Principais doenças causadas por fungos 
              Míldio 
              Oídio 
              Ferrugem 
              Podridão seca 
              Antracnose 
              Principais doenças causadas por bactérias 
              Cancro-bacteriano 
            Principais doenças causadas por nematóides 
              Nematóides-das-galhas 
              Principais doenças causadas por vírus 
              Enrolamento da folha  
              Mal formação infecciosa ou doença dos entrenós curtos 
              Mancha das nervuras  
              Lenho rugoso  
              Necrose das nervuras 
            
              
              
              
               
              
             As condições climáticas  do Nordeste brasileiro aliadas à técnicas modernas de irrigação,  manejo da copa, fertilizantes e agentes químicos reguladores de  eventos fisiológicos permitiram que o Submédio do Vale do São  Francisco tenha se destacado nas últimas décadas como grande  produtor e exportador de uvas finas de mesa. Entretanto, estas  condições intensas de manejo propiciam, e em alguns casos  potencializam, problemas fitossanitários que, se não contornados  podem trazer sérios prejuízos econômicos e, a médio/longo prazo,  diminuir a vida útil dos parreirais. As principais doenças que  afetam a videira nesta região e os principais métodos de controle  são descritos a seguir. 
            
              
                
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              O míldio da videira é  causado pelo fungo Plasmopara viticola. Esta é  uma das principais doenças da videira no Submédio do Vale do São  francisco, especialmente no primeiro semestre do ano quando há alta  umidade relativa e ocorrência de chuvas contínuas na região.  
            Sintomas 
             O míldio pode infectar  folhas, inflorescência, bagas e ramos herbáceos, podendo causar  redução da área foliar, com a morte do tecido ou desfolhamento  quando a doença ocorre com alta intensidade. Os  primeiros sintomas dessa doença surgem na forma de pequenas manchas  irregulares  de cor amarela-pálida na face superior da folha, apresentando um  aspecto oleoso, daí serem conhecidas como mancha-óleo (Figura 1a).  Essas manchas tornam-se necróticas e em condições de alta umidade  relativa do ar, surgem no local da lesão estruturas reprodutivas do  patógeno, que possuem aparência branco-cotonosa (Figura 1b). Estas  estruturas também podem surgir nos brotos e ponteiros que tornam-se  curvos e grossos quando infectados. Os sintomas nos cachos, também,  são característicos. Quando a infecção ocorre logo após o  florescimento, as bagas tornam-se cinzentas e com crescimento fúngico  na sua superfície (Figura 1c). Todavia, se a infecção ocorrer  quando as bagas atingirem a fase de “ervilha”, o crescimento do  fungo ocorre apenas internamente, deixando a baga coreácea e  escurecida. Deve-se observar que o período crítico para a infecção  das bagas e esporulação do patógeno ocorre logo após o  florescimento. 
            
              
                
                  Fotos: Diógenes da Cruz Batista (a), Roberto Luiz Xavier da Silva (b e c), Sami Jorge Michereff (d). 
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                  Figura 1. Sintomas de míldio em folhas de videira. a) “Manchas óleo” iniciais e irregulares amarelo-pálido na parte superior da folha; b) eflorescência branca-cotonosa formadas por estruturas do patógeno na parte inferior da folha; c) na superfície das bagas; d) escurecimento nos ramos. 
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            Controle 
             Para evitar grandes  prejuízos, o controle do míldio deve ser feito preventivamente. O  controle químico deve ser realizado de forma preventiva, começando  no início da brotação, com o uso de fungicida sistêmico  intercalado com produtos de contato à base de cobre. Apesar de o  controle químico ser o mais eficiente e utilizado até o momento,  outros métodos devem ser associados para maior eficiência no manejo  da doença. Dentre as práticas culturais, recomenda-se promover uma  maior aeração do parreiral; utilização da cobertura plástica,  que deixa o microclima menos favorável ao míldio e a retirada de  restos de cultura do parreiral, quando estes estão infectados. É  importante associar as pulverizações com as condições climáticas  favoráveis, assim como com os períodos mais suscetíveis da  cultura. Para escolha do fungicida adequado é recomendado consultar  o Agrofit (http://agrofit.agricultura.gov.br)  onde estão listados todos os fungicidas registrados para esta  cultura, assim como, as indicações de uso. É importante não  esquecer dos tratamentos que devem ser realizados no parreiral  durante a fase de repouso, que consistem na pulverização de  fungicidas, inclusive do córtex da planta, para reduzir a população  do patógeno que sobrevive de ciclo para ciclo.  
            
            
              
              O oídio é uma doença  de grande importância para a cultura da videira, sobretudo em  condições semiáridas, onde o clima seco e com baixa ocorrência de  chuvas favorece o desenvolvimento desta doença, principalmente no  segundo semestre do ano, quando as chuvas são escassas. Esta  doença é  causada pelo fungo Uncinula necator (Schwein.) Burril, um parasita obrigatório. Assim como o míldio, o  oídio pode acarretar perdas significativas na produção e na  qualidade da uva. O uso indiscriminado de fungicidas pode levar ao  desenvolvimento de isolados resistentes aos fungicidas indicados para  o controle desta doença.             
            Sintomas 
             Este patógeno pode  colonizar folhas, ramos, inflorescência e frutos caracterizados por  um crescimento branco pulverulento recobrindo os órgãos afetados.  Esse crescimento branco são as estruturas do patógeno (Figura 2a).  O  oídio coloniza apenas as células da parte  superior da folha  (epiderme) por meio da emissão de haustórios. Apesar do fungo poder  se desenvolver em ambas as faces da folha, ele predomina na  face inferior, a  menos que a área esteja sombreada propiciando o crescimento do  patógeno na face superior da folha. Isto ocorre em função da  sensibilidade do fungo à radiação solar. As folhas infectadas  também podem se tornar subdesenvolvidas, retorcidas e murchas. Os  sintomas são bem visíveis em ramos, que passam a apresentar manchas  amarronzadas (Figura 2B). Nos frutos jovens, a doença é  caracterizada pelo crescimento branco na superfície da baga (Figura  2c), paralisação do crescimento do tecido e queda prematura. Quando  a infecção ocorre em bagas com estágio de desenvolvimento mais  avançado, tem-se um crescimento desigual entre o tecido da  superfície e o da polpa, acarretando o rompimento da baga, que  servirá de porta de entrada para outros microrganismos. 
            
              
                
                  Fotos: Carlos Antônio da Silva (a e c), Cícero Barbosa Filho (b). 
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                  Figura 2. a) Manchas de oídio em folhas; b) bagas e c) ramos.  
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            Controle 
             Para obtenção de  melhores resultados no emprego de práticas de manejo desta doença,  é necessário que vários métodos sejam associados, tais como:  retirada de restos culturais; eliminação do córtex na fase de  repouso; aplicação de fungicidas à base de enxofre; e maior  atenção com o parreiral nas fases de emissão de folhas novas,  emissão de inflorescência e início da frutificação, quando a  cultura é mais suscetível ao patógeno. Na aplicação de enxofre,  é importante observar que este produto não deve ser aplicado quando  a temperatura do ar for superior a 30 oC,  devido a sua ação fitotóxica e, nem aplicado quando a temperatura  é inferior a 18 oC,  pois a sua eficácia é reduzida. Outros fungicidas também podem ser  utilizados para controle do oídio  (http://agrofit.agricultura.gov.br).  
            
            
              
              
              A  ferrugem da videira é uma doença que pode ser bastante destrutiva  quando encontra condições ambientais favoráveis ao seu  desenvolvimento e não controlada rapidamente. Essa doença ocorre  principalmente em regiões tropicais.  Na região do Submédio do  Vale do São Francisco, a ferrugem da videira foi observada em  videiras de cultivares viníferas no ano de 2004 e, atualmente  encontra-se disseminada em várias áreas desta região. O fungo Phakopsora  euvitis Ono  é o  seu agente causal, sendo um parasita obrigatório.  
            Sintomas 
             Os sintomas são  observados como pústulas amarelas e pequenas na face inferior de  folha (Figura 3A). Na face superior correspondente, observa-se queima  da área foliar afetada. Os sintomas e sinais começam nas folhas  mais velhas e, em seguida, nas folhas mais novas, em aproximadamente  40 e 50 dias antes da colheita, estendendo-se ao período de repouso  da planta. Nos estágios mais avançados do desenvolvimento da doença  também se observam teliósporos de coloração marrom escura,  entremeados com uredósporos (Figura 3B). As folhas colonizadas  amarelecem e secam, entretanto quando o ataque é severo, pode causar  a queda prematura das mesmas. A desfolha precoce reduz o crescimento  de porta-enxertos, prejudica a maturação dos frutos e afeta o  acúmulo de reservas das plantas adultas, comprometendo as safras  seguintes. As  bagas das plantas infectadas tornam-se amolecidas, murchas  e sem  uniformização de cor,  apresentam  um maior teor de açúcares, porém não reduz a produtividade quando  o produtor aplica fertilizante foliar. No entanto, esta doença tem  causado perdas de 30% a 50% da produção no Vale do Sirigi,  Município de São Vicente Férrer, PE, quando não são adotadas  medidas de controle.  
            
              
                
                  Fotos: Diógenes da Cruz Batista (a), Roberto Luiz Xavier da Silva (b). 
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                  Figura 3. Sintomas de ferrugem em folhas de videira. a) Pústulas amarelas na face inferior da folha; b) Presença de teliósporos e uredósporos em estágio mais avançado de desenvolvimento da doença. 
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             Controle 
             Como medida de controle é  indicado o uso de cultivares resistentes. No entanto, as cultivares  mais utilizadas e derivadas de Vitis  labrusca L., V.  vinifera L. e V.  aestivalis Minchx  são suscetíveis à esta doença. Outras medidas que devem  ser adotadas são: evitar o uso de sistema de irrigação sobre copa  (aspersão), uma vez que este favorece a infecções por P.  euvitis;  estabelecer quebra-ventos com o objetivo de minimizar a disseminação  do patógeno; adquirir mudas ou qualquer outro material vegetal  propagativo acompanhada de Certificado Fitossanitário de Origem   (CFO); monitorar e realizar inspeções periódicas no parreiral,  visando a detecção de focos iniciais de infecção; e eliminação,  por meio da queima, dos restos de cultura por ocasião da poda. O uso  de fungicidas é indicado, principalmente o tebuconazole, que tem  propiciado maior eficiência no controle da ferrugem da videira. No  entanto, até o momento, apenas um fungicida (ditiocarbamato +  estrobilurina) tem registro no Ministério da Agricultura, Pecuária  e Abastecimento (MAPA) para o controle desta doença.             
            
            
              
                          A podridão seca, também,  conhecida por “morte descendente” é um dos mais sérios  problemas fitossanitários da videira  cultivada  na região do Submédio do Vale do São Francisco, causando falha na  brotação das gemas e definhamento progressivo da planta que pode  levar à morte. Esta doença é causada pelo fungo Lasiodiplodia  theobromae (Pat.)  Griffon&Maubl (sin. Botryodiplodia theobromae Pat.)  e pode provocar cancros, morte de ponteiros e podridão em frutos e  raízes. 
             Sintomas 
             As plantas infectadas  podem apresentar queima ou seca de ponteiros e folhas, diminuição  do vigor e da produtividade. Os ramos morrem do topo para a base  apresentando manchas escuras, geralmente alongadas na extensão e em  forma de “v” quando o ramo é cortado transversalmente, podendo  apresentar pontuações escuras (picnídios). Algumas vezes, a  infecção pode ocorrer por meio de ferimentos na parte do caule  próxima ao solo, onde são observados sintomas de escurecimento.  Brotações novas ou parte delas podem morrer, causando o  definhamento da parte aérea, com amarelecimento, murcha e até a  morte da planta. Este fungo, também pode infectar os cachos,  causando escurecimento do engaço, seca do pedicelo e murcha das  bagas, às quais  podem exibir manchas oleosas, que poderão se  tornar recobertas por uma massa micelial branca e cotonosa.  
            Controle 
              Por  se tratar de um fungo oportunista, que na maioria das vezes causa  maiores danos à planta quando esta encontra-se debilitada,  recomenda-se que o manejo seja feito de modo adequado para evitar  condições de predisposição da planta. Para tanto, deve-se evitar  estresse hídrico pela falta ou excesso d’água; evitar ferimentos  nas raízes; desinfestar instrumentos de poda; após a prática da  torção dos ramos aplicar produtos à base de cobre; eliminar restos  de cultura e da poda; eliminar os ramos infectados e proteger o local  do corte com pasta cúprica; realizar o controle químico, mesmo na  fase de repouso com os produtos registrados para esta doença  (http://agrofit.agricultura.gov.br)  
            
            
              
              Esta doença é  importante na região do Submédio do Vale do São Francisco apenas  quando as chuvas ocorrem com alta frequência, no primeiro semestre  do ano. O agente causal é o fungo Elsinoe  ampelina na fase perfeita e Sphaceloma  ampelinum na  fase imperfeita. 
            Sintomas 
             A antracnose pode ser  observada em toda a parte aérea da planta. No limbo foliar aparecem  manchas pequenas, irregulares e arredondadas, de cor pardo escura e  levemente deprimida que, com o avanço da necrose pode secar e cair.  O limbo, também, pode ficar encarquilhado. As nervuras podem ficar  necrosadas e nos brotos novos e nas gavinhas, formam-se manchas  necróticas pardo-escura que aumentam de tamanho, tornam-se  deprimidas, transformando-se em cancros. As bagas, quando infectadas,  apresentam manchas circulares necróticas deprimidas, de cor  cinza-escuro, não centralizadas e com halo avermelhado. Este sintoma  assemelha-se a um olho, sendo, portanto, conhecida como “olho de  passarinho”. Pode ocorrer em frutos verdes ou maduros. 
            Controle 
              Para  o controle desta doença é indicado, além do tratamento com  fungicidas, a realização de podas de limpeza das partes infectadas  da planta e queima dos restos de cultura. É recomendado, ainda, a  poda verde para controlar o crescimento vegetativo das plantas de  modo a não permitir super-adensamento da copa. O controle químico  deve ser concentrado após a poda seca e antes da abertura das gemas.             
            
              
                
                  | Principais doenças causadas por bactérias | 
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              O  cancro-bacteriano da videira, causado por Xanthomonas  campestris pv. viticola (Xcv) (Nayudu) Dye, foi encontrado em parreirais do Submédio do Vale  do São Francisco em 1998, em plantios da cultivar Red Globe. A  introdução do patógeno nesta região ocorreu, provavelmente, por  meio de material propagativo originário da Índia, único país,  além do Brasil, onde esta doença ocorre. Os sintomas desta doença  aparecem no primeiro semestre do ano, em épocas de chuva, alta  umidade relativa do ar e temperatura elevada.  
            Sintomas 
             Nas folhas, os sintomas  surgem como pontos necróticos, medindo de 1 mm a 2 mm de diâmetro,  com ou sem halos amarelados, algumas vezes coalescendo e causando a  morte de extensas áreas do limbo foliar (Figura 4a). Nas nervuras e  pecíolos das folhas, nos ramos e no engaço (ráquis) dos frutos  formam-se manchas escuras alongadas, que evoluem para fissuras  longitudinais de coloração negra conhecidas como cancros (Figura  4b). As bagas tornam-se desuniformes em tamanho e cor, podendo  apresentar lesões necróticas (Figura 4c). A intensidade dos  sintomas causados por X.  campestris pv. viticola varia segundo o nível de tolerância da cultivar a esta doença e   as condições ambientais. 
            
              
                
                  Fotos: Maria Angélica Guimarães Barbosa (a), Suzana Freire Dantas (b e c) 
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                  Figura 4. a) Manchas foliares; b) nervuras; c) engaço escurecidos, exibindo cancro causado por Xanthomonas campestris pv. Viticola.  
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            Controle 
             Na formação de novos  parreirais, o emprego de mudas de sanidade comprovada é a primeira e  mais importante recomendação para que a estabilidade fitossanitária  da cultura seja viável a médio e longo prazo. No caso de parreirais  já implantados e com a presença de X.  campestris pv.  viticola, recomenda-se eliminar todos os ramos infectados quando  detectadas plantas com sintomas de cancro bacteriano. As operações  de poda devem ser sempre realizadas com ferramentas desinfestadas  (hipoclorito de sódio a 2% ou amônia quaternária a 0,1%) e no  período de estiagem. Os cortes resultantes da poda devem ser sempre   pincelados com pasta cúprica. Pode-se, ainda, realizar pulverizações  com produtos à base de cobre. Todo material removido nas operações  de poda, bem como os restos de cultura, deverão ser amontoados  próximo ao foco e incinerados, evitando transportá-lo. Outra medida  de controle que pode ser utilizada, visando eliminar a bactéria dos  restos de cultura, assim como servir de fonte orgânica de  nutrientes, é a realização da compostagem do material. Para tanto,  deve-se triturar os restos de poda com uma forrageira, alternar uma  camada de restos de poda e outra de esterco caprino na proporção  2,5:1. 
            
              
                
                  | Principais doenças causadas por nematóides | 
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             A partir de 1954, o  declínio de videiras foi associado a diversas espécies de  fitonematoides, destacando-se: Meloidogyne spp., Xiphinema spp., Pratylenchus spp., Tylenchulus  semipenetrans, Mesocriconema spp., Paratylenchus spp., Paratrichodorus spp., Trichodorus spp. e Longidorus spp. Esses nematoides são parasitas de raízes e encontram-se  mundialmente disseminados em todas as regiões onde a videira é  cultivada. Além destes, no Brasil, P. jordanenis, P. thornei, P.  brachyurus e P. zeae são espécies que já foram constatadas em levantamentos realizados  em pomares vitícolas de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, mas em  parreirais do Submédio do Vale do São Francisco, P.  brachyurus é a espécie mais comum.  As práticas para o controle desses nematoides são as mesmas  empregadas para os nematoides-das-galhas. Outros nematoides são  citados na literatura, associados à videira, como: Mesocriconema spp., Paratylenchus spp., Rotylenchulus reniformis., Helicotylenchus spp., Hoplolaimus spp., Rotylenchus spp., Tylenchorhynchus spp. e Paratrichodorus christiei.  Alguns deles foram detectados em amostras de solo coletadas nessa  região, porém, sua importância econômica ainda é desconhecida.  
            
            
              
              Sua ocorrência foi  verificada em parreirais do Semiárido brasileiro no início da  década de 1990, em diagnose feita no Laboratório de Nematologia da  Embrapa Semiárido. As três espécies de nematoides-das-galhas mais  importantes para a videira são Meloidogyne  incognita (Kofoide  & White) Chitwood, M.  javanica (Treub) Chitwood e M.  arenaria (Neal) Chitwood. 
             O sintoma do ataque  dessas espécies de nematoides, em raízes de videira, é a formação  de pequenos engrossamentos ou galhas em raízes novas (Figura 5),  resultando em grandes galhas quando ocorrem múltiplas infecções.  Entretanto, existem casos em que esses sintomas não são facilmente  visualizados. Além disso, provocam redução do vigor e declínio  das plantas mais suscetíveis ao estresse, prejudicando a absorção  de água e de nutrientes e, consequentemente, a produtividade. 
            
              
                
                  |   Fotos: César Bauer Gomes (a), Marcos Roberto Dutra (b).  | 
                 
                
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                  Figura 5. Galhas causadas por Meloidogyne sp em raízes de videira.  
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            Controle 
             As  medidas de controle mais  recomendadas são: 
            Exclusão: os  	produtores devem utilizar mudas certificadas e livres de nematoides. 
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Práticas  	culturais: dentre  	os métodos culturais mais utilizados em áreas infestadas por  	fitonematoides, destacam-se a destruição de plantas doentes; a  	rotação de culturas; o emprego de culturas armadilhas e  	antagônicas; e o correto manejo da matéria orgânica, da Nutrição e Adubação  	e das práticas culturais.  
              
            
              
                
                  | Principais doenças causadas por vírus | 
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            As viroses são  frequentes em áreas vitícolas de todo o mundo, podendo infectar  cultivares de copa e de porta-enxerto. As  viroses podem causar prejuízos significativos na produtividade,  sendo que perdas variando de 10-70% já foram relatadas. Dentre os  principais tipos de vírus que afetam a videira, destacam-se os  seguintes: 
            
            
              
              
            Esta é a mais  disseminada e importante doença causada por vírus que afeta a  videira, podendo infectar cultivares copa e porta-enxerto. Nove  espécies de vírus (Grapevine  leafroll-associated virus 1-9  - GLRaV 1-9) já foram relatadas associadas à doença. 
             Sintomas 
             Em videiras tintas  infectadas, os sintomas são avermelhamento de folhas e apenas o  tecido ao longo das nervuras permanece verde, enquanto que em  cultivares brancas, as folhas tornam-se cloróticas. Nos dois casos,  há enrolamento dos bordos das folhas para baixo, sintoma que  originou o nome da doença. As folhas tornam-se espessas e  quebradiças devido ao acúmulo de carboidratos decorrente da  degeneração do floema que resulta em menores teores de sólidos  solúveis totais nos frutos.             
            
              
                
                  | Mal formação infecciosa ou doença dos entrenós curtos | 
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              Causada pelo Grapevine  fanleaf virus (GFLV),  foi uma das primeiras viroses descritas na videira em todo o mundo,  podendo afetar os porta-enxertos americanos e outras espécies de Vitis e/ou  híbridos. O GFLV é disseminado por nematoides do gênero Xiphinema,  destacando-se as espécies X.  index e X.  italiae,  que podem reter o vírus por até 8 meses na ausência de plantas  hospedeiras.  
             Sintomas 
             Os sintomas são  diferenciados em mosaico amarelo, folha em leque e faixa das  nervuras, dependendo da estirpe do vírus que esteja infectando a  planta.             
            
            
              Causada pelo Grapevine  fleck virus (GFkV)  ocorre em diversas áreas vitícolas do mundo. Nas folhas, surgem  manchas cloróticas e translúcidas, irregulares, acompanhando a  posição das nervuras. Este vírus é disseminado apenas por meio de  material propagativo infectado.  
            
            
              
            Lenho rugoso é um termo  que compreende quatro doenças caracterizadas por anomalias causadas  no lenho. São transmitidas por enxertia e diferenciadas, segundo a  expressão de sintomas em cultivares indicadoras de porta-enxerto. A  doença intumescimento dos ramos (“Corky bark”) é associada ao Grapevine  virus B (GVB);  caneluras  do tronco do Rupestris (“Rupestris stem pitting”) associada ao Rupestris  stem pitting-associated virus (RSPaV);  acanaladura  do lenho de Kober (“Kober stem grooving”), associada ao Grapevine  virus A (GVA)  e  acanaladura do lenho do LN33 (“LN33 stem grooving”), cujo agente  causal ainda é desconhecido. Essas doenças podem ocorrer em  infecção mista numa mesma videira, acarretando em severos  prejuízos. No Brasil, apenas a acanaladura do lenho de LN33, ainda,  não foi detectada. Dentre estes agentes, o GVA e o GVB do gênero Vitivirus são disseminados de maneira semipersistente por cochonilhas  algodonosas da Família  Pseudococcidae e de carapaça da Família  Coccidae.             
            
             Esta doença ocorre em  parreirais de todo o mundo, em cultivares de uva europeias e  americanas e em alguns porta-enxertos. O sintoma mais característico  da doença é a necrose das nervuras, principalmente naquelas  secundárias e terciárias, visíveis na face dorsal da folha. A  doença é transmitida por meio de material propagativo infectado e o  seu agente etiológico é possivelmente um vírus. 
             A  diagnose dessas  doenças, com a detecção e a identificação de vírus, é feita  com a realização  de testes biológicos (enxertia), sorológicos (Elisa) e moleculares  (PCR). Considerando-se  que não existem medidas de  controle curativas  para essas doenças,  este deve ser feito preventivamente. Neste caso, a utilização de  material propagativo livre de doenças na produção de mudas é de  fundamental importância  para  a videira. Os  métodos mais importantes e eficientes para o controle de viroses em  culturas perenes inclui a adição de estratégias como a seleção  sanitária, a obtenção de clones sadios e o controle de vetores. O  plantio de mudas  certificadas, livres de vírus,  é de fundamental importância no estabelecimento de novos  parreirais. Métodos  utilizados na obtenção de plantas sadias a partir de videiras  infectadas com vírus incluem a termoterapia associada à cultura  de tecidos.            |