Embrapa Semiárido
Sistemas de Produção, 1 – 2a. edição
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Agosto/2010
Cultivo da Videira
Maria Angélica Guimarães Barbosa; José Mauro C. Castro
Daniel Terao;
Mirtes Freitas de Lima
Diógenes da Cruz Batista;
Selma Cavalcante Cruz de Holanda Tavares

Sumário

Apresentação
Caracterização social e econômica da cultura da videira
Aspectos agrometeorológicos da cultura da videira
Manejo e conservação do solo
Mecanização
Nutrição, calagem e adubação
Cultivares
Produção de mudas de videira
Implantação do vinhedo
Irrigação e fertirrigação
Manejo da parte aérea
Manejo de cachos e reguladores de crescimento
Doenças
Pragas
Normas gerais sobre o uso de agrotóxicos
Colheita e pós-colheita
Comercialização, custos e rentabilidade Referências
Glossário
Expediente

Doenças

 

Principais doenças causadas por fungos
Míldio
Oídio
Ferrugem
Podridão seca
Antracnose
Principais doenças causadas por bactérias
Cancro-bacteriano

Principais doenças causadas por nematóides
Nematóides-das-galhas
Principais doenças causadas por vírus
Enrolamento da folha
Mal formação infecciosa ou doença dos entrenós curtos
Mancha das nervuras
Lenho rugoso
Necrose das nervuras

 

As condições climáticas do Nordeste brasileiro aliadas à técnicas modernas de irrigação, manejo da copa, fertilizantes e agentes químicos reguladores de eventos fisiológicos permitiram que o Submédio do Vale do São Francisco tenha se destacado nas últimas décadas como grande produtor e exportador de uvas finas de mesa. Entretanto, estas condições intensas de manejo propiciam, e em alguns casos potencializam, problemas fitossanitários que, se não contornados podem trazer sérios prejuízos econômicos e, a médio/longo prazo, diminuir a vida útil dos parreirais. As principais doenças que afetam a videira nesta região e os principais métodos de controle são descritos a seguir.

Principais doenças causadas por fungos

Míldio

O míldio da videira é causado pelo fungo Plasmopara viticola. Esta é uma das principais doenças da videira no Submédio do Vale do São francisco, especialmente no primeiro semestre do ano quando há alta umidade relativa e ocorrência de chuvas contínuas na região.

Sintomas

O míldio pode infectar folhas, inflorescência, bagas e ramos herbáceos, podendo causar redução da área foliar, com a morte do tecido ou desfolhamento quando a doença ocorre com alta intensidade. Os primeiros sintomas dessa doença surgem na forma de pequenas manchas irregulares de cor amarela-pálida na face superior da folha, apresentando um aspecto oleoso, daí serem conhecidas como mancha-óleo (Figura 1a). Essas manchas tornam-se necróticas e em condições de alta umidade relativa do ar, surgem no local da lesão estruturas reprodutivas do patógeno, que possuem aparência branco-cotonosa (Figura 1b). Estas estruturas também podem surgir nos brotos e ponteiros que tornam-se curvos e grossos quando infectados. Os sintomas nos cachos, também, são característicos. Quando a infecção ocorre logo após o florescimento, as bagas tornam-se cinzentas e com crescimento fúngico na sua superfície (Figura 1c). Todavia, se a infecção ocorrer quando as bagas atingirem a fase de “ervilha”, o crescimento do fungo ocorre apenas internamente, deixando a baga coreácea e escurecida. Deve-se observar que o período crítico para a infecção das bagas e esporulação do patógeno ocorre logo após o florescimento.

Fotos: Diógenes da Cruz Batista (a), Roberto Luiz Xavier da Silva (b e c), Sami Jorge Michereff (d).
 
Figura 1. Sintomas de míldio em folhas de videira. a) “Manchas óleo” iniciais e irregulares amarelo-pálido na parte superior da folha; b) eflorescência branca-cotonosa formadas por estruturas do patógeno na parte inferior da folha; c) na superfície das bagas; d) escurecimento nos ramos.
 

Controle

Para evitar grandes prejuízos, o controle do míldio deve ser feito preventivamente. O controle químico deve ser realizado de forma preventiva, começando no início da brotação, com o uso de fungicida sistêmico intercalado com produtos de contato à base de cobre. Apesar de o controle químico ser o mais eficiente e utilizado até o momento, outros métodos devem ser associados para maior eficiência no manejo da doença. Dentre as práticas culturais, recomenda-se promover uma maior aeração do parreiral; utilização da cobertura plástica, que deixa o microclima menos favorável ao míldio e a retirada de restos de cultura do parreiral, quando estes estão infectados. É importante associar as pulverizações com as condições climáticas favoráveis, assim como com os períodos mais suscetíveis da cultura. Para escolha do fungicida adequado é recomendado consultar o Agrofit (http://agrofit.agricultura.gov.br) onde estão listados todos os fungicidas registrados para esta cultura, assim como, as indicações de uso. É importante não esquecer dos tratamentos que devem ser realizados no parreiral durante a fase de repouso, que consistem na pulverização de fungicidas, inclusive do córtex da planta, para reduzir a população do patógeno que sobrevive de ciclo para ciclo.

Oídio

O oídio é uma doença de grande importância para a cultura da videira, sobretudo em condições semiáridas, onde o clima seco e com baixa ocorrência de chuvas favorece o desenvolvimento desta doença, principalmente no segundo semestre do ano, quando as chuvas são escassas. Esta doença é causada pelo fungo Uncinula necator (Schwein.) Burril, um parasita obrigatório. Assim como o míldio, o oídio pode acarretar perdas significativas na produção e na qualidade da uva. O uso indiscriminado de fungicidas pode levar ao desenvolvimento de isolados resistentes aos fungicidas indicados para o controle desta doença.

Sintomas

Este patógeno pode colonizar folhas, ramos, inflorescência e frutos caracterizados por um crescimento branco pulverulento recobrindo os órgãos afetados. Esse crescimento branco são as estruturas do patógeno (Figura 2a). O oídio coloniza apenas as células da parte superior da folha (epiderme) por meio da emissão de haustórios. Apesar do fungo poder se desenvolver em ambas as faces da folha, ele predomina na face inferior, a menos que a área esteja sombreada propiciando o crescimento do patógeno na face superior da folha. Isto ocorre em função da sensibilidade do fungo à radiação solar. As folhas infectadas também podem se tornar subdesenvolvidas, retorcidas e murchas. Os sintomas são bem visíveis em ramos, que passam a apresentar manchas amarronzadas (Figura 2B). Nos frutos jovens, a doença é caracterizada pelo crescimento branco na superfície da baga (Figura 2c), paralisação do crescimento do tecido e queda prematura. Quando a infecção ocorre em bagas com estágio de desenvolvimento mais avançado, tem-se um crescimento desigual entre o tecido da superfície e o da polpa, acarretando o rompimento da baga, que servirá de porta de entrada para outros microrganismos.

Fotos: Carlos Antônio da Silva (a e c), Cícero Barbosa Filho (b).
 
Figura 2. a) Manchas de oídio em folhas; b) bagas e c) ramos.
 

Controle

Para obtenção de melhores resultados no emprego de práticas de manejo desta doença, é necessário que vários métodos sejam associados, tais como: retirada de restos culturais; eliminação do córtex na fase de repouso; aplicação de fungicidas à base de enxofre; e maior atenção com o parreiral nas fases de emissão de folhas novas, emissão de inflorescência e início da frutificação, quando a cultura é mais suscetível ao patógeno. Na aplicação de enxofre, é importante observar que este produto não deve ser aplicado quando a temperatura do ar for superior a 30 oC, devido a sua ação fitotóxica e, nem aplicado quando a temperatura é inferior a 18 oC, pois a sua eficácia é reduzida. Outros fungicidas também podem ser utilizados para controle do oídio (http://agrofit.agricultura.gov.br).

Ferrugem

A ferrugem da videira é uma doença que pode ser bastante destrutiva quando encontra condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento e não controlada rapidamente. Essa doença ocorre principalmente em regiões tropicais. Na região do Submédio do Vale do São Francisco, a ferrugem da videira foi observada em videiras de cultivares viníferas no ano de 2004 e, atualmente encontra-se disseminada em várias áreas desta região. O fungo Phakopsora euvitis Ono é o seu agente causal, sendo um parasita obrigatório.

Sintomas

Os sintomas são observados como pústulas amarelas e pequenas na face inferior de folha (Figura 3A). Na face superior correspondente, observa-se queima da área foliar afetada. Os sintomas e sinais começam nas folhas mais velhas e, em seguida, nas folhas mais novas, em aproximadamente 40 e 50 dias antes da colheita, estendendo-se ao período de repouso da planta. Nos estágios mais avançados do desenvolvimento da doença também se observam teliósporos de coloração marrom escura, entremeados com uredósporos (Figura 3B). As folhas colonizadas amarelecem e secam, entretanto quando o ataque é severo, pode causar a queda prematura das mesmas. A desfolha precoce reduz o crescimento de porta-enxertos, prejudica a maturação dos frutos e afeta o acúmulo de reservas das plantas adultas, comprometendo as safras seguintes. As bagas das plantas infectadas tornam-se amolecidas, murchas e sem uniformização de cor, apresentam um maior teor de açúcares, porém não reduz a produtividade quando o produtor aplica fertilizante foliar. No entanto, esta doença tem causado perdas de 30% a 50% da produção no Vale do Sirigi, Município de São Vicente Férrer, PE, quando não são adotadas medidas de controle.

Fotos: Diógenes da Cruz Batista (a), Roberto Luiz Xavier da Silva (b).
 
Figura 3. Sintomas de ferrugem em folhas de videira. a) Pústulas amarelas na face inferior da folha; b) Presença de teliósporos e uredósporos em estágio mais avançado de desenvolvimento da doença.
 

Controle

Como medida de controle é indicado o uso de cultivares resistentes. No entanto, as cultivares mais utilizadas e derivadas de Vitis labrusca L., V. vinifera L. e V. aestivalis Minchx são suscetíveis à esta doença. Outras medidas que devem ser adotadas são: evitar o uso de sistema de irrigação sobre copa (aspersão), uma vez que este favorece a infecções por P. euvitis; estabelecer quebra-ventos com o objetivo de minimizar a disseminação do patógeno; adquirir mudas ou qualquer outro material vegetal propagativo acompanhada de Certificado Fitossanitário de Origem (CFO); monitorar e realizar inspeções periódicas no parreiral, visando a detecção de focos iniciais de infecção; e eliminação, por meio da queima, dos restos de cultura por ocasião da poda. O uso de fungicidas é indicado, principalmente o tebuconazole, que tem propiciado maior eficiência no controle da ferrugem da videira. No entanto, até o momento, apenas um fungicida (ditiocarbamato + estrobilurina) tem registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle desta doença.

Podridão seca

A podridão seca, também, conhecida por “morte descendente” é um dos mais sérios problemas fitossanitários da videira cultivada na região do Submédio do Vale do São Francisco, causando falha na brotação das gemas e definhamento progressivo da planta que pode levar à morte. Esta doença é causada pelo fungo Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon&Maubl (sin. Botryodiplodia theobromae Pat.) e pode provocar cancros, morte de ponteiros e podridão em frutos e raízes.

Sintomas

As plantas infectadas podem apresentar queima ou seca de ponteiros e folhas, diminuição do vigor e da produtividade. Os ramos morrem do topo para a base apresentando manchas escuras, geralmente alongadas na extensão e em forma de “v” quando o ramo é cortado transversalmente, podendo apresentar pontuações escuras (picnídios). Algumas vezes, a infecção pode ocorrer por meio de ferimentos na parte do caule próxima ao solo, onde são observados sintomas de escurecimento. Brotações novas ou parte delas podem morrer, causando o definhamento da parte aérea, com amarelecimento, murcha e até a morte da planta. Este fungo, também pode infectar os cachos, causando escurecimento do engaço, seca do pedicelo e murcha das bagas, às quais podem exibir manchas oleosas, que poderão se tornar recobertas por uma massa micelial branca e cotonosa.

Controle

Por se tratar de um fungo oportunista, que na maioria das vezes causa maiores danos à planta quando esta encontra-se debilitada, recomenda-se que o manejo seja feito de modo adequado para evitar condições de predisposição da planta. Para tanto, deve-se evitar estresse hídrico pela falta ou excesso d’água; evitar ferimentos nas raízes; desinfestar instrumentos de poda; após a prática da torção dos ramos aplicar produtos à base de cobre; eliminar restos de cultura e da poda; eliminar os ramos infectados e proteger o local do corte com pasta cúprica; realizar o controle químico, mesmo na fase de repouso com os produtos registrados para esta doença (http://agrofit.agricultura.gov.br)

Antracnose

Esta doença é importante na região do Submédio do Vale do São Francisco apenas quando as chuvas ocorrem com alta frequência, no primeiro semestre do ano. O agente causal é o fungo Elsinoe ampelina na fase perfeita e Sphaceloma ampelinum na fase imperfeita.

Sintomas

A antracnose pode ser observada em toda a parte aérea da planta. No limbo foliar aparecem manchas pequenas, irregulares e arredondadas, de cor pardo escura e levemente deprimida que, com o avanço da necrose pode secar e cair. O limbo, também, pode ficar encarquilhado. As nervuras podem ficar necrosadas e nos brotos novos e nas gavinhas, formam-se manchas necróticas pardo-escura que aumentam de tamanho, tornam-se deprimidas, transformando-se em cancros. As bagas, quando infectadas, apresentam manchas circulares necróticas deprimidas, de cor cinza-escuro, não centralizadas e com halo avermelhado. Este sintoma assemelha-se a um olho, sendo, portanto, conhecida como “olho de passarinho”. Pode ocorrer em frutos verdes ou maduros.

Controle

Para o controle desta doença é indicado, além do tratamento com fungicidas, a realização de podas de limpeza das partes infectadas da planta e queima dos restos de cultura. É recomendado, ainda, a poda verde para controlar o crescimento vegetativo das plantas de modo a não permitir super-adensamento da copa. O controle químico deve ser concentrado após a poda seca e antes da abertura das gemas.

Principais doenças causadas por bactérias

Cancro-bacteriano

O cancro-bacteriano da videira, causado por Xanthomonas campestris pv. viticola (Xcv) (Nayudu) Dye, foi encontrado em parreirais do Submédio do Vale do São Francisco em 1998, em plantios da cultivar Red Globe. A introdução do patógeno nesta região ocorreu, provavelmente, por meio de material propagativo originário da Índia, único país, além do Brasil, onde esta doença ocorre. Os sintomas desta doença aparecem no primeiro semestre do ano, em épocas de chuva, alta umidade relativa do ar e temperatura elevada.

Sintomas

Nas folhas, os sintomas surgem como pontos necróticos, medindo de 1 mm a 2 mm de diâmetro, com ou sem halos amarelados, algumas vezes coalescendo e causando a morte de extensas áreas do limbo foliar (Figura 4a). Nas nervuras e pecíolos das folhas, nos ramos e no engaço (ráquis) dos frutos formam-se manchas escuras alongadas, que evoluem para fissuras longitudinais de coloração negra conhecidas como cancros (Figura 4b). As bagas tornam-se desuniformes em tamanho e cor, podendo apresentar lesões necróticas (Figura 4c). A intensidade dos sintomas causados por X. campestris pv. viticola varia segundo o nível de tolerância da cultivar a esta doença e as condições ambientais.

Fotos: Maria Angélica Guimarães Barbosa (a), Suzana Freire Dantas (b e c)
 
Figura 4. a) Manchas foliares; b) nervuras; c) engaço escurecidos, exibindo cancro causado por Xanthomonas campestris pv. Viticola.
 

Controle

Na formação de novos parreirais, o emprego de mudas de sanidade comprovada é a primeira e mais importante recomendação para que a estabilidade fitossanitária da cultura seja viável a médio e longo prazo. No caso de parreirais já implantados e com a presença de X. campestris pv. viticola, recomenda-se eliminar todos os ramos infectados quando detectadas plantas com sintomas de cancro bacteriano. As operações de poda devem ser sempre realizadas com ferramentas desinfestadas (hipoclorito de sódio a 2% ou amônia quaternária a 0,1%) e no período de estiagem. Os cortes resultantes da poda devem ser sempre pincelados com pasta cúprica. Pode-se, ainda, realizar pulverizações com produtos à base de cobre. Todo material removido nas operações de poda, bem como os restos de cultura, deverão ser amontoados próximo ao foco e incinerados, evitando transportá-lo. Outra medida de controle que pode ser utilizada, visando eliminar a bactéria dos restos de cultura, assim como servir de fonte orgânica de nutrientes, é a realização da compostagem do material. Para tanto, deve-se triturar os restos de poda com uma forrageira, alternar uma camada de restos de poda e outra de esterco caprino na proporção 2,5:1.

Principais doenças causadas por nematóides

A partir de 1954, o declínio de videiras foi associado a diversas espécies de fitonematoides, destacando-se: Meloidogyne spp., Xiphinema spp., Pratylenchus spp., Tylenchulus semipenetrans, Mesocriconema spp., Paratylenchus spp., Paratrichodorus spp., Trichodorus spp. e Longidorus spp. Esses nematoides são parasitas de raízes e encontram-se mundialmente disseminados em todas as regiões onde a videira é cultivada. Além destes, no Brasil, P. jordanenis, P. thornei, P. brachyurus e P. zeae são espécies que já foram constatadas em levantamentos realizados em pomares vitícolas de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, mas em parreirais do Submédio do Vale do São Francisco, P. brachyurus é a espécie mais comum. As práticas para o controle desses nematoides são as mesmas empregadas para os nematoides-das-galhas. Outros nematoides são citados na literatura, associados à videira, como: Mesocriconema spp., Paratylenchus spp., Rotylenchulus reniformis., Helicotylenchus spp., Hoplolaimus spp., Rotylenchus spp., Tylenchorhynchus spp. e Paratrichodorus christiei. Alguns deles foram detectados em amostras de solo coletadas nessa região, porém, sua importância econômica ainda é desconhecida.


Nematóides-das-galhas

Sua ocorrência foi verificada em parreirais do Semiárido brasileiro no início da década de 1990, em diagnose feita no Laboratório de Nematologia da Embrapa Semiárido. As três espécies de nematoides-das-galhas mais importantes para a videira são Meloidogyne incognita (Kofoide & White) Chitwood, M. javanica (Treub) Chitwood e M. arenaria (Neal) Chitwood.

O sintoma do ataque dessas espécies de nematoides, em raízes de videira, é a formação de pequenos engrossamentos ou galhas em raízes novas (Figura 5), resultando em grandes galhas quando ocorrem múltiplas infecções. Entretanto, existem casos em que esses sintomas não são facilmente visualizados. Além disso, provocam redução do vigor e declínio das plantas mais suscetíveis ao estresse, prejudicando a absorção de água e de nutrientes e, consequentemente, a produtividade.

 
Fotos: César Bauer Gomes (a), Marcos Roberto Dutra (b).
Figura 5. Galhas causadas por Meloidogyne sp em raízes de videira.
 

Controle

As medidas de controle mais recomendadas são:

  • Exclusão: os produtores devem utilizar mudas certificadas e livres de nematoides.

  • Práticas culturais: dentre os métodos culturais mais utilizados em áreas infestadas por fitonematoides, destacam-se a destruição de plantas doentes; a rotação de culturas; o emprego de culturas armadilhas e antagônicas; e o correto manejo da matéria orgânica, da Nutrição e Adubação e das práticas culturais.

Principais doenças causadas por vírus

As viroses são frequentes em áreas vitícolas de todo o mundo, podendo infectar cultivares de copa e de porta-enxerto. As viroses podem causar prejuízos significativos na produtividade, sendo que perdas variando de 10-70% já foram relatadas. Dentre os principais tipos de vírus que afetam a videira, destacam-se os seguintes:

Enrolamento da folha

Esta é a mais disseminada e importante doença causada por vírus que afeta a videira, podendo infectar cultivares copa e porta-enxerto. Nove espécies de vírus (Grapevine leafroll-associated virus 1-9 - GLRaV 1-9) já foram relatadas associadas à doença.

Sintomas

Em videiras tintas infectadas, os sintomas são avermelhamento de folhas e apenas o tecido ao longo das nervuras permanece verde, enquanto que em cultivares brancas, as folhas tornam-se cloróticas. Nos dois casos, há enrolamento dos bordos das folhas para baixo, sintoma que originou o nome da doença. As folhas tornam-se espessas e quebradiças devido ao acúmulo de carboidratos decorrente da degeneração do floema que resulta em menores teores de sólidos solúveis totais nos frutos.

Mal formação infecciosa ou doença dos entrenós curtos

Causada pelo Grapevine fanleaf virus (GFLV), foi uma das primeiras viroses descritas na videira em todo o mundo, podendo afetar os porta-enxertos americanos e outras espécies de Vitis e/ou híbridos. O GFLV é disseminado por nematoides do gênero Xiphinema, destacando-se as espécies X. index e X. italiae, que podem reter o vírus por até 8 meses na ausência de plantas hospedeiras.

Sintomas

Os sintomas são diferenciados em mosaico amarelo, folha em leque e faixa das nervuras, dependendo da estirpe do vírus que esteja infectando a planta.

Mancha das nervuras

Causada pelo Grapevine fleck virus (GFkV) ocorre em diversas áreas vitícolas do mundo. Nas folhas, surgem manchas cloróticas e translúcidas, irregulares, acompanhando a posição das nervuras. Este vírus é disseminado apenas por meio de material propagativo infectado.

Lenho rugoso

Lenho rugoso é um termo que compreende quatro doenças caracterizadas por anomalias causadas no lenho. São transmitidas por enxertia e diferenciadas, segundo a expressão de sintomas em cultivares indicadoras de porta-enxerto. A doença intumescimento dos ramos (“Corky bark”) é associada ao Grapevine virus B (GVB); caneluras do tronco do Rupestris (“Rupestris stem pitting”) associada ao Rupestris stem pitting-associated virus (RSPaV); acanaladura do lenho de Kober (“Kober stem grooving”), associada ao Grapevine virus A (GVA) e acanaladura do lenho do LN33 (“LN33 stem grooving”), cujo agente causal ainda é desconhecido. Essas doenças podem ocorrer em infecção mista numa mesma videira, acarretando em severos prejuízos. No Brasil, apenas a acanaladura do lenho de LN33, ainda, não foi detectada. Dentre estes agentes, o GVA e o GVB do gênero Vitivirus são disseminados de maneira semipersistente por cochonilhas algodonosas da Família Pseudococcidae e de carapaça da Família Coccidae.

Necrose das nervuras

Esta doença ocorre em parreirais de todo o mundo, em cultivares de uva europeias e americanas e em alguns porta-enxertos. O sintoma mais característico da doença é a necrose das nervuras, principalmente naquelas secundárias e terciárias, visíveis na face dorsal da folha. A doença é transmitida por meio de material propagativo infectado e o seu agente etiológico é possivelmente um vírus.

A diagnose dessas doenças, com a detecção e a identificação de vírus, é feita com a realização de testes biológicos (enxertia), sorológicos (Elisa) e moleculares (PCR). Considerando-se que não existem medidas de controle curativas para essas doenças, este deve ser feito preventivamente. Neste caso, a utilização de material propagativo livre de doenças na produção de mudas é de fundamental importância para a videira. Os métodos mais importantes e eficientes para o controle de viroses em culturas perenes inclui a adição de estratégias como a seleção sanitária, a obtenção de clones sadios e o controle de vetores. O plantio de mudas certificadas, livres de vírus, é de fundamental importância no estabelecimento de novos parreirais. Métodos utilizados na obtenção de plantas sadias a partir de videiras infectadas com vírus incluem a termoterapia associada à cultura de tecidos.

 
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