Um dos elos da cadeia produtiva mais  importante para a obtenção da eficiência econômica das  explorações agrícolas é a comercialização, uma vez que essa  atividade está diretamente associada à estabilidade e à renda dos  produtores. 
             No mercado  interno - o melão é comercializado nos mercados local de produção,  regional e nacional. 
              O mercado local é  constituído pelas cidades que estão situadas próximas aos polos de  produção, sendo os frutos comercializados a granel e apresentando  qualidade inferior. 
             O mercado regional  corresponde à região geopolítica onde o polo de produção está  assentado. Os polos de Mossoró e Açu, do Baixo Jaguaribe e do  Submédio São Francisco são os principais produtores de melão do  País e seus mercados regionais correspondem às capitais e às  principais cidades da região Nordeste. Neste mercado, os frutos  também são comercializados a granel e com qualidade inferior,  embora existam na região nichos de mercado que exigem um produto de  maior qualidade e encaixado. 
             O mercado nacional  é representado, principalmente, pelos grandes centros consumidores  da região Centro-Sul do País (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo  Horizonte e Brasília, DF). Tais centros de consumo estão se  organizando cada vez mais nos moldes dos grandes mercados  internacionais de produtos hortifrutícolas, que exigem frutos  encaixados e de alta qualidade. 
             No tocante à distribuição do melão  no mercado doméstico, os atacadistas são os principais agentes do  processo. Compram e vendem o produto a granel ou em caixas e, muitas  vezes, realizam outras funções, como a de classificação,  padronização e embalagem. 
             Existem vários  tipos de atacadistas, dependendo da área de atuação e das funções  de comercialização que assumem. Dentre eles, destacam-se os  atacadistas nacionais, representados, principalmente, pelos  atacadistas das Centrais Estaduais de Abastecimento S.A (CEASAs),  principais intermediadores dos produtos hortifrutícolas do País.   
             Também são elementos relevantes no  processo de comercialização de melão, no mercado interno, os  atacadistas regionais e locais, os primeiros sendo responsáveis pela  distribuição do melão nos principais centros de consumo da região  geopolítica onde está inserido o polo de produção, e os últimos,  agrupando a produção do polo onde atuam e a repassando para os  atacadistas regionais e nacionais. 
             Os principais clientes dos atacadistas  são as casas tradicionais de frutas, "sacolões",  feirantes de mercados municipais e de feiras livres, além de  minimercados de bairros. 
             Outro segmento que  amplia sua participação na distribuição do melão e dos demais  produtos hortifrutícolas no mercado doméstico são as grandes redes  de supermercados. Tais instituições – seguindo o exemplo das  redes de supermercados europeias - que hoje já controlam a  distribuição dos produtos hortifrutícolas na Europa, estão  implantando centrais de compras e distribuição, responsáveis pela  recepção do produto diretamente da empresa produtora, que é  distribuído para as demais lojas de sua área de atuação. 
             O período de maior  concentração da oferta de melão no mercado doméstico ocorre entre  os meses de outubro e fevereiro, período em que os polos de produção  de Mossoró e Açu, no Rio Grande do Norte e do Baixo Jaguaribe no  Ceará, responsáveis,  respectivamente, por 46,57% e 35% do melão  produzido no País e escoam boa parte de suas produções. 
             Nos principais  mercados consumidores do País, a época do ano de baixa oferta do  melão, acontece entre os meses de março e julho, quando a oferta de  melão potiguar e cearense no mercado é baixa. 
             Esse fenômeno é explicado pela  dificuldade de se produzir melão naquelas zonas de produção  durante a estação das chuvas (janeiro até maio) e permite que os  produtores de melão do Submédio São Francisco alcancem com mais  fluidez os grandes mercados consumidores, já que o clima da região  permite que se cultive o melão praticamente durante todos os meses  do ano. 
             Mercado externo - O melão ampliou bastante sua participação nas exportações  brasileiras de frutas, tanto que em 2004 foi exportado 142.587  toneladas, passando para 211.789 toneladas em 2008 (Secex,  2009). 
             Outra  característica importante do melão, em relação ao mercado  externo, é que se trata da fruta brasileira mais típica de  exportação, pelo fato de destinar maior percentual de sua produção  ao mercado externo chegando, em algumas safras, a ultrapassar os 40%  do volume comercializado, ao passo que a maioria das outras frutas  não ultrapassa os 5%.	 Praticamente, todo o melão exportado pelo  Brasil sai dos polos de produção de Mossoró e Açu e do Baixo  Jaguaribe alcançando o mercado internacional, principalmente a União  Europeia, mercado que absorve cerca de 90% das exportações  brasileiras de melão, entre os meses de setembro e março, época  que corresponde às estações de outono e inverno na Europa. 
             No ano de 2008, a  Holanda, que atua como mercado reexportador distribuindo o produto  para os demais países do continente, importou 76 mil t, seguida pelo  Reino Unido com 68 mil t; em seguida, vem a Espanha (46 mil t).  Outros países que também se destacam como importantes centros  importadores do melão brasileiro são: Alemanha, Itália e Portugal  (Secex, 2009). 
             Em nível mundial,  a tendência do melão é de excepcional crescimento de mercado. Na  década de 1970, o crescimento mundial do consumo de melão, foi de  3%; na de 1980, de 4,1 %, na de 1990 de 4,8% e na metade da primeira  década de 2000, já registra um crescimento de 4,3%. Esse  crescimento acelerado indica que os mercados não estão ainda  consolidados e recebem novos consumidores. A União Europeia,  principal mercado importador do Brasil, mostra aumento em suas  importações de melão desde a década de 1980, quando cresceu  anualmente a uma taxa de 8,2%. Esse crescimento acelerou para 10,7%  ao ano na década de 1990. É importante afirmar que a principal  causa do aumento do consumo do melão na União Europeia é o fato de  este produto nesse mercado estar passando da fase de produto de  consumo de temporada para um produto de consumo contínuo, visto que  esse crescimento está ocorrendo, principalmente, no outono e no  inverno quando, tradicionalmente, é de pouco consumo.  
             Com relação à forma de organização  do mercado internacional de melão, principalmente do mercado  europeu, que absorve cerca de 90% das importações brasileiras,  constata-se que nesse macromercado a distribuição está concentrada  nas mãos das grandes redes de supermercados que passam a exigir, com  intensidade crescente, maior nível de qualidade no tocante às  características intrínsecas do produto (consistência, uniformidade  de forma, tamanho e cor, teor de açúcar, etc.). 
             No tocante às  preferências dos consumidores europeus em relação ao melão,  constata-se, atualmente, que na maioria dos países que compõem o  macromercado da União Europeia, a preferência é por frutos de  tamanho pequeno (média de 1 kg) e forma arredondada. A única  exceção ocorre no mercado espanhol, que prefere melões grandes e  de forma elíptica ou ovolada. 
             Neste contexto, as  empresas brasileiras produtoras e exportadoras de melão estão  vivendo uma excelente oportunidade de ampliação de exportações,  em virtude do aumento do consumo do fruto, na Europa, nos períodos  de outono e inverno, época em que acontecem as exportações  brasileiras para aquele mercado. Entretanto, como os tipos de melão  exportados pelo Brasil (Amarelo e Pele-de-sapo) apresentam tamanho e  formas diferentes do que prefere a maioria dos consumidores europeus  (tamanho médio a grande e formas elípticas ou ovaladas) e a  qualidade do fruto ainda não está dentro dos padrões exigidos  pelos grandes operadores internacionais, o setor brasileiro  exportador de melão vive, também, uma forte ameaça de perda de  cota de mercado para outros países que entram no mercado europeu na  mesma época das exportações do Brasil, com frutos de melhor  qualidade e dimensões mais adequadas ao gosto dos europeus, como é  o caso da Costa Rica. Tal situação exige que os produtores e  exportadores brasileiros reformulem suas estratégias produtivas e  comerciais, para manter suas participações nesse mercado. 
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