Embrapa Semiárido
Sistemas de Produção, 1 – 2a. edição
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Agosto/2010
Cultivo da Videira
Rebert Coelho Correia
José Lincoln Pinheiro Araújo

Sumário

Apresentação
Caracterização social e econômica da cultura da videira
Aspectos agrometeorológicos da cultura da videira
Manejo e conservação do solo
Mecanização
Nutrição, calagem e adubação
Cultivares
Produção de mudas de videira
Implantação do vinhedo
Irrigação e fertirrigação
Manejo da parte aérea
Manejo de cachos e reguladores de crescimento Doenças
Pragas
Normas gerais sobre o uso de agrotóxicos
Colheita e pós-colheita
Comercialização, custos e rentabilidade Referências
Glossário
Expediente

Comercialização, custos e rentabilidade

 

Mercado interno
Mercado externo
Custos e rentabilidade
Custos de instalação e manutenção
Rentabilidade

Mercado interno

O consumo de uva de mesa no Brasil está concentrado na região Sudeste, que absorve cerca de 46% da oferta brasileira, com São Paulo destacando-se como o principal mercado consumidor, enquanto a região Nordeste responde por apenas 23,7% do consumo nacional. O consumo per capita de uva de mesa na Europa é de 5,67 kg.hab-1.ano-1 enquanto no Brasil, segundo estimativa de Mello (2008), o consumo per capita deste produto subiu de 3,42 kg.hab-1.ano-1, em 2001, para 3,56 kg.hab-1.ano-1, em 2007.

Com relação às importações de uva de mesa, segundo Aliceweb (2009), estas cresceram de 8.387.353 kg em 2005, para 12.565.321kg em 2008, oriundas basicamente da Argentina (8.941.022 kg) e do Chile (3.479.598 kg).

Conforme pode ser verificado na Tabela 1, a área plantada com videira no Brasil, em 2005, segundo IBGE (2009), era de 73.222 ha, passando para 81.286 ha, em 2008. O Rio Grande do Sul lidera, com uma área plantada de 47.206 ha e uma produção de 776.964 t (Tabela 2), dos quais acima de 90% destina-se à agroindústria para a elaboração de vinhos, sucos e outros derivados, enquanto o Polo Petrolina,PE/Juazeiro,BA, com uma área de 11.349 ha, destaca-se como a maior área cultivada, principalmente com uva de mesa, seguido pelo Estado de São Paulo com 10.565 ha.

 
Tabela 1. Área cultivada com videira no Brasil (ha).

Estado/Ano

2005

2006

2007

2008

Pernambuco

4.872

5.111

5.673

6.973

Bahia

3.685

3.938

4.096

4.376

Minas Gerais

936

893

840

874

São Paulo

10.906

10.414

11.112

10.565

Paraná

5.603

5.657

5.700

5.800

Santa Catarina

4.224

4.512

4.915

4.836

Rio Grande do Sul

42.450

44.298

45.379

47.206

Mato Grosso

180

151

138

146

Paraíba

90

110

110

110

Ceará

61

67

91

93

Goiás

64

84

108

127

Outros

151

150

163

180

Brasil

73.222

75.385

78.325

81.286

Fonte: IBGE, 2009.

A existência de um potencial de consumo de uva para as classes de renda mais baixa no Brasil, sinaliza que aumentos reais e uma melhor distribuição de renda, associados a uma estratégia de promoção e redução de preços junto ao consumidor. Seguramente, em médio prazo, poderão proporcionar um aumento do consumo de uva de mesa, pelo menos, para um patamar de 4 kg.hab-1.ano-1 a 5 kg.hab-1.ano-1, que, apesar de ser bem mais expressivo que o consumo atual, ainda fica muito abaixo do consumo dos principais mercados mundiais desta fruta. Um importante indicativo de incremento do consumo de uva de mesa no País é, sem dúvida, a rápida expansão das áreas cultivadas nos últimos 5 anos, com destaque para o Polo do Submédio do Vale do São Francisco que passou de 8.557 ha, em 2005, para 11.349 ha, em 2008 (IBGE, 2009) e, no mesmo período, a produção passou de 260.235 t para 262.556t (IBGE, 2009). Ressalta-se que ao analisar apenas a área colhida nos 2 anos citados, verifica-se que passou de 8.188ha em 2005 para 9.533ha em 2008 (IBGE, 2009).

Os principais polos de produção e comercialização de uva de mesa no Brasil são os seguintes: Alto Uruguai, localizado nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, onde se cultiva principalmente as cultivares Niágara e Isabel, que são comercializadas entre os meses de dezembro a março; Região Central do Paraná, onde se explora as cultivares Niágara, Isabel e Concord, que entram no mercado nos meses de dezembro e janeiro; Região de Marialva, que é o maior polo de produção de uva do Paraná, e se dedica principalmente ao cultivo de uva finas, como Rubi e Itália. Esta região, que é responsável por mais de 70% da produção vitícola paranaense, cujo produto é disponibilizado no mercado em dois períodos do ano, sendo um que vai de dezembro a fevereiro e outro que inicia em maio e termina em julho; Região de Jundiaí (São Paulo), onde predomina o cultivo da cultivar Niágara, com a colheita ocorrendo entre os meses de dezembro e fevereiro; Região de São Miguel Arcanjo (São Paulo) que se dedica a exploração de uva finas (Itália, Rubi, etc.), com a comercialização ocorrendo entre os meses de dezembro e março; Região de Jales (São Paulo), que também se especializou no cultivo de uvas finas (Itália, Benitaka, etc.) comercializa sua produção entre os meses de agosto e outubro; Região do Submédio do Vale do São Francisco, assentada em terras de Pernambuco e Bahia, que se dedica ao cultivo de uvas finas (Itália, Benitaka, Red Globe, etc.) e onde estão em operação os mais tecnificados sistemas de cultivo de uva de mesa do país, gerando mais de 40.000 empregos diretos, tendo sua produção vitícola comercializada ao longo de todo o ano. Todos estes Polos escoam sua produção para o mercado local, regional e extra- regional (nacional), sendo que alguns destes, como é o caso da região do Submédio do Vale do São Francisco, que, também, comercializa seu produto no mercado internacional.

 
Tabela 2. Produção de Uva no Brasil, em toneladas (2005/2008).

Estado/Ano

2005

2006

2007

2008

Pernambuco

150.827

155.781

170.325

165.075

Bahia

109.408

117.111

119.610

97.481

Minas Gerais

14.389

12.318

11.995

13.711

São Paulo

190.660

195.357

198.123

193.534

Paraná

99.253

95.357

99.180

101.500

Santa Catarina

47.971

47.355

54.603

58.330

Rio Grande do Sul

611.868

623.878

704.176

776.964

Mato Grosso

2.080

1.805

1.832

1.672

Paraíba

630

1.980

1.980

1.980

Ceará

1.831

2.172

2.381

2.624

Goiás

2.015

2.398

5.059

5.619

Outros

1.632

1.552

2.291

2.941

Brasil

1.232.564

1.257.064

1.371.555

1.421.431

Fonte: IBGE, 2009.

O período de maior oferta da uva de mesa no mercado doméstico ocorre entre os meses de novembro a março. Entretanto, é importante comentar, que o mês de dezembro mesmo estando situado no período de oferta abundante, devido às festas natalinas, os preços desta fruta alcançam os níveis mais elevados. Já o período de menor oferta de uva de mesa nos principais centros consumidores do país, ocorrem entre os meses de abril e junho. Já no período de julho até outubro, ocorre uma oferta regular de uva de mesa no mercado doméstico. Neste contexto de distribuição, é interessante comentar a situação privilegiada do polo de produção de uva da região do Submédio do Vale do São Francisco, que devido ao clima favorável, pode obter colheitas em qualquer época do ano, condição que permite aproveitar as melhores oportunidades de preços, ocupando as janelas deixadas pelas regiões produtoras concorrentes.

No tocante à organização da produção, observa-se uma concentração de grandes e médias empresas produtoras de uva, com excelente infraestrutura e alta tecnologia, capazes de atender a todas as exigências do mercado internacional.

Analisando-se a forma de organização e de funcionamento do mercado doméstico de uva de mesa, observa-se que a figura dos atacadista, ainda, é o principal agente de distribuição desta fruta. Eles compram e vendem a uva a granel ou em caixas, e, muitas vezes, realizam outras funções como classificação e padronização do produto, financiamento ao produtor, armazenamento, transporte, etc. Também são elementos relevantes no processo de comercialização de uva de mesa no mercado interno, os atacadistas regionais e locais, sendo os primeiros responsáveis pela distribuição da uva nos principais centros de consumo da região geopolítica, onde está inserido o Pólo de produção e os últimos agrupam a produção do Pólo, onde atuam e repassam para os atacadistas regionais e nacionais. Outro segmento que vem crescendo rapidamente em importância na distribuição de uva de mesa no mercado doméstico é o das grandes redes de supermercados.

Mercado externo

Em nível mundial, foram exportadas, em 2007/08 (atualizado em julho/2008), 2.462.800 de toneladas métricas de uva de mesa, destacando-se o Chile e a Itália, com exportações da ordem de 792 mil e 500 mil toneladas, respectivamente (Agrianual, 2009). A esse respeito, merece destaque o comportamento do Chile, que entre 2000/01 e 2007/08, passou de 545 mil toneladas anuais para 792 mil. Outros países que se destacam na exportação de uva são: Estados Unidos, África do Sul, México, Turquia e Espanha. A Holanda, também, está no bloco dos grandes exportadores de uva de mesa. Entretanto, a grande maioria das uva por ela comercializadas no mercado externo é proveniente de outros países - na realidade, este país realiza re-exportações.

Dentre os países importadores, podem se destacar os Estados Unidos, com 78,0% das importações mundiais (630.000 t em 2007/08), e o México, com 9,90% (80.000 t em 2007/08), seguidos pela China, Espanha e Itália (Agrianual, 2009).

Em termos de mercado internacional, o polo brasileiro de produção de uva de mesa que merece destaque é o do Submédio do Vale do São Francisco. As estatísticas de comércio exterior apontam que há mais de uma década, esta região responde por cerca de 97% das exportações brasileiras de uva de mesa, atingindo 99% nos últimos dois anos (IBRAF, 2009). Segundo Aliceweb (2009), foram exportados em 2007, a partir dos estados de Pernambuco e Bahia, um volume de 78.824.793kg de uva frescas e receita de 169.228.020US$, enquanto no ano de 2008 o volume foi de 81.595.028kg e no valor de 170.400.403 US$, demonstrando que o valor médio por quilo em 2007 foi de 2,14 dólares, reduzindo para 2,08 dólares em 2008.

As exportações brasileiras de uva de mesa destinam-se, majoritariamente, para a União Europeia, seguida da América do Norte.

Com relação ao Mercosul, o mercado-alvo é a Argentina, que embora seja um grande produtor e exportador de uva, seu mercado fica desabastecido em algumas épocas do ano (outono e inverno), devido à sazonalidade de sua safra. É importante assinalar que nos últimos três anos, as exportações brasileiras de uva para a Argentina têm crescido, passando de 336 t em 2006, para 476 t em 2007 (Agrianual, 2009), e 724 t no ano de 2008 (IBRAF, 2009). Ressalta-se que na década de 1990, o Brasil já exportou para este país, 5.000 t.ano-1.

Custos e rentabilidade

As mudanças porque passam as economias induzidas pelo processo de globalização tem exigido do setor agrícola cada vez mais eficiência técnica e econômica na condução das explorações. Neste contexto de competitividade, o conhecimento dos custos de produção e de rentabilidade das culturas é cada vez mais importante no processo de tomada de decisão do produtor sobre o que e quanto plantar.

A exploração racional de um vinhedo depende de uma série de fatores que afetam o seu desempenho produtivo e a sua viabilidade econômica. Tais como, cultivar, espaçamento, clima, solo, grau de incidência de pragas e doenças, rendimento dos cultivos, preços dos insumos, preço do produto, conhecimento, atendimento e manutenção do mercado consumidor, seja ele interno e externo.

Custos de instalação e manutenção

Antes de se abordarem as análises de custos, é importante ressaltar que o cultivo de uva de mesa no do Submédio do Vale do São Francisco caracteriza-se por ser uma atividade agrícola concentrada em unidades produtivas empresariais, de pequeno, médio e grande porte, que direcionam suas produções para os mercados interno e externo. O sistema típico de condução dos vinhedos neste Polo de produção é a latada, utilizando-se cultivares com sementes e apirênicas. De acordo com o Censo frutícola da CODEVASF (2008) na região do Submédio do Vale do São Francisco, os cultivos de uvas apirênicas já respondem por mais de 60% da área ocupada por esta frutífera.

Considerou-se como unidade de análise a exploração de um hectare de uva sem sementes. Ressalta-se, que embora os custos aqui apresentados correspondam a um hectare, a unidade produtiva deve estar estruturada em módulos de 4 ha, vez que este leiaute permite redução nos custos de implantação da latada.

Nos anexos A e B estão apresentados, respectivamente, os custos de instalação para o 1º ano, e de manutenção para o 2º e 3º anos de um hectare de uva de mesa sem sementes, no Polo de produção do Submédio do Vale do São Francisco.

No primeiro ano, os gastos com a implantação do vinhedo (plantio e latada) correspondem a 35,00% dos custos totais do período. O segmento da confecção de latada, têm na compra do aramado, o gasto mais expressivo, seguido do grupo dos tratos culturais e fitossanitários, compreendendo as pulverizações e a compra de fungicidas (Anexo A).

Ainda no primeiro ano do cultivo da videira deve-se incluir os custos com embalagem e armazenamento, que também destaca-se como itens bastante onerosos. Outro item desta planilha de custos que deve ser ressaltado é a cobertura plástica do parreiral. Trata-se de uma tecnologia de custo extremamente elevado, mas que teve uma rápida adoção pelos produtores de uva sem sementes do Submédio do Vale do São Francisco, por ter como objetivo proteger a uva contra a ação das intempéries da natureza, considerado um dos principais problemas sofrido pelos vinhedos de uva de mesa desta região. Um ponto negativo apresentado pela cobertura plástica é sua durabilidade. Os fabricantes preconizam uma vida útil de três anos, entretanto, no meio real constata-se que ela não dura mais do que uma safra. Mesmo com todos esses agravantes, não se pode de antemão afirmar, que está tecnologia está definitivamente condenada. Atualmente a pesquisa está desenvolvendo estudos a cerca desse tipo de proteção e quiçá após a identificação e correção dos pontos frágeis venha a uma tecnologia técnica e economicamente viável para a proteção dos parreirais desta região.

No segundo ano, os tratos culturais e fitossanitários correspondem a 37,28% do custo total, em um vinhedo que utilize a cobertura plástica e a 54,60% em um que não a utilize. Neste segmento o gasto mais representativo entre os insumos é a aquisição dos fertilizantes e defensivos agrícolas, e, entre os serviços, é a descompactação e raleio dos cachos. Com relação aos custos da etapa de colheita e beneficiamento, verifica-se que no ano 2, ela responde por 22,30% ou 32,70% dos gastos totais , respectivamente nos parreirais com e sem cobertura plástica (Anexo B).

No terceiro ano, quando a produção torna-se plena, apresenta uma produtividade média em torno de 25.000 kg.ha-1.Constata-se que o segmento dos tratos culturais e fitossanitários representa 36,2% do total dos gastos, enquanto na etapa de colheita e beneficiamento este percentual é de 26,00%. Esta elevação da importância do item colheita e beneficiamento está diretamente associado ao aumento da quantidade de caixas e de seus complementos (Anexo 2).

Rentabilidade

De acordo com estudos realizados pela Embrapa Semiárido sobre caracterização dos sistemas típicos de produção da uva de mesa apirênicas na região do Submédio do Vale do São Francisco, a produtividade modal de um vinhedo em produção estável, situação que ocorre a partir do terceiro ano e se prolonga até o vigésimo, é de 25 t.ha-1.ano-1. Considerando o volume exportado e valor (aliceweb, 2009), estima-se que o valor médio da uva neste polo em 2008 foi de R$3,5/kg, pode-se considerar que o valor bruto médio da produção anual é da ordem de R$ 87.500,00.

Foi adicionado um custo total dos serviços operacionais, um percentual de 5%, que equivale a administração de um ano em plena produção (3º ano do Anexo B), correspondendo a R$600,00. Com a incorporação deste novo item, o custo total aproximado de manutenção (terceiro ano) de um hectare de uva de mesa sem sementes nesta região fica ao redor de R$ 65.696,00.

Considerando o valor bruto médio da produção da região (receita bruta total) e os custos totais de manutenção em um ano de plena produção, constata-se que a exploração da uva de mesa na região do Submédio do Vale do São Francisco apresenta resultados economicamente satisfatórios em diversos índices de eficiência econômica (Tabela 3). A Relação Benefício/Custo é de 0,33%, situação que indica que a atividade apresenta rentabilidade positiva, isto é, para cada R$ 1,00 utilizado no custo total de um hectare de uva houve um retorno de R$ 1,33. O ponto de nivelamento, também, confirma o razoável desempenho econômico desta cultura, pois será necessária uma produtividade de 18.770 kg.ha-1 para a receita se igualar às despesas. Este mesmo desempenho pode ser observado no resultado da margem de segurança que corresponde a - 0,25, condição que revela, que para a receita se igualar à despesa, a quantidade produzida ou o preço de venda do produto pode cair em 25,0%.

Quando se excluem os custos com a cobertura plástica, estes indicadores passam para:

  • Relação Benefício/Custo: 0,88%.

  • Ponto de nivelamento:13.256 kg.ha-1 e

  • Margem de segurança: -0,88.


 
Tabela 3. Avaliação econômica do cultivo de um hectare de uva de mesa sem sementes em plena produção no Submédio do Vale do São Francisco.

Área (ha)

Produtividade

kg/ha/ano(A)

Valor da produção

kg/ha/ano (B)

Custo total

R$/ha (C )

Relação Beneficio/

custo (B/C)

Ponto de nivelamento

(C/P)

Margem de segurança % (C-B/B)

1.0

25.000

87.500,00

65696,00

1,33

18.770 kg

- 0,25

Fonte: Dados da Embrapa Semiárido.
 

Notas:

(A) Produtividade anual de 1 ha de uva de mesa sem sementes em plena produção;

(B) Valor bruto da produção: preço x quantidade comercial produzida;

(C) Custos totais efetuados para obtenção da produção, incluindo a cobertura plástica;

(P) Preço médio anual do produto: 3,5 R$.Kg-1.

Analisando-se, ainda, o desempenho econômico da uva de mesa neste polo , é importante ressaltar, que as cultivares com sementes, registra em duas safras anuais uma produtividade média da ordem de 40.000 kg.ha-1. Este tipo de cultivo representado principalmente pela cultivar Itália, é comercializado metade no mercado doméstico e metade no mercado internacional, com preços oscilando em torno de 40% dos obtidos pelas cultivares sem sementes. Esse grande diferencial de preços contribui para que a exploração da uva com sementes, mesmo alcançando o dobro de produtividade, registre uma rentabilidade econômica inferior a dos vinhedos apirênicos.

É importante fazer um breve histórico da situação da fruticultura nos últimos 5 anos - constata-se que de 2004 a 2006 a fruticultura do Submédio do Vale do São Francisco vinha passando por uma crise que ocorreu principalmente, devido a fatores climáticos (incidência de fortes chuvas fora de época), frustrando totalmente as safras do primeiro semestre. Em 2007, o cambio desfavorável, associado ao aumento expressivo dos custos dos insumos, também contribuiu significativamente para reduzir o faturamento deste setor. Na safra de 2008 esperava-se um comportamento favorável para o segmento das exportações, já que as condições ambientais favoreceram a produção de uva de excelente qualidade e com a desvalorização do real, o cambio passou a favorecer os exportadores. Entretanto a crise de desaceleração da economia que se instalou no último bimestre de 2008 nas grandes potencias mundiais atingiu em cheio as exportações de frutas do Submédio do Vale do São Francisco, notadamente da uva, que neste período do ano alcança seus melhores preços no mercado internacional. Com esta crise, houve uma retração nas vendas e queda nos preços.

Algumas medidas que podem ser tomadas para um fortalecimento da fruticultura no Submédio do Vale do São Francisco seriam uma melhor organização do setor no tocante ao processo de comercialização da produção, visto que, a cada ano fica mais forte a influência das grandes redes de distribuição dos produtos hortifrutícolas do mercado internacional; trabalhar melhor o mercado interno e a estruturação do segmento da comercialização, que permitirá que os fruticultores desta região enfrentem as crises de mercado com um maior poder de barganha.

Anexo A

Custo de implantação e manutenção de um hectare de uva de mesa sem sementes, na região do Submédio do Vale do São Francisco, ano 1.

Discriminação

Unidade

Valor Unitário (R$)

Quantidade Utilizada

Valor

Total (R$)

Estruturação do Terreno





Desmatamento mecânico (trator esteira)

hm

100,00

3

300,00

Enleramento mecânico (trator esteira)

hm

100,00

2

200,00

Desenleramento mecânico (trator esteira)

hm

100,00

2

200,00

Queima

dh

28,00

2

56,00

Gradagem pesada

hm

70,00

2

140,00

Sub Total




896,00

Preparo do Solo





Aração

hm

70,00

4

280,00

Gradagem

hm

70,00

1,5

105,00

Sulcamento para Nutrição e Adubação

hm

70,00

5

350,00

Sub Total




735,00

Plantio e Latada





Demarcação de Covas e Coveamento

dh

28,00

20

560,00

Nutrição e Adubação de Fundação

dh

28,00

16

448,00

Mudas

uma

2,50

1.050

2.625,00

Plantio e Replantio

dh

28,00

12

336,00

Tutoramento

dh

28,00

10

280,00

Estacas

uma

3,50

952

3.332,00

Adubo Orgânico

48,00

60

2.880,00

Adubos Químicos

kg

0,90

60

54,00

Confecção de Latada

dh

28,00

100

2.800,00

Mourões

unidade

40,00

64

2.560,00

Bloco de Ancoragem

unidade

12,00

64

768,00

Arame ovalado 12

km

423,00

6,30

2.664,90

Arame Liso

kg

8,25

1048

8.646,00

Sub Total




27.953,90

Tratos Culturais e Fitossanitários





Capinas Mecânicas

hm

70,00

4

280,00

Capinas Manuais

dh

28,00

40

1.120,00

Nutrição e Adubação de Cobertura

dh

28,00

30

840,00

Podas

dh

28,00

15

420,00

Aplicação de Hormônio Vegetal

dh

28,00

20

560,00

Aplicação de Ácido Giberélico

dh

28,00

15

420,00

Desbrota

dh

28,00

30

840,00

Amarração

dh

28,00

20

560,00

Raleio de Frutos

dh

28,00

80

2.240,00

Pulverizações Mecânicas

hm

70,00

50

3.500,00

Irrigação

dh

28,00

12

336,00

Adubos Químicos

kg

0,90

1400

1.260,00

Adubos Foliares

l

9,00

3

27,00

Ácido Giberélico

g

0,90

100

90,00

Hormônio Vegetal

l

65,00

10

650,00

Espalhante

l

6,00

8

48,00

Inseticida

l

176,00

3,5

616,00

Fungicida

l

58,00

36

2.088,00

Alceador

um

220,00

1

2.200,00

Fita Plástica

rolo

2,00

60

120,00

Grampos

caixa

1,50

6

9,00

Lâmina

pacote

26,50

2

53,00

Tesoura de Raleio

uma

15,00

4

60,00

Tesoura de Poda

uma

71,00

2

142,00

Água

90,00

15

1.350,00

Sub Total




17.849,00

Colheita e Beneficiamento





Colheita e Embalagem

dh

28,00

75

2.100,00

Caixa e complementos (4,5kg)

caixa

1,80

3334

6.067,00

Operações de pós colheita

caixa

0,60

3334

2.000,40

Sub Total




10.168,30

Outros Custos





Sistema de Irrigação (Gotejamento)

Um

10.000,00

1

10.000,00

Sistema de Drenagem Subterrânea

Um

7.500,00

1

7.500,00

Sistema de Drenagem Superficial

Um

1.000,00

1

1.000,00

Cobertura plástica (aquisição e instalação)

Uma

19.300,00

1

19.300,00

Sub Total


35.400,00


37.800,00

Custos Administrativos





Supervisor técnico

ha/ano

720,00

1

720,00

Mão de obra Administrativa

ha/ano

420,00

1

420,00

Transporte (funcionários, materiais, )

ha/ano

820,00

1

820,00

Despesas de Escritório, Impostos e Taxas

ha/ano

1.800,00

1

1.800,00

Sub Total




3.760,00

Total Geral




99.162,00

Total Geral excluindo cobertura plástica




79.862,20

Obs: A produtividade modal do primeiro ano de exploração é 15.000 kg.ha1
Os dados foram coletados em 07/2006, pela Embrapa Semiárido e atualizados em 09/2009 com valores fornecidos pela Plantec.
 

 

Anexo B


Custo de manutenção de um hectare de uva de mesa sem sementes, na região do Submédio São Francisco, anos 2 e 3.

Discriminação

Unidade

Valor Unitário (R$)

Ano 2

Ano 3

Quantidade Utilizada

Valor

Total (R$)

Quantidade Utilizada

Valor Total (R$)

Tratos Culturais e Fitossanitários







Capinas Mecânicas

hm

70,00

4

280,00

4

280,00

Capinas Manuais

dh

28,00

40

1.120,00

40

1.120,00

Sulcamento para Nutrição e Adubação

hm

70,00

5

350,00

5

350,00

Nutrição e Adubação de Cobertura

dh

28,00

30

840,00

30

840,00

Podas

dh

28,00

15

420,00

15

420,00

Aplicação de Hormônio Vegetal

dh

20,40

20

408,00

20

408,00

Aplicação de Ácido Giberélico

dh

20,40

20

408,00

25

510,00

Desbrota

dh

28,00

30

840,00

30

840,00

Amarração

dh

28,00

20

560,00

20

560,00

Raleio de Frutos

dh

28,00

110

3.080,00

138

3.864,00

Pulverizações Mecânicas

hm

70,00

52

3.640,00

52

3.640,00

Irrigação

dh

28,00

12

336,00

12

336,00

Adubo Orgânico

48,00

60

2.880,00

60

2.880,00

Adubos Químicos

kg

0,90

1900

1.710,00

1900

1.710,00

Adubos Foliares

l

9,00

3

27,00

3

27,00

Ácido Giberélico

g

0,70

195

136,50

260

182,00

Hormônio

l

58,00

10

580,00

10

580,00

Espalhante

l

6,00

8

48,00

8

48,00

Inseticida

l

176,00

3,5

616,00

3,5

616,00

Fungicida

l

58,00

42

2.436,00

42

2.436,00

Alceador

um

220,00

1

220,00

1

220,00

Fita Plástica

rolo

1,80

60

108,00

60

108,00

Grampos

caixa

1,80

6

10,50

6

10,50

Lâmina

pacote

26,50

2

53,00

2

53,00

Tesoura de Raleio

uma

15,00

4

60,00

4

60,00

Tesoura de Poda

uma

71,00

2

142,00

2

142,00

Água

39,00

15

585,00

15

585,00

Sub Total




22.963,00


23.590,50

Colheita e Beneficiamento







Colheita e Embalagem

dh

28,00

100

2.800,00

125

3.500,00

Caixa e complementos (4,5kg)

caixa

1,80

4445

8.089,00

5556

10.111,92

Operações de pós colheita

caixa

0,60

4445

2.667,00

5556

3.333,60

Sub Total




13.556,90


16.945,52

Outros Custos







Sistema de Irrigação (manut. e deprec.)

Um

900,00

1

900,00

1

900,00

Sistema de Drenagem Subter. (Deprec.)

Um

300,00

1

300,00

1

300,00

Sistema de Drenagem Superf. (Manut.)

Um

300,00

1

300,00

1

300,00

Cobertura plástica (aquisição. e coloc.)

Uma

19.300,00

1

19.300,00

1

19.300,00

Sub Total




20.800,00


20.800,00

Custos Administrativos







Supervisor técnico

ha/ano

720,00

1

720,00

1

720,00

Mão-de-obra Administrativa

ha/ano

420,00

1

420,00

1

420,00

Transporte (funcionários, materiais)

ha/ano

820,00

1

820,00

1

820,00

Despesas de Escritório, Impostos e Taxas

ha/ano

1.800,00

1

1.800,00

1

1.800,00

Sub Total




3.760,00


3.760,00

Total Geral




61.079,90


65.096,00

Total Geral excluindo a cobertura plástica




41.779,90


45.796,00

Obs: A produtividade modal do segundo ano de exploração é 20.000 kg.ha A produtividade modal doterceiro ano e seguintes é de 25.000 kg.ha-1;Os dados foram coletados em 07/2006 pela Embrapa Semi-Árido e atualizados em 09/2009 com valores fornecidos pela Plantec.

 



 
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