Ponto de colheita
Cuidados na colheita
Operações pós-colheita
O melão deve ser colhido somente quando alcançar as características ideais de coloração, tamanho, formato e sabor e, para alguns tipos, o aroma também é importante. Dessa forma, o acompanhamento regular das mudanças que levam a essas características ideais, como forma de reconhecer o momento adequado para se fazer a colheita, contribui decisivamente para a qualidade do fruto.
Para ajudar a decisão correta do momento de realizar a colheita do melão, algumas características, denominadas indicadores do ponto de colheita, podem ser usadas:
a) Número de dias após o plantio: dependendo do híbrido ou cultivar plantado, a colheita pode ocorrer entre, aproximadamente, 50 e 65 dias após a data do plantio. Além do material genético, a região e a época de cultivo também podem influenciar a duração desse período. Em função da dependência de um conjunto de outros fatores, o número de dias após o plantio fornece uma orientação ao produtor da necessidade de acompanhamento de outras características.
b) Cor e aspecto da casca: no momento da colheita, a coloração da casca deve ser uniforme e característica do híbrido ou da cultivar.
c) Teor de sólidos solúveis: o melão deve ser colhido quando tiver acumulado, no mínimo, 9 ºBrix. Mas, teores maiores, como 10 ºBrix a 12 ºBrix, são preferidos, principalmente quando os frutos são destinados para o mercado externo. Para o melão Cantaloupe, recomenda-se que a colheita seja feita quando o fruto apresentar 10 ºBrix. Para Orange Flesh, os valores devem ser de 10 ºBrix a 13 ºBrix, e para o Gália, de 12 ºBrix a 14 ºBrix.
Esses valores são obtidos quando se pinga uma gota do suco extraído diretamente da polpa do melão maduro em um aparelho denominado refratômetro.
d) Firmeza da polpa: é determinada usando um aparelho denominado penetrômetro e representa uma importante medida da resistência do fruto ao transporte e da sua conservação pós-colheita. Os valores de firmeza recomendados para a colheita variam conforme o híbrido ou a cultivar. Para os melões Orange Flesh, Cantaloupe (híbrido Hy Mark) e Gália (híbrido Solar King), a firmeza da polpa no momento da colheita deve ser de 30 N. Entre os melões Amarelos, o Gold Mine deve ser colhido com firmeza de polpa igual a 40 N, enquanto, para o AF 646, o valor é 24 N.
e) Desenvolvimento de rachadura em torno do pedúnculo: ocorrem em alguns tipos de melão, como Cantaloupe e Gália, em consequência do avanço do amadurecimento. Esta rachadura favorece a contaminação por fungos e bactérias, prejudicando a conservação dos frutos. Portanto, a colheita deve ocorrer antes que se desenvolva ou quando ainda esteja em fase inicial.
f) Mudança de cor na região de inserção do pedúnculo ao fruto: é um indicador de ponto de colheita para os melões cantaloupensis e reticulatus.
Considerando as diferenças entre os tipos de melão e a maior segurança na decisão, é recomendável o uso de mais de um dos indicadores citados. Na prática, a coloração da casca e o teor de sólidos solúveis são os mais utilizados.
Reconhecido o ponto ideal, a colheita deve ser realizada nas horas mais frescas do dia, usando tesoura ou faca afiada. O corte deve ser feito deixando-se o pedúnculo com, no mínimo, 1 cm de comprimento e, no máximo, 4 cm.
O manuseio durante a colheita deve ser cuidadoso, evitando-se danos que possam prejudicar a conservação do fruto. Cuidados especiais devem ser tomados quando se realiza a primeira colheita, a fim de não danificar a planta ou os frutos que ainda não atingiram as características mínimas para o consumo e serão colhidos numa segunda colheita
Os frutos colhidos devem ficar protegidos do sol, pela sombra das folhas, até o momento do transporte para o local de embalagem. Esse transporte deve ser realizado no mesmo dia da colheita e, durante o trajeto, o manuseio deve ser cuidadoso, evitando-se alta velocidade e estradas irregulares.
Os procedimentos adotados a partir da colheita do melão devem considerar principalmente a preservação da qualidade dos frutos, evitando-se, em cada uma das etapas do manuseio descritas a seguir, a exposição a condições que favoreçam a perda de água, a contaminação química ou microbiológica e a ocorrência de danos.
Recepção
Os frutos que chegam do campo devem aguardar, em um local do galpão de embalagem denominado de recepção, o momento de iniciar os procedimentos de limpeza, seleção, classificação, entre outros. Este ambiente, assim como os equipamentos, embalagens e demais áreas do galpão de embalagem, deve estar adequadamente limpo para receber os frutos. Da mesma forma, os trabalhadores devem adotar práticas de higiene pessoal que reduzam o risco de contaminação dos frutos.
Limpeza
Antes de serem embalados, os frutos devem ser limpos, retirando-se os resíduos de terra, as folhas ou outros agentes de contaminação. Nesse momento, já é possível a realização de uma seleção inicial, quando serão eliminados frutos que apresentem os defeitos mais graves, que podem comprometer a comercialização. Uma seleção mais criteriosa deve ser feita com os frutos limpos, observando-se o atendimento aos padrões de qualidade específicos para o mercado de destino.
Tratamentos complementares
Em alguns casos, os frutos podem ser submetidos a algumas práticas pós-colheita diferenciadas, principalmente quando os frutos se destinam à exportação. Por exemplo, a aplicação de fungicidas é adotada desde que haja justificativa técnica que indique a necessidade de controle de doenças que causariam prejuízos à conservação do fruto. Havendo necessidade do controle, devem ser aplicados produtos que possuem registro para a cultura. Para uso em pós-colheita de melão, estão registrados os produtos Imazalil e Prochloraz. A aplicação pode ser feita por imersão dos frutos na solução durante 2 min ou por pincelamento localizado na região do pedúnculo. No último caso, usa-se solução a 0,1% i.a. (ingrediente ativo).
O uso de cera também pode ser adotado como proteção à perda de água dos frutos. Geralmente, são usadas ceras à base de carnaúba, em aplicações por pulverização ou pincelamento da região do pedúnculo.
Seleção e classificação
A seleção visa eliminar melões com defeitos que possam comprometer a comercialização dos frutos. Os principais são: sementes soltas, ferimentos, queimaduras, deformações, “barriga branca”, cicatrizes, manchas decorrentes de viroses e bacterioses, depressão na casca e danos causados por insetos. Esses defeitos podem apresentar-se em diferentes escala de intensidade, o que determina a aceitação ou rejeição do fruto em alguns mercados.
Depois de selecionados, os melões serão classificados e acondicionados em caixas. Conforme a quantidade de frutos que possam ser acomodados na caixa, os melões são classificados nos tipos de 3 a 14.
Embalagem e paletização
As caixas usadas para embalagem devem ser de papelão. Para o mercado interno, elas têm capacidade para 13 kg e a preferência é por frutos dos tipos de 5 a 10.
As caixas usadas para exportação podem ter capacidade para 5 kg, 10 kg ou 12 kg. Para os melões Amarelo e Pele de Sapo, as mais usadas são as de 10 kg (de 5 a 14 frutos) e de 12 kg (de 3 a 5 frutos). Os melões Orange Flesh, Gália, Cantaloupe e Charantais são geralmente embalados em caixas de 5 kg (de 4 a 9 frutos).
Para o mercado externo, a embalagem também pode incluir sacolas de plástico de polietileno, principalmente nas caixas dos melões Gália e Cantaloupe, a fim de assegurar vida útil e qualidade compatíveis com o período de comercialização e distribuição.
Resfriamento rápido ou pré-resfriamento
Uma vez embalados, os frutos destinados à exportação são paletizados e submetidos a um resfriamento rápido, em túneis de ar forçado.
O objetivo dessa operação é baixar a temperatura interna do fruto o mais rápido possível, até atingir aquela que seja ideal para o armazenamento. A temperatura ideal para resfriamento rápido e posterior armazenamento em câmara fria varia entre os tipos de melão. O melão Amarelo deve ser armazenado a 10 ºC, os melões Cantaloupe, de 4 ºC a 6 ºC, e o Gália, a 7 ºC.
Além da temperatura, a umidade relativa durante o resfriamento também devem atender os níveis adequados recomendados para frutos: de 85 % a 95 %.
Armazenamento refrigerado
Em câmara fria, as condições de armazenamento do melão devem atender a temperatura ideal e umidade relativa recomendadas para o tipo específico de melão que está sendo armazenado, garantindo maior vida útil sem riscos de danos causados pelo frio.
Transporte e distribuição
A temperatura de transporte também deve atender às mesmas recomendações adotadas para o armazenamento refrigerado. Porém, geralmente são aplicadas aos frutos exportados. Aqueles que se destinam ao mercado interno, em geral, são transportados em caminhões comuns.
O período entre a colheita e o consumo do melão é bastante variável, conforme, principalmente, as práticas de pós-colheita e o híbrido ou cultivar. Mas, pode ser aumentado quando são fornecidas as condições adequadas de manuseio, embalagem, armazenamento e transporte.
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