Embrapa Semiárido
Sistemas de Produção, 5
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Ago/2010
Sistema de Produção de Melão
Alessandra Monteiro Salviano Mendes
Davi José Silva
Clementino Marco Batista de Faria

Sumário

Apresentação
Socioeconomia
Clima
Manejo do solo
Adubação Cultivares
Propagação
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Doenças
Pragas
Agrotóxicos
Colheita
Mercado
Rentabilidade
Referências
Glossário
Expediente

 

Adubação

 

Principais sintomas de deficiência
Amostragem de solo para fins de avaliação de fertilidade
Análise foliar
Curva de absorção de nutrientes
Solo
Calagem
Adubação
Quantidade de adubo aplicada
Forma e época de aplicação do adubo

A utilização de ferramentas como análises de solo e de tecido foliar da cultura e o histórico da área (produtividade, adubações anteriores, etc.) são essenciais na recomendação das doses de nutrientes mais adequadas à cultura, ao local e época de plantio e ao manejo utilizado pelo produtor.

Com isso, podem-se conseguir aumentos na produtividade da cultura, redução de custos com adubação, prevenindo-se futuros problemas nutricionais que podem facilitar o aparecimento de pragas e doenças. Em consequência disso, haverá uma melhor qualidade de vida para o produtor e menor impacto ambiental, ocasionado pelo uso excessivo de fertilizantes e agrotóxicos que podem contaminar o solo e as águas subterrâneas.

Além da análise de solo, a observação visual também é uma ferramenta que pode ser utilizada na identificação de possíveis problemas nutricionais das plantas, no entanto, deve ser utilizada em complemento às análises de solo e tecido vegetal.

Assim, neste capítulo apresentaremos informações importantes sobre o uso dessas ferramentas na adubação da cultura do melão.

Principais sintomas de deficiência

Nitrogênio (N)

Clorose generalizada e hábito estiolado são os sintomas mais característicos, sendo mais visíveis nas partes mais velhas da planta, pois esse nutriente se move com facilidade. O crescimento é menor e mais lento, as plantas apresentam-se pouco viçosas. O fruto, geralmente, é bem colorido.

Fósforo (P)

Folhagem verde-escura ou azul-esverdeada é um dos primeiros sintomas de deficiência de desse nutriente. Frequentemente desenvolvem-se pigmentos vermelhos, purpúreos e marrons nas folhas, especialmente ao longo das nervuras. O crescimento é reduzido e sob condições de deficiência severa, as plantas tornam-se enfezadas.

Potássio (K)

As folhas apresentam-se verde-escuras ou azul-esverdeadas, como na deficiência de P. Pequenas manchas de tecido morto (necróticas) se desenvolvem nas folhas, podendo haver também necrose marginal ou murchamento. O crescimento é reduzido e, sob deficiência severa, gemas laterais e terminais podem morrer (“seca”).

Cálcio (Ca)

Os sintomas aparecem mais cedo e mais severamente nas regiões meristemáticas e em folhas jovens, pois esse nutriente move-se pouco dentro da planta. O crescimento das raízes é severamente afetado e aquelas danificadas tornam-se predispostas à infecção por bactérias e fungos. A sua deficiência também acarreta o aparecimento da transparência da polpa e na evolução da firmeza do melão, parâmetros de qualidade fundamentais. A transparência caracteriza-se pelo aspecto vítreo que algumas zonas da polpa do fruto adquirem durante sua maturação, especialmente em algumas variedades como os melões Cantaloup. Em caso de deficiência acentuada, pode aparecer a podridão apical do fruto ou “Blossom-end-rot”.

Magnésio (Mg)

Diferente do Ca, esse nutriente é rapidamente transportado das partes mais velhas para as mais jovens da planta (brotos e folhas novas), com crescimento ativo. Como resultado, os sintomas de deficiência aparecem primeiro nas folhas maduras. Clorose marginal é comum, frequentemente acompanhada pelo desenvolvimento de uma variedade de pigmentos. A clorose também pode começar em fragmentos ou manchas irregulares que mais tarde fundem-se e se espalham até as margens e pontas das folhas.

Enxofre (S)

Geralmente, os sintomas da deficiência de S são confundidos com os da deficiência de N, provavelmente por esses dois nutrientes serem constituintes de proteínas. No entanto, a deficiência de S aparece inicialmente nas folhas mais jovens, porque este elemento não se redistribui na planta, devido a sua baixa mobilidade na floema.

Boro (B)

As gemas apicais são frequentemente danificadas pela deficiência de B podendo ocasionar sua morte. Os tecidos do caule apresentam-se duros, secos e quebradiços. As folhas podem se tornar distorcidas e o caule, áspero e fendido, frequentemente com saliências corticentes e/ou manchas. O florescimento é severamente afetado. Se o fruto se forma, frequentemente apresentam sintomas similares aos encontrados nos caules. O crescimento radicular é reduzido e a ocorrência de infecções por fungos e bactérias são uma consequência secundária da deficiência desse nutriente, tanto na raiz quanto na parte aérea.

Zinco (Zn)

As folhas tornam-se cloróticas, podem tornar-se necróticas ou, ainda, apresentam-se pequenas e torcidas. O florescimento e a frutificação são muito reduzidos sob condições de severa deficiência e a planta pode ficar enfezada e disforme.

Cobre (Cu)

As folhas podem ficar cloróticas ou de coloração azul-esverdeada escura, com margens enroladas para cima. O florecismento e a frutificação são reduzidos.

Molibdênio (Mo)

Clorose internerval, sendo que as nervuras permanecem verdes claras, dando um aspecto mosqueado. As margens das folhas tendem a torcer e enrolar e, em casos de deficiência severa, a planta inteira tem seu desenvolvimento retardado.

Quando as plantas recebem suprimento de N na forma de amônio, têm menor exigência em Mo do que quando a fonte utilizada é o nitrato, porque esse elemento atua como cofator da redutase de nitrato, enzima requerida para a assimilação do nitrato. Contudo, se a fonte for o sulfato de amônio, o íon sulfato em excesso pode competir com o íon molibdato, causando deficiência de Mo.

Amostragem de solo para fins de avaliação de fertilidade

A avaliação da disponibilidade de nutrientes no solo é feita, em geral, com base na análise de sua fertilidade. Para se avaliar a fertilidade do solo, deve-se, inicialmente, fazer a análise química em laboratório, onde é determinado o valor do pH, os teores dos principais nutrientes exigidos pelas plantas e os dos elementos que são tóxicos (alumínio e sódio). Essas informações são importantes para que se possa fazer uma adubação adequada, verificar a necessidade de calagem e detectar problemas de salinidade.

As áreas a serem amostradas possuem, muitas vezes, grandes extensões e, somando-se a isso, a heterogeneidade horizontal e vertical, naturais do solo, faz com que critérios científicos necessitem ser seguidos com o maior rigor possível. Por isso, apesar de parecer simples, a coleta de amostras de solo exige conhecimento e deve ser realizada por técnico devidamente orientado. Por essa razão, para que a análise do solo represente fielmente as suas condições é necessário que se faça uma amostragem muito bem feita da área, procedendo-se da seguinte forma:

- Inicialmente, divide-se a área da propriedade em subáreas homogêneas de, no máximo, 10 ha, considerando-se a topografia (baixada, plana, encosta ou topo), a vegetação ou cultura, o tipo de solo quanto à cor (amarelo, vermelho, cinza ou preto), textura (argilosa, média ou arenosa), drenagem, ao grau de erosão e, finalmente, ao uso (virgem ou cultivado, adubado ou não).

- Para cada subárea homogênea, coletar em forma de ziguezague, no mínimo, 20 amostras simples a uma profundidade de até 20 cm, colocando a terra numa vasilha (balde plástico) limpa. Misturar toda a terra coletada e, da mistura, retirar uma amostra composta com aproximadamente 0,5 kg de solo e colocá-la num saco plástico limpo ou numa caixinha de papelão. Identificar essa amostra e enviá-la para um laboratório.

- Recomenda-se fazer a amostragem do solo 3 meses antes do plantio e repeti-la uma vez a cada 3 anos, no mínimo.

- Não coletar amostras em locais de formigueiro, monturo, coivara ou próximos a curral, estrada e veredas. Antes da coleta, limpar a superfície do terreno, caso haja mato ou resto vegetal. A amostragem é facilitada quando o solo está um pouco úmido.

As amostras podem ser coletadas com trado, com cano galvanizado de três quartos ou de 1 polegada.

Análise foliar

Do mesmo modo que a amostragem do solo para fins de avaliação da fertilidade, a amostragem do tecido vegetal é uma das etapas mais importantes para aumentar a probabilidade de sucesso no uso da análise foliar. No entanto, em culturas temporárias como o melão, por causa da demora no retorno dos resultados da análise da amostra de tecido vegetal enviada ao laboratório, dificilmente será possível intervir na mesma safra em tempo hábil. Nesse caso, a análise foliar servirá para fazer um ajuste no programa de adubação, complementando as informações obtidas na análise de solo e no histórico da área cultivada.

A composição das folhas é afetada por diversos fatores; assim, para que a interpretação dos resultados não seja prejudicada é essencial a padronização do processo de amostragem. Na Tabela 1 são apresentadas os teores de macro e micronutrientes adequados nas folhas, para a cultura do melão, encontrados na literatura, o período de coleta mais indicado, a parte da planta e a quantidade de amostra a ser coletada.

Após a coleta, devem-se acondicionar as amostras em sacos de papel, identificando-as e enviando-as, imediatamente, para um laboratório.

 
Tabela 1. Parte da planta a ser coletada, época de coleta e teores de nutrientes adequados na cultura do melão.

Parte da planta

Estádio de crescimento

Quantidade de amostra

Macronutrientes (g kg-1)

N

P

K

Ca

Mg

S

Folhas completamente desenvolvidas

45 dias

40 folhas/gleba homogênea

35,1

3,9

42,1

37,4

10,9

1,9

5a. folha a partir da ponta, excluindo o tufo apical

da metade até 2/3 do ciclo da planta

15 plantas

25-50

3-7

25-40

25-50

2-12

2-3




Micronutrientes (mg kg-1)




Cu

Fe

Zn

Mn

B

Folhas completamente desenvolvidas

45 dias

40 folhas/gleba homogênea

17

516

51

160

57

5a. folha a partir da ponta, excluindo o tufo apical

da metade até 2/3 do ciclo da planta

15 plantas

10-15

50-300

20-60

50-200

30-80

Fonte: Trani e Raij (1996); Martinez et al. (1999).
 

 

Curva de absorção de nutrientes

O conhecimento da quantidade de nutrientes acumulada na planta (Tabela 2), em cada estádio de desenvolvimento, fornece informações importantes que podem auxiliar no programa de adubação das culturas. Deve-se ter consciência, no entanto, que as curvas de absorção refletem o que a planta acumula, e não o que deve ser aplicado, uma vez que é necessário considerar a eficiência de aproveitamento dos nutrientes, que é variável segundo as condições climáticas, o tipo de solo, o sistema de irrigação, o manejo cultural, entre outros fatores. De modo mais efetivo, essas curvas auxiliam no programa de adubação, principalmente na quantidade dos diferentes nutrientes que devem ser aplicados nos distintos estádios fisiológicos da cultura.

Segundo Silva Júnior et al. (2006), a absorção e acúmulo de nutrientes no melão pele de sapo é pequena nos primeiros 30 dias após o transplantio, intensificando-se depois e alcançando a máxima taxa de acumulação diária entre os 43 e 54 dias, sendo que as folhas e os frutos são os principais drenos de nutrientes em todo o ciclo da cultura. Quantitativamente, a sequência dos nutrientes extraídos pelo meloeiro “pele-de-sapo foi: K > Ca > N > P > Mg. Isto determina que os nutrientes móveis no solo e facilmente lixiviáveis, como o nitrogênio e o potássio, devem ser aplicados para estarem disponíveis após os primeiros 30 dias. A eficiência de absorção dos nutrientes pela planta diminui a partir dos 54 dias, sendo inadequada sua aplicação após esse período.

 
Tabela 2. Extração, exportação e percentagem de exportação de macronutrientes por cultivar de melão Pele de Sapo em ambiente Semiárido.

Prod.

(t ha-1)


N

P

K

Ca

Mg

--------------kg ha-1-------------------

21,97

Quantidade total de nutrientes extraída pela cultura

34

11,1

139,5

96,8

7,6

Quantidade de nutrientes exportada pelo fruto na colheita

12,7

6,3

58,2

22,7

2,1

% do total exportada pela colheita

37

57

42

23

28

Fonte : Silva Júnior et al. (2006)
 

O melão é uma das cucurbitáceas que apresenta maior exigência nutricional e também se destaca por exportar grandes quantidades dos nutrientes acumulados ao longo do ciclo. Os nutrientes exportados pelos frutos devem ser restituídos pela adubação, enquanto aqueles contidos na parte aérea podem ser incorporados ao solo dentro de um programa de reaproveitamento de restos culturais.

Solo

O tipo de solo ideal para o cultivo do meloeiro é o de textura franco-arenosa ou areno-argilosa, leves, soltos, profundos, bem drenados, com pH variando de 6,4 a 7,2. Solos com pH levemente ácido podem favorecer o desenvolvimento de cancro das hastes.

Para o cultivo de cucurbitáceas, de modo geral, recomenda-se solos profundos, friáveis e bem estruturados. As áreas de solos aluviais, com fertilidade alta, boa drenagem interna e não sujeitas à inundação, são muito recomendadas. Os solos de baixadas úmidas podem, também, ser utilizados, desde que convenientemente drenados e corrigidos seus desvios de fertilidade. Fazem-se restrições aos solos rasos e aos arenosos. Quanto à textura, recomenda-se como ideal, solos de textura média, com 30% a 35% de argila. Os solos leves ou de textura média são preferíveis aos argilosos, desde que exista a possibilidade de irrigação.

Calagem

A cultura do melão desenvolve-se satisfatoriamente em solos com pH na faixa de 6 a 7 e saturação por bases de 80%. Em solos ácidos, a utilização da calagem é essencial para promover a neutralização do alumínio trocável, que é um elemento tóxico às plantas, e aumentar a disponibilidade de P, Ca, Mg e Mo. Mesmo em solos que não apresentem problemas de acidez, mas que contenham teores baixos de Ca e Mg, há necessidade de aplicação de calcário ou de outra fonte destes elementos, principalmente Ca, cuja deficiência severa pode causar a podridão apical nos frutos ou “fundo preto”, como é conhecido popularmente esse distúrbio fisiológico.

A aplicação de calcário deve ser feita a lanço e incorporada ao solo por meio de gradagem, com antecedência mínima de 30 dias do plantio. Deve-se lembrar que a reação do calcário no solo, neutralizando sua acidez, somente se processa na presença de umidade, e é tanto mais lenta quanto menor seu PRNT (poder relativo de neutralização total). Por isso, é importante que o calcário tenha um PRNT elevado, igual ou acima de 80%.

Na escolha do calcário, deve-se dar preferência ao calcário dolomítico, porque, além do cálcio, possui, também, teores elevados de magnésio. A quantidade de calcário, assim como a quantidade de fertilizantes a ser aplicada, deve ser baseada nos resultados da análise química solo.

De acordo com a legislação brasileira, os calcários que contenham até 5% de óxido de magnésio (MgO) são denominados calcíticos, os que apresentam entre 5% e 12% são denominados de magnesianos; e quando o teor de óxido de magnésio for superior a 12% são chamados de dolomíticos.

O cálculo da quantidade de calcário a ser aplicada poderá ser feito para a elevação da porcentagem de saturação por bases para 80%, conforme a equação a seguir:

NC={(V2-V1)*CTC}/100, sendo:

NC= necessidade de calagem (t/ha).

V2= valor da saturação por bases desejada (%).

V1= valor da saturação por bases inicial do solo (%).

A necessidade de calcário também poderá ser calculada pelo método da neutralização do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+:

NC = {[2 x Al + [3 – (Ca + Mg)]x f}, sendo:

NC= necessidade de calagem (t/ha).

Al= teor de alumínio trocável do solo (cmolc/dm3).

Ca= teor de cálcio trocável do solo (cmolc/dm3).

Mg= teor de magnésio trocável do solo (cmolc/dm3).

f= 100/PRNT.

PRNT= Poder Relativo de Neutralização Total do calcário

A escolha do método deverá ser baseada em critérios técnicos, como textura e capacidade tampão do solo.

A aplicação de calcário ao solo sem considerar os resultados da análise de solo, muito comum entre os agricultores, não é recomendada. Isto porque o pH poderá atingir valores acima de 7, o que poderá ocasionar perda de nitrogênio por volatilização, desequilíbrio entre os nutrientes Ca, Mg e K, reduzindo a absorção do último, e menor disponibilidade de Cu, Fe, Mn e Zn.

Adubação

Para a adubação orgânica do melão, recomendam-se 20 m3ha-1 de esterco de curral bem curtido ou 2 t ha-1 de torta de mamona, também bem curtida.

Como adubação mineral, recomendam-se 40 kg ha-1 de nitrogênio e doses de P2O5 (fósforo) e K2O (potássio), conforme a análise do solo (Tabela 3), a serem aplicados em fundação, antes do plantio.

 
Tabela 3. Adubação com P2O5 (fósforo) e K2O (potássio) e N (nitrogênio) baseada na análise de solo para o estado de Pernambuco.

Teores no solo

Plantio

Cobertura


------------------- kg ha-1.--------------------



Nitrogênio (N)


(não analisado)

40


80







Fósforo (P2O5)


..........mg dm-3 de P..............




<6

160


-

06 -12

120


-

13 -25

80


-

> 25

40


-







Potássio (K2O)


........cmolc dm-3 de K........




< 0,08

40


120

0,08 – 0,15

40


80

0,16 – 0,30

40


40

> 0,30

-


40

Fonte: Cavalcanti (2008).
 

 

Quantidade de adubo aplicada

Conforme a concentração de nutrientes nos fertilizantes (Tabela 4) calcula-se as quantidades de adubos necessárias para atender às doses dos nutrientes que foram recomendadas para suprir as exigências da planta.

 
Tabela 4. Garantias mínimas de nutrientes nos principais fertilizantes utilizados no cultivo do melão.

FONTES NITROGENADAS

N

NO3-

N

NH4+

N

amídico

K2O

Ca

Mg

P2O5 Solúvel CNA+H2O

S

Uréia

-

-

44

-

-

-

-

-

Sulfato de amônio

-

20

-

-

-

-

-

22-24

Nitrato de cálcio

14

1,5

-

-

18-19

0,5-1,5

-

-

Nitrato de potássio

13

-

-

46

-

-

-

-









FOSFATADAS

P2O5 Solúvel Água

P2O5 Solúvel Citrato Neutro de Amônio + H2O

P2O5 Solúvel

Ácido

Cítrico

Ca

Mg

N

NH4+

S

Fosfato monoamônio (MAP)

44

48

-

-

-

9

-

Fosfato diamônio(DAP)

38

45

-

-

-

16

-

Superfosfato simples

16

18

-

18-20

-

-

10-12

Superfosfato triplo

37

41

-

12-14

-

-

-

Ácido fosfórico

53

-

-

-

-

-

-








POTÁSSICAS

K2O Solúvel Água

Cloro

S

N

NO3-

Mg

-

-

Cloreto de potássio

58

45-48

-

-

-

-

-

Sulfato de potássio

48

-

17-18

-

0-1,2

-

-

Fonte: Instituto da Potassa e Fosfato (1998).
 

Exemplo: aplicar 40 kg ha-1 de N, 40 kg ha-1 de P2O5 e 40 kg ha-1 de K2O antes do plantio (adubação de plantio) e 80 kg ha-1 de N e 40 kg ha-1 de K2O na adubação de cobertura.

Cálculo:

Considerando que na fórmula existe 10% de P2O5 , ou seja, em cada 100 kg da fórmula 10-10-10 temos 10 kg de P2O5, fazemos uma regra de três simples para encontrar a quantidade da fórmula necessária para o fornecimento da quantidade do nutriente recomendada para a cultura, conforme exemplo abaixo:

100 kg da fórmula -------------------------------- 10 kg de P2O5

X kg da fórmula ----------------------------------- 40 kg de P2O5

X= (40 x 100 )/ 10 -> 400 kg ha-1 da fórmula 10-10-10.

Torna-se evidente que os 400 kg dessa fórmula na adubação de fundação também vão fornecer as quantidades de N e K2O exigidas na recomendação.

Para adubação de cobertura, usa-se um fertilizante nitrogenado, como a uréia, e outro potássico, como o cloreto de potássio, para fazer os cálculos:

100 kg de uréia ----------------------------------------------------- 45 kg de N

X kg de uréia -------------------------------------------------------- 80 kg de N

X= 80 x 100 / 45 -> 178 kg ha-1 de uréia.

100 kg de cloreto de potássio ----------------------------------- 60 kg de K2O

X de cloreto de potássio ------------------------------------------ 40 kg de K2O

X= 40 x 100 / 60 -> 67 kg ha-1 de cloreto de potássio.

Às vezes, o uso de fertilizantes formulados não permite o fornecimento adequado das quantidades de nutrientes requeridas pela cultura em determinada fase de desenvolvimento. Para minimizar isso, deve-se sempre escolher a fórmula que permitirá fornecer as quantidades de nutrientes mais aproximadas daquelas recomendadas para a cultura ou então, utilizar os fertilizantes simples para preparo da fórmula mais adequada às condições do solo do local de plantio. Pode-se também utilizar uma fonte mista de nutrientes, como o DAP (fosfato diamônio) na adubação de fundação, ou o nitrato de potássio na adubação de cobertura. A escolha dependerá das condições do solo, da disponibilidade do adubo e dos custos de aquisição.

Forma e época de aplicação do adubo

Na adubação de fundação, os fertilizantes orgânicos e minerais devem ser aplicados em sulco, abaixo e ao lado da semente ou muda do melão. É importante que se misture esses fertilizantes, principalmente o orgânico, com a terra do sulco, antes de cobri-lo completamente. Isso permite que ocorra melhor solubilidade dos fertilizantes e melhor distribuição dos nutrientes no volume de solo úmido que será explorado pelas raízes do melão.

Os fertilizantes minerais mais utilizados são as fórmulas comerciais, como 6-24-12 e 10-10-10, o sulfato de amônio (20% de N), a uréia (45% de N), o superfosfato simples (18% de P2O5), o superfosfato triplo (42% de P2O5), o cloreto de potássio (60% de K2O) e o sulfato de potássio (50% de K2O).

A dose de N recomendada para cobertura deve ser aplicada após 25 dias do plantio. Caso o solo seja arenoso, a dose deve ser parcelada em duas aplicações, uma aos 20 e outra aos 40 dias após o plantio. Nesse caso, a dose de K2O indicada pela análise de solo também deve ser dividida em duas aplicações, metade em fundação e a outra em cobertura, junto com a última aplicação de N.

A adubação nitrogenada, em cobertura, pode ser feita com uréia ou com sulfato de amônio. Como o N pode ser perdido por volatilização, na forma de NH3 (gás de amônia), é conveniente que a uréia seja aplicada em pequenos sulcos e cobertos com a terra, e que se faça uma irrigação logo após sua aplicação, para favorecer a movimentação desse nutriente dentro do solo e seu contato com as raízes. No entanto, deve-se evitar irrigações pesadas, para não provocar a perda de nitrogênio por lixiviação, uma vez que essa forma é móvel no solo, acompanhando toda a água de percolação.

Quando o pH do solo estiver acima de 7 deve-se usar o sulfato de amônio em vez da uréia, porque nesses solos as possibilidades de perdas de nitrogênio por volatilização da uréia são maiores do que as do sulfato de amônio.

Recomenda-se usar as combinações sulfato de amônio e superfosfato triplo ou uréia e superfosfato simples, para garantir também o fornecimento de enxofre às plantas. Para o potássio, é aconselhável o uso alternado do cloreto com o sulfato de potássio entre os cultivos, porque o excesso de cloreto no solo aumenta sua condutividade elétrica (CE), podendo ocasionar redução de produtividade. No entanto, o meloeiro apresenta variação quanto a tolerância à salinidade, entre cultivares, condições ambientais e de manejo.

Em solos com baixa capacidade de infiltração, que tenham recebido adubação com sulfato de amônio em doses elevadas, é comum ocorrer deficiência de molibdênio (Figura 1), provocando um amarelecimento nas folhas das plantas do melão, que pode reduzir drasticamente o crescimento vegetativo e a produtividade de frutos.

Fotos:Davi José da Silva.

Figura 1. Sintomas e deficiências de molibdênio e plantas e melão.
 
 

A correção dessa deficiência pode ser feita com aplicação foliar de molibdato de sódio a 0,05% (10 g/20 litros), assim que surjam os primeiros sintomas. Com duas a três pulverizações, a intervalos semanais, normalmente os sintomas desaparecem. Em áreas com solo nessas condições, é preferível iniciar essas pulverizações na primeira semana após a germinação, como medida preventiva.

Outro método de aplicação de fertilizantes é a utilização da fertirrigação, que consiste em aplicar os fertilizantes via água de irrigação pelo sistema de gotejamento.

Como o fosfato monoamônio (MAP), ácido fosfórico e nitrato de cálcio são fertilizantes mais caros do que as outras fontes dos mesmos nutrientes, eles são mais utilizados em sistemas de agricultura que possuem um alto nível tecnológico. Em sistemas mais simples, se aplica todo o fósforo em fundação antes do plantio sob a forma de superfosfato simples ou superfosfato triplo, e na fertirrigação, usa-se apenas a uréia e o cloreto de potássio ou o sulfato de potássio. Neste caso, a uréia deve ser parcelada em aplicações no período de 3 a 42 dias após a germinação do melão. As fontes de potássio devem ser aplicadas de 3 a 55 dias após a germinação.


 
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