 fluxos vegetativos, com folhas maduras de coloração verde (Fig. 6).

Fotos: Embrapa Semi-Árido
Fig. 6. Muda com três fluxos.

 

 

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