Mosca-branca
Brocas-das-cucurbitaceas
Pulgão
Moscas minadoras
Mosca-das-frutas
Pragas secundárias
Dentre os fatores que limitam a produtividade do meloeiro destacam-se os danos ocasionados por pragas. A seguir, serão apresentadas as principais pragas que ocorrem na cultura do meloeiro no Brasil, sugestões de amostragens e alternativas de controle.
A frequência de amostragem na cultura deve ser planejada de forma sistemática, proporcionando ao agricultor detectar a presença da praga logo no início da sua ocorrência, facilitando-se assim o controle da mesma com a aplicação das medidas de controle recomendadas.
A amostragem deve ser efetuada com intervalo máximo de uma semana, tomando-se 20 pontos para uma área de até 2,5 ha. O caminhamento deve ser em ziguezague, percorrendo-se uniformemente toda área a ser amostrada.
Mosca-branca – Bemisia tabaci, biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae) |
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Trata-se de uma das pragas de maior Socioeconomia para cultura do meloeiro no Brasil (Figura 1). Este inseto apresenta alto potencial biótico, elevada capacidade de adaptação a novos hospedeiros, diferentes condições climáticas e grande capacidade para desenvolver resistência aos inseticidas. Estes fatores fazem com que seu controle seja dificultado.
Os fatores climáticos são condicionantes para o desenvolvimento da mosca-branca. Altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar favorecem seu desenvolvimento. A disseminação da praga ocorre mais frequentemente pelo transporte de partes vegetais de plantas infestadas de um local para outro.
Fotos: José Adalberto de Alencar |
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Figura 1. a) Adultos de mosca-branca em meloeiro; b) ninfas (fase jovem) de mosca-branca em meloeiro.
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Danos
A mosca-branca pode ocasionar danos diretos e indiretos na cultura do meloeiro. Os danos diretos são causados pela sucção da seiva da planta e inoculação de toxinas pelo inseto, provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, reduzindo o peso, o tamanho e o grau Brix dos frutos e prolongando o ciclo da cultura. Em ataques severos pode ser observado o amarelecimento das folhas mais velhas enquanto em plantas jovens ocorre a seca das folhas e, dependendo da intensidade da infestação, até mesmo morte de plantas. Além disso, grande parte do alimento ingerido é excretado na forma de um líquido semelhante a mel, que serve de meio de crescimento para um fungo saprófita de coloração negra (fumagina) que recobre as partes vegetais interferindo no processo de fotossíntese da planta. Contudo, o maior problema causado pela mosca-branca à cultura do meloeiro está relacionado com os danos indiretos, pela transmissão do vírus causador do amarelão.
Táticas de controle
O planejamento para adoção do manejo da mosca-branca no meloeiro deve ser feito antes da realização dos plantios, pois trata-se de uma cultura suscetível à essa praga, e que, na maioria dos casos, segue um modelo de exploração dependente do mercado, ou seja, realizando-se cultivos escalonados, o que dificulta um bom manejo fitossanitário. Este manejo deve ser baseado em medidas preventivas e curativas. As medidas preventivas visam dificultar ou retardar a entrada do inseto na área, bem como eliminar as suas fontes de abrigo, de alimento e de reprodução. Medidas que favoreçam o equilíbrio biológico no agroecossistema, também, devem ser consideradas antes e após a implantação da cultura.
As principais medidas preventivas para o controle e/ou convivência com a mosca-branca são: a) planejar os plantios de forma que sejam feitos na direção contrária à dos ventos predominantes. Assim, os plantios novos serão menos infestados pela mosca-branca oriunda do plantio mais velho; b) fazer plantios isolados ou utilizar como cerca-viva, plantas não hospedeiras da praga (sorgo, capim-elefante, etc.), intercaladas, ao redor do plantio ou do lado do vento predominante; c) eliminar fontes de inóculo como maxixe, abóbora, melancia, ervas daninhas hospedeiras da praga ao redor da área a ser plantada; d) iniciar o preparo do solo, mantendo a área limpa, pelo menos 30 dias antes do plantio; e) não intercalar o plantio com culturas suscetíveis à praga; f) rotação de culturas com plantas não suscetíveis; g) após o plantio, manter a área isenta de plantas hospedeiras da praga, no interior e ao redor da cultura; h) não permitir cultivos abandonados nas proximidades da área cultivada; i) eliminar os restos culturais imediatamente após a colheita.
Como medida curativa, pode-se adotar o controle químico, porém, considerando-se o uso das substâncias químicas dentro de um programa de manejo integrado de pragas (MIP), pois, o uso exclusivo, não criterioso e contínuo de inseticidas não é a solução permanente para o controle da mosca-branca. Os produtos a serem utilizados no controle químico devem ser aqueles registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a cultura do meloeiro, respeitando-se as doses indicadas e o período de carência de cada produto.
Amostragem
O processo de amostragem deve ser realizado de preferência em horário com temperatura do dia mais amena, geralmente, de 6h às 9h. Para o adulto, amostrar uma folha do terceiro nó, a partir do ápice do ramo, observando-se, a parte inferior da folha. Para as ninfas, amostrar uma folha do oitavo ao décimo nó do ramo, observando-se, com auxílio de uma lupa de bolso, uma área de uma polegada quadrada na face inferior da folha, próxima à nervura central.
Nível de controle
Dois insetos adultos, quando na presença de sintomas de ataque do vírus do amarelão e dez insetos adultos, na ausência de sintomas do amarelão.
Pelos resultados de pesquisa com a mosca-branca, constataram-se que o nível de controle encontra-se dentro de uma faixa que é definida em função da variedade e/ou híbrido utilizado, condições climáticas, bem como condições nutricionais da planta.
Brocas-das-cucurbitaceas – Diaphania nitidalis e Diaphania hyalinata (Lepidoptera: Pyralidae) |
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As lagartas podem atingir até 20 mm de comprimento (Figura 2). Contudo, Diaphania nitidalis e Diaphania hyalinata, são espécies que diferem quanto à coloração dos adultos. D. nitidalis tem coloração marrom-violácea, com as asas apresentando uma área central amarelada semitransparente e os bordos marrom-violáceos(Figura 3), enquanto que a D. hyalinata tem asas com áreas semitransparentes, brancas e a faixa escura retilínea nos bordos (Figura 4).
A postura é feita nas folhas, ramos, flores e frutos. O período larval é de aproximadamente 10 dias. O ciclo evolutivo completo é de 25 a 30 dias.
Fotos: José Adalberto de Alencar.
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Figura 2. Lagartas da broca-das-cucurbitáceas.
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Foto: Diniz da Conceição Alves
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Figura 3. Adulto de Diaphania nitidalis.
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Foto: Diniz da Conceição Alves
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Figura 4. Adulto de Diaphania hyalinata
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Danos
As lagartas atacam folhas, brotos, ramos, flores e frutos. Quando o ataque é severo, observa-se na polpa dos frutos abertura de galerias tornando-os inviáveis à comercialização. A espécie D. nitidalis ataca os frutos em qualquer idade, enquanto D. hyalinata ataca, geralmente, as folhas, causando desfolha total da planta, quando em altas populações (Figura 5).
Foto: José Adalberto de Alencar.
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Figura 5. Folha de meloeiro apresentando danos
pelo ataque de lagarta da broca-das-cucurbitáceas.
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Táticas de controle
O controle das brocas-das-cucurbitaceas é efetuado, basicamente, com uso de inseticidas. A ação desses agroquímicos no controle de D. nitidalis é dificultada, pela preferência das lagartas pelas flores e frutos, onde penetram rapidamente. As lagartas de D. hyalinata são controladas mais facilmente, pelo fato de terem preferência pelas folhas. Vários princípios ativos são registrados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle dessas lagartas e, poderão ser encontrados no site http://agrofit.agricultura.gov.br.
Na presença de lagartas nos primeiros estádios de desenvolvimento, a pulverização com Bacillus thuringiensis pode apresentar elevada eficiência sem acarretar impacto negativo sobre os inimigos naturais e sem deixar resíduos nos frutos.
Amostragem
Avaliar 20 pontos em ziguezague, com cada ponto correspondendo a uma planta.
Nível de controle
O nível de ação é alcançado quando se registrar a presença de três lagartas por planta, em média, nos 20 pontos amostrados.
Pulgão – Aphis gossypii (Hemiptera: Aphididae) |
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Esse inseto apresenta um potencial biótico elevado, formando colônias em brotações e folhas novas da planta. Porém, na escassez de alimento, há o aparecimento de formas aladas que migram para outras plantas em busca de alimento e formação de novas colônias.
Danos
Os pulgões atacam brotações e folhas novas do meloeiro, sugando continuamente uma grande quantidade de seiva. Em elevadas infestações, essas partes da planta tornam-se deformadas, comprometendo o desenvolvimento da mesma. No entanto, o maior dano causado pela praga ao meloeiro é a transmissão do vírus-do-mosaico, que compromete totalmente o desenvolvimento da planta, principalmente se a transmissão ocorrer nas primeiras fases de desenvolvimento da cultura.
Amostragem
Avaliar em cada ponto do total de 20, uma folha do quarto nó a partir do ápice do ramo.
Nível de controle
Sugere-se a presença de 10 insetos, em média, nos 20 pontos amostrados.
Táticas de controle
A aplicação de inseticidas para o controle do pulgão requer alguns cuidados e precauções, pois, esse inseto é preso preferencial para os inimigos naturais das pragas. Recomenda-se a não aplicação de produtos do grupo dos piretroides nas primeiras fases de desenvolvimento da cultura, período no qual a presença de inimigos naturais começa a ocorrer. Os produtos registrados pelo MAPA para o pulgão em meloeiro poderão ser encontrados no site http://agrofit.agricultura.gov.br.
A eliminação de ervas daninhas hospedeiras do pulgão é uma importante medida de controle cultural. No polo Petrolina, PE/Juazeiro, BA, constatou-se como ervas daninhas hospedeiras deA. gossypii: beldroega (Portulacaoleracea L.), bredo (Amaranthus spinosus L.), pega-pinto (Boerhaavia diffusa L.) e malva branca (Sida cordifolia L.).
Outras medidas alternativas de controle são citadas como auxiliares na redução populacional da praga, tais como: a) efetuar os plantios em sentido contrário aos ventos; b) culturas atrativas aos inimigos naturais, como o sorgo, que é uma das fontes de desenvolvimento para a fauna benéfica; c) manutenção da vegetação nativa entre os talhões para preservar a fauna e a flora benéfica; d) eliminação de plantas atacadas pelo vírus-do-mosaico a fim de reduzir as fontes de inóculo dentro do cultivo e, e) utilização de quebra-vento com plantas não hospedeiras da praga.
Moscas minadoras – Liriomyza sativae e Liriomyza huidobrensis (Diptera: Agromyzidae) |
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Os adultos da mosca-minadora são insetos pequenos, com aproximadamente 2 mm de comprimento, coloração preta, com manchas amarelo-claras na cabeça e na região entre as asas. A larva da espécie L. sativae tem coloração amarelo-intensa, ao passo que a larva de L. huidobrensis tem coloração branco-creme e é mais robusta.
O período chuvoso é o mais favorável para essa praga, ocorrendo o inverso em períodos com temperaturas elevadas.
Danos
A fase larval é a que causa prejuízos, pois o inseto abre galerias em formato de ziguezague nas folhas, formando lesões esbranquiçadas (Figura 6). As galerias aumentam de tamanho à medida que as larvas crescem. Um número elevado de minas nas folhas pode causar a seca das mesmas e resultar na queima dos frutos pela exposição aos raios solares.
Foto: José Adalberto de Alencar.
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Figura 6. Folha de meloeiro apresentando
danos
pelo ataque de L. sativae.
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Táticas de controle
Em pesquisas realizadas na Embrapa Semiárido, observou-se uma eficiência de 100% no controle da mosca-minadora em melão com a utilização do princípio ativo abamectin na dose de 100 ml para 100 L de água, efetuando-se três pulverizações em intervalos de 10 dias, sendo a primeira quando foi observado as primeiras folhas minadas na área. No entanto, outros produtos registrados no MAPA para o meloeiro, poderão ser encontrados no site http://agrofit.agricultura.gov.br.
Como controle cultural recomenda-se a destruição dos restos culturais e a não implantação da cultura próxima de culturas hospedeiras da mosca-minadora, tais como, (feijão, ervilha, fava, batatinha, tomateiro, berinjela, abóbora, melancia, pimentão, entre outras).
Amostragem
Avaliar a folha mais desenvolvida do ramo em 20 pontos amostrados.
Nível de controle
Sugere-se a presença de cinco larvas vivas, em média, nos 20 pontos amostrados.
Mosca-das-frutas – Anastrepha grandis (Diptera: Tephritidae) |
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Os adultos são de coloração amarela e medem cerca de 10 mm de comprimento. Apresenta duas manchas nas asas, tendo a mancha anterior o formato de "S", enquanto a posterior assemelha-se a um "V" invertido. Acredita-se que apenas as cucurbitáceas sejam hospedeiras dessa espécie de mosca-das-frutas, pois, diversas e contínuas prospecções foram, e estão sendo realizadas no Brasil, tendo sido verificada a presença de A. grandis em apenas três espécies de cucurbitáceas.
A presença dessa espécie de mosca-das-frutas em áreas de produção de melão pode inviabilizar a exportação da fruta. Pois trata-se de uma praga de importância quarentenária.
Danos
As larvas, além de se alimentam da polpa dos frutos, danificando-os pela abertura, facilitam a entrada de patógenos oportunistas, deixando-os impróprios tanto para o consumo in natura, como para a industrialização. Os frutos atacados amadurecem prematuramente.
Amostragem
A. grandisdeve ser monitorada com o uso de armadilhas do tipo McPhail. Devem ser utilizadas três armadilhas por hectare, tendo como atrativo alimentar, proteína hidrolisada, na proporção de 500 ml para 10 L de água e 200 ml desta solução por armadilha.
Nível de controle
Não há nível de controle definido ou sugerido.
Na presença da praga, além do uso de armadilhas de captura, recomenda-se efetuar pulverizações em cobertura com inseticidas registrados pelo MAPA para o meloreiro, os quais poderão ser encontrados no site http://agrofit.agricultura.gov.br. O inseticida pode, também, ser associado a um atrativo alimentar e, posteriormente, pulverizado sobre as plantas.
Além das pragas citadas acima, outras espécies de artrópodes são encontradas associadas à cultura do meloeiro, porém, proporcionando danos em menor escala, isto é, espécies que podem ser consideradas como de importância secundária. Dentre estas, destaca-se a ocorrência da lagarta-rosca, Agrotis ipsilon (Lepidoptera: Noctuidae), que efetua o corte das plantas jovens na altura do colo, tendo como consequência a redução do estande; a vaquinha, Diabrotica speciosa (Coleoptera: Chrysomelidae), cujas larvas se alimentam das raízes e os adultos das folhas e flores da planta de melão, principalmente de folhas novas, reduzindo a capacidade fotossintética e o desenvolvimento das plantas; o percevejo, Leptoglossus (=Theognis)gonagra(Hemiptera: Coreidae) que danifica brotações, botões florais e frutos, tornando a planta depauperada e os frutos apresentando a área atacada totalmente enrijecida. Outra espécie é ácaro-rajado, Tetranychus urticae (Acari:Tetranychidae), cujos sintomas deataque são observados pela torção nas folhas novas e pontuações cloróticas nas folhas desenvolvidas, que posteriormente caem.
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