Embrapa Semi-Árido
Sistemas de Produção, 4
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Dez/2006
Cultivo de Melancia

Geraldo Milanez de Resende

Nivaldo Duarte Costa

Rita de Cássia Souza Dias

Sumário

 

Socioeconomia

Botânica

Composição química

Clima

Plantio

Cultivares

Nutrição e adubação

Irrigação

Tratos culturais

Pragas

Doenças

Colheita e pós-colheita

Custos

Referências

Glossário

 

Expediente

Autores

 

 

Plantio

Época de plantio

A época de plantio mais adequada é aquela em que durante todo o ciclo da cultura ocorrem as condições climáticas favoráveis. Para cada região, estas condições podem acontecer em épocas distintas do ano, de acordo com sua localização e altitude. A época de plantio mais favorável para a cultura da melancia é que apresenta temperaturas variando de 18° a 25°C. Em geral, nas regiões de clima frio, o plantio da melancia é feito de outubro a fevereiro; nas de clima ameno, de agosto a março, e nas regiões de clima quente, o ano todo, com uso da irrigação. Deve-se evitar, porém, as épocas de chuvas intensas.

No Nordeste do Brasil o cultivo da melancia ocorre sob condições de chuva e sob irrigação. A primeira é mais antiga e é um cultivo tradicional onde a melancia é plantada em consórcio com outras culturas alimentares ou de forma isolada, no período de dezembro a março. Nessa forma de cultivo, os agricultores utilizam sementes retiradas de suas próprias lavouras, o que permitiu que fosse criada uma diversidade genética para a cultura da melancia no Nordeste brasileiro. O cultivo em áreas irrigadas no Vale do São Francisco pode ocorrer durante todo o ano, sendo o período de agosto a outubro, o de maior concentração de plantio, que também corresponde à época de menor preço no mercado. No período de novembro a março, há uma menor área plantada, devido aos riscos de perda na colheita com as chuvas; no entanto, geralmente é quando se encontra um maior preço no mercado.

As maiores regiões produtoras da cultura encontram-se em condições de baixa altitude, em razão do clima propício, seco e quente, inclusive durante a estação de inverno, tais regiões possibilitam o plantio de março a julho, época de melhor cotação de preços em função de menor oferta do produto. No centro-sul, o plantio durante a primavera-verão, com temperaturas adequadas, porém com pluviosidade excessiva, não produz frutos de boa qualidade. Já a semeadura durante o outono, desde que a temperatura não se torne fator limitante, oferece condições para se obter alta produtividade e boa qualidade de frutos. Em locais altos (acima de 800 m de altitude), a época de plantio vai de agosto a março. Nos demais meses, as baixas temperaturas são fatores limitantes ao cultivo. Todavia, em locais baixos (abaixo de 400 m), com invernos suaves, pode-se semear o ano todo.

Sistema de plantio
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Utiliza-se geralmente o plantio em semeadura direta, gastando-se, em média, 0,8 kg (para as cultivares de frutos compridos e cilíndricos - 10 a 15 sementes/grama) a 1,0 kg de sementes por hectare (para as cultivares de frutos globulares - 20 a 24 sementes/grama), semeando-se a 2,0 a 3,0 cm de profundidade e colocando - se três a quatro sementes/cova. Em pequenas áreas, pode ser usada a adubação de plantio em sistema de covas, com as dimensões de 30 x 30 x 30 cm (comprimento x largura x profundidade); no caso de grandes áreas, a adubação é feita nos sulcos de plantio.

Para acelerar e uniformizar a germinação, pode-se fazer a imersão (embebição) prévia das sementes em água a 300C, por quatro horas. O semeio deve ser feito em solo úmido, para evitar que a semente se desidrate.

Outra forma de cultivo da melancia é o transplantio de mudas (principalmente no caso de sementes de maior valor), produzidas em recipientes próprios, tais como: bandejas de isopor, sacos plásticos ou copinhos de jornal. As cucurbitáceas, em geral, não toleram a formação de mudas de “raízes nuas”. É necessário ter cuidado para não passar do momento exato do transplantio, que não deve exceder o período da emissão da primeira folha definitiva ao início da segunda.

O transplante de mudas formadas em copinhos de papel apresenta como principais vantagens a diminuição do gasto com sementes; maior facilidade e economia nas irrigações e no controle de pragas e doenças durante a fase inicial da cultura; maior garantia na obtenção do número ideal de plantas por hectare e possibilidade de semeadura em meses anteriores ao recomendado em regiões frias, utilizando-se estufins (túneis baixos e recobertos). Além disso, as mudas feitas em copinhos podem ser utilizadas em replantios, quando se realiza a semeadura direta.

Os copinhos podem ser feitos de folhas de jornal, tendo como molde o fundo de uma garrafa ou latinha de formato cilíndrico e diâmetro de 8 cm. Para confecção, corta-se uma folha de jornal transversalmente, obtendo-se quatro a cinco tiras. Marca-se a altura escolhida geralmente de 10 a 12 cm, a partir do fundo, por meio de fita adesiva. As tiras são enroladas no molde, obedecendo-se a altura e dobrando a ponta do papel de modo a formar o fundo do copinho, sem utilização de cola. Finalmente, bate-se o fundo do molde sobre a mesa de trabalho e retira-se o copinho pronto. Para o enchimento dos copinhos, pode ser usada a mistura de 85 L de terra; 15 L de esterco de curral curtido; 200 a 300 g de superfosfato simples e 30 a 50 g de cloreto de potássio. Em cada copinho, semeiam-se duas sementes e cerca de 12 a 15 dias após, ou quando as plantinhas tiverem duas folhas definitivas, deverão ser transplantadas.

As mesmas vantagens descritas para as mudas de copinho podem ser estendidas para o transplante de mudas formadas em bandejas, o qual tem uso muito difundido e crescente entre os produtores de hortaliças. Recomenda-se utilizar no enchimento das bandejas uma mistura contendo terra vegetal, casca de arroz carbonizada e solo em partes iguais, sendo a adubação com cerca de 1,2 kg da fórmula 4-14-8 para cada 100 L da mistura, necessitando-se fazer o tratamento do solo com defensivos disponíveis no mercado para esse fim. Pode-se, ainda, utilizar substratos comerciais.

Espaçamento
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A planta de melancia possui considerável grau de capacidade de competição, sendo que à medida que se aumenta o espaço disponível, aumentam o desenvolvimento e a produção de cada planta individualmente.

No Brasil, os espaçamentos mais utilizados nos plantios de melancia irrigados por aspersão são de 2,00 m x 2,00 m para as cultivares de frutos cilíndricos e de 2,00 m x 1,50 m para as cultivares com frutos globulares, com duas plantas/cova. Nos plantios irrigados por sulco ou por gotejamento, recomenda-se um espaçamento que pode variar de 2,50 m a 3,00 m x 0,50 m a 1,00 m, deixando-se apenas uma planta por cova. Plantios no final da estação chuvosa requerem espaçamentos maiores, considerando-se que as plantas apresentam maior desenvolvimento vegetativo e encurtamento do ciclo. Durante a estação seca, à medida que a temperatura torna-se mais amena, os espaçamentos podem ser mais próximos, considerando que o ciclo da cultura aumenta de 15 a 30 dias nesta época. Podem ser usados os espaçamentos 2,50 x 0,70 m; 2,50 x 1,00 m e 3,00 x 1,00 m em épocas mais frias, dependendo da cultivar, tendo em vista que as cultivares de origem americana requerem maior espaçamento do que as de origem japonesa.

Recomenda-se o espaçamento de 3,00 m x 0,60 m a 0,80 m deixando-se uma planta por cova (4.166 a 5.555 plantas/hectare) para as condições do Vale do São Francisco, em condições irrigadas. No entanto, levando-se em consideração que os mercados interno e externo tendem a optar por frutos de menor peso, o espaçamento de 3,00 m x 0,40 m poderá ser indicado em função da maior produção de frutos pequenos (abaixo de 6,0 kg/fruto).

 

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