Embrapa Semiárido
Sistemas de Produção, 5
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Ago/2010
Sistema de Produção de Melão
Maria Auxiliadora Coelho Lima

Sumário

Apresentação
Socioeconomia
Clima
Manejo do solo
Adubação
Cultivares
Propagação
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Doenças
Pragas
Agrotóxicos
Colheita
Mercado
Rentabilidade
Referências
Glossário
Expediente

 

Colheita

 

Ponto de colheita
Cuidados na colheita
Operações pós-colheita

O melão deve ser colhido somente quando alcançar as características ideais de coloração, tamanho, formato e sabor e, para alguns tipos, o aroma também é importante. Dessa forma, o acompanhamento regular das mudanças que levam a essas características ideais, como forma de reconhecer o momento adequado para se fazer a colheita, contribui decisivamente para a qualidade do fruto.

Ponto de colheita

Para ajudar a decisão correta do momento de realizar a colheita do melão, algumas características, denominadas indicadores do ponto de colheita, podem ser usadas:

a) Número de dias após o plantio: dependendo do híbrido ou cultivar plantado, a colheita pode ocorrer entre, aproximadamente, 50 e 65 dias após a data do plantio. Além do material genético, a região e a época de cultivo também podem influenciar a duração desse período. Em função da dependência de um conjunto de outros fatores, o número de dias após o plantio fornece uma orientação ao produtor da necessidade de acompanhamento de outras características.

b) Cor e aspecto da casca: no momento da colheita, a coloração da casca deve ser uniforme e característica do híbrido ou da cultivar.

c) Teor de sólidos solúveis: o melão deve ser colhido quando tiver acumulado, no mínimo, 9 ºBrix. Mas, teores maiores, como 10 ºBrix a 12 ºBrix, são preferidos, principalmente quando os frutos são destinados para o mercado externo. Para o melão Cantaloupe, recomenda-se que a colheita seja feita quando o fruto apresentar 10 ºBrix. Para Orange Flesh, os valores devem ser de 10 ºBrix a 13 ºBrix, e para o Gália, de 12 ºBrix a 14 ºBrix.

Esses valores são obtidos quando se pinga uma gota do suco extraído diretamente da polpa do melão maduro em um aparelho denominado refratômetro.

d) Firmeza da polpa: é determinada usando um aparelho denominado penetrômetro e representa uma importante medida da resistência do fruto ao transporte e da sua conservação pós-colheita. Os valores de firmeza recomendados para a colheita variam conforme o híbrido ou a cultivar. Para os melões Orange Flesh, Cantaloupe (híbrido Hy Mark) e Gália (híbrido Solar King), a firmeza da polpa no momento da colheita deve ser de 30 N. Entre os melões Amarelos, o Gold Mine deve ser colhido com firmeza de polpa igual a 40 N, enquanto, para o AF 646, o valor é 24 N.

e) Desenvolvimento de rachadura em torno do pedúnculo: ocorrem em alguns tipos de melão, como Cantaloupe e Gália, em consequência do avanço do amadurecimento. Esta rachadura favorece a contaminação por fungos e bactérias, prejudicando a conservação dos frutos. Portanto, a colheita deve ocorrer antes que se desenvolva ou quando ainda esteja em fase inicial.

f) Mudança de cor na região de inserção do pedúnculo ao fruto: é um indicador de ponto de colheita para os melões cantaloupensis e reticulatus.

Considerando as diferenças entre os tipos de melão e a maior segurança na decisão, é recomendável o uso de mais de um dos indicadores citados. Na prática, a coloração da casca e o teor de sólidos solúveis são os mais utilizados.


Cuidados na colheita

Reconhecido o ponto ideal, a colheita deve ser realizada nas horas mais frescas do dia, usando tesoura ou faca afiada. O corte deve ser feito deixando-se o pedúnculo com, no mínimo, 1 cm de comprimento e, no máximo, 4 cm.

O manuseio durante a colheita deve ser cuidadoso, evitando-se danos que possam prejudicar a conservação do fruto. Cuidados especiais devem ser tomados quando se realiza a primeira colheita, a fim de não danificar a planta ou os frutos que ainda não atingiram as características mínimas para o consumo e serão colhidos numa segunda colheita

Os frutos colhidos devem ficar protegidos do sol, pela sombra das folhas, até o momento do transporte para o local de embalagem. Esse transporte deve ser realizado no mesmo dia da colheita e, durante o trajeto, o manuseio deve ser cuidadoso, evitando-se alta velocidade e estradas irregulares.


Operações pós-colheita

Os procedimentos adotados a partir da colheita do melão devem considerar principalmente a preservação da qualidade dos frutos, evitando-se, em cada uma das etapas do manuseio descritas a seguir, a exposição a condições que favoreçam a perda de água, a contaminação química ou microbiológica e a ocorrência de danos.

Recepção

Os frutos que chegam do campo devem aguardar, em um local do galpão de embalagem denominado de recepção, o momento de iniciar os procedimentos de limpeza, seleção, classificação, entre outros. Este ambiente, assim como os equipamentos, embalagens e demais áreas do galpão de embalagem, deve estar adequadamente limpo para receber os frutos. Da mesma forma, os trabalhadores devem adotar práticas de higiene pessoal que reduzam o risco de contaminação dos frutos.

Limpeza

Antes de serem embalados, os frutos devem ser limpos, retirando-se os resíduos de terra, as folhas ou outros agentes de contaminação. Nesse momento, já é possível a realização de uma seleção inicial, quando serão eliminados frutos que apresentem os defeitos mais graves, que podem comprometer a comercialização. Uma seleção mais criteriosa deve ser feita com os frutos limpos, observando-se o atendimento aos padrões de qualidade específicos para o mercado de destino.

Tratamentos complementares

Em alguns casos, os frutos podem ser submetidos a algumas práticas pós-colheita diferenciadas, principalmente quando os frutos se destinam à exportação. Por exemplo, a aplicação de fungicidas é adotada desde que haja justificativa técnica que indique a necessidade de controle de doenças que causariam prejuízos à conservação do fruto. Havendo necessidade do controle, devem ser aplicados produtos que possuem registro para a cultura. Para uso em pós-colheita de melão, estão registrados os produtos Imazalil e Prochloraz. A aplicação pode ser feita por imersão dos frutos na solução durante 2 min ou por pincelamento localizado na região do pedúnculo. No último caso, usa-se solução a 0,1% i.a. (ingrediente ativo).

O uso de cera também pode ser adotado como proteção à perda de água dos frutos. Geralmente, são usadas ceras à base de carnaúba, em aplicações por pulverização ou pincelamento da região do pedúnculo.

Seleção e classificação

A seleção visa eliminar melões com defeitos que possam comprometer a comercialização dos frutos. Os principais são: sementes soltas, ferimentos, queimaduras, deformações, “barriga branca”, cicatrizes, manchas decorrentes de viroses e bacterioses, depressão na casca e danos causados por insetos. Esses defeitos podem apresentar-se em diferentes escala de intensidade, o que determina a aceitação ou rejeição do fruto em alguns mercados.

Depois de selecionados, os melões serão classificados e acondicionados em caixas. Conforme a quantidade de frutos que possam ser acomodados na caixa, os melões são classificados nos tipos de 3 a 14.

Embalagem e paletização

As caixas usadas para embalagem devem ser de papelão. Para o mercado interno, elas têm capacidade para 13 kg e a preferência é por frutos dos tipos de 5 a 10.

As caixas usadas para exportação podem ter capacidade para 5 kg, 10 kg ou 12 kg. Para os melões Amarelo e Pele de Sapo, as mais usadas são as de 10 kg (de 5 a 14 frutos) e de 12 kg (de 3 a 5 frutos). Os melões Orange Flesh, Gália, Cantaloupe e Charantais são geralmente embalados em caixas de 5 kg (de 4 a 9 frutos).

Para o mercado externo, a embalagem também pode incluir sacolas de plástico de polietileno, principalmente nas caixas dos melões Gália e Cantaloupe, a fim de assegurar vida útil e qualidade compatíveis com o período de comercialização e distribuição.

Resfriamento rápido ou pré-resfriamento

Uma vez embalados, os frutos destinados à exportação são paletizados e submetidos a um resfriamento rápido, em túneis de ar forçado.

O objetivo dessa operação é baixar a temperatura interna do fruto o mais rápido possível, até atingir aquela que seja ideal para o armazenamento. A temperatura ideal para resfriamento rápido e posterior armazenamento em câmara fria varia entre os tipos de melão. O melão Amarelo deve ser armazenado a 10 ºC, os melões Cantaloupe, de 4 ºC a 6 ºC, e o Gália, a 7 ºC.

Além da temperatura, a umidade relativa durante o resfriamento também devem atender os níveis adequados recomendados para frutos: de 85 % a 95 %.

Armazenamento refrigerado

Em câmara fria, as condições de armazenamento do melão devem atender a temperatura ideal e umidade relativa recomendadas para o tipo específico de melão que está sendo armazenado, garantindo maior vida útil sem riscos de danos causados pelo frio.

Transporte e distribuição

A temperatura de transporte também deve atender às mesmas recomendações adotadas para o armazenamento refrigerado. Porém, geralmente são aplicadas aos frutos exportados. Aqueles que se destinam ao mercado interno, em geral, são transportados em caminhões comuns.

O período entre a colheita e o consumo do melão é bastante variável, conforme, principalmente, as práticas de pós-colheita e o híbrido ou cultivar. Mas, pode ser aumentado quando são fornecidas as condições adequadas de manuseio, embalagem, armazenamento e transporte.


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