Escolha da área 
              Espaçamento 
              Sistema de condução 
              Plantio
  
              
            
              
              
              
               
             A implantação  de um vinhedo destinado à produção de uvas finas de mesa requer  grande atenção por parte do produtor ou técnico responsável, uma  vez que a escolha da área, o espaçamento e o tipo de condução da  planta irão influenciar na produtividade e na qualidade da uva.             
            
            
              É  necessário que se faça um histórico completo da área escolhida de  forma a se diagnosticar os problemas e as possíveis correções.  Desta forma os seguintes pontos devem ser considerados: 
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 Coleta de  	amostras de raízes de plantas nativas e de solo: deve ser feita com o objetivo de diagnosticar presença de  	nematoides, fusariose e de pérola-da-terra. É necessário, também,  	que se faça análise biológica do solo em áreas que apresentem  	histórico de criação de animais antes do preparo do solo ou  	durante a fase de implantação, para se obter uma produção  	mais segura, livre de contaminação com organismos prejudiciais à  	saúde humana. 
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 Declividade  	do terreno: determinada através do estudo topográfico da área. A declividade  	do terreno não deve ser superior a 20%, o que dificultaria a  	conservação do solo e tratos culturais. É necessário que se faça  	também o mapa planialtimétrico para as futuras instalações dos  	sistemas de irrigação e drenagem e estabelecimento das linhas de  	plantio. 
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 Clima:  	é necessário realizar um estudo prévio com base nos dados  	climáticos locais, de forma a identificar-se o potencial de  	produção da videira. A videira desenvolve-se bem em condições  	tropicais, pois o mesmo favorece o desenvolvimento vegetativo das  	plantas, que produzem durante o ano todo, de forma que não há  	períodos de dormência e os ciclos vegetativos são contínuos. No  	Submédio do Vale do São Francisco, pode-se obter até duas safras  	e meia/ano. No entanto, vem sendo observado que grande parte dos  	vinhedos destinados à produção de uvas de mesa sem sementes para  	consumo in natura, vem sendo conduzidos alternando-se poda de  	formação (primeiro semestre)/poda de frutificação (segundo  	semestre), em consequencia da concentração de chuvas no primeiro  	semestre que favorece a alta incidência de míldio, doença causada  	pelo fungo Plasmopora  	viticola.  	Portanto, é importante a observação da época das chuvas para a  	programação das podas e para que se possa fazer prevenção e  	controle de doenças. 
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 Solo: é importante que se faça um estudo pedológico detalhado, de modo  	a identificar fatores limitantes, tais como: textura e estrutura do  	perfil do solo, presença de camadas adensadas, nível do lençol  	freático e profundidade do solo. Não são indicados solos com alto  	teor de argila, drenagem deficiente e profundidade inferior a 1 m. É  	necessário, também, que se faça análise química do solo para se  	identificar as necessidades de correção e Nutrição e Adubação. 
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 Sistema de  	drenagem: é preciso que se identifique a necessidade de instalação de  	sistema de drenagem superficial e/ou subterrâneo na área, com o  	intuito de evitar encharcamento e posterior salinização. 
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 Recursos  	hídricos: a videira é uma planta exigente em água e, para atender suas  	necessidades hídricas, as áreas destinadas à produção deverão  	estar localizadas próximas a manancial com água de qualidade, de  	forma  a facilitar tambémos manejos do sistema de irrigação e  	fitossanitário. A análise da água é essencial e deve incluir os  	teores de sais e o pH.  
              
            
            
              
              Quando os  terrenos são mecanizáveis, as distâncias entre as linhas de  plantio devem ter pelo menos 3 m. Para cultivares de uvas de mesa sem  sementes, a distância mínima entre linhas de plantio é de 3 m em  face da necessidade de se efetuar podas mais longas, o que exige  maior espaço para o desenvolvimento das brotações sem que haja  excessiva sobreposição de ramos com as plantas vizinhas. O  espaçamento mais utilizado para uvas sem sementes é 3 m x 2 m,  podendo haver variações para um maior ou menor adensamento por  hectare.             
            
            
              
              Como a videira  necessita de sustentação, cada região vitícola adota um sistema  que melhor se adapte às condições climáticas locais. Além da  sustentação, o sistema de condução, principalmente para regiões  úmidas, deverá evitar o contato das plantas com o solo com o  objetivo de reduzir moléstias fúngicas. A seguir são citados os  principais objetivos do sistema de condução:  
            
             O  sistema de condução é definido previamente e de acordo com a  finalidade à que se destina o vinhedo. Na região do Semiárido  brasileiro, o sistema de condução mais utilizado para a produção  de uvas de mesa é a latada (Figura 1) que apresenta os seguintes  componentes: mourões, estacas internas e aramado (Figura 2). Os  mourões e estacas devem ser de madeira resistente, preferencialmente  tratada, de modo a proporcionar uma vida útil longa ao vinhedo. O  uso de eucalipto tratado obtido de áreas de reflorestamento, tem-se  destacado como uma excelente opção, representando uma fonte  renovável sem implicar em prejuízos ao meio ambiente. 
            
              
                
                  Foto: Marcelino L. Ribeiro 
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                  Figura 1. Sistema de condução de videiras do tipo latada.  
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              A construção  da latada deverá obedecer aos seguintes passos: 
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Distribuir  	as cantoneiras ou os mourões mais reforçados nos cantos da latada,  	bem como os mourões externos, obedecendo a distância entre as  	linhas de plantio nas outras duas laterais da latada, mantendo uma  	distância que pode variar entre 4 a 6 m (de acordo com o  	espaçamento adotado entre plantas). Os mourões externos são de  	madeira com 3 m de altura e 1 cm8 a 20 cm de diâmetro, sendo que  	nas cantoneiras devem-se usar mourões mais reforçados. 
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Enterrar  	os mourões externos a uma profundidade mínima de 0,70 cm, mantendo  	inclinação para o lado externo de 60º em relação ao nível do  	solo. 
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 Amarrar os  	mourões externos e cantoneiras aos rabichos formados com três fios  	de arame galvanizado nº 8 ou cordoalha e chumbados a um bloco de  	concreto que é enterrado no solo a uma profundidade de 0,8 m a 1,0  	m. 
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 Distribuir os  	postes internos nas linhas de plantio, cuja distância entre eles  	deve coincidir com o espaçamento entre plantas. Se o espaçamento  	entre as plantas for inferior a 3m, então a distância entre as  	estacas é superior à distância entre plantas. As estacas devem  	ser enterradas a uma profundidade de 0,70 cm. As estacas internas  	devem apresentar 2,70 cm de altura e  10 cm à 12 cm de diâmetro. 
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 Distribuir o  	aramado, iniciando pela cordoalha externa, fixada aos mourões e  	cantoneiras externas. 
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 Esticar os  	arames galvanizado nº 12, no sentido perpendicular às linhas de  	plantio, passando sobre as estacas, onde serão fixados. 
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 Esticar os  	arames primários, constituídos por fios de arame galvanizado n°  	10, passando sobre as estacas no mesmo sentido das linhas de  	plantio, fixando-os aos mourões externos e depois os arames  	secundários que constituem a malha da latada, formada por fios  	simples n° 14, que são colocados a uma distância de  	aproximadamente 50 cm e fixados à cordoalha externa. O esticamento  	dos diversos componentes do aramado e dos rabichos poderá ser  	facilitado pelo uso de esticadores e conectores ou emendadores de  	arame. 
              
            
              
                
                  Ilustração: José Clétis Bezerra.  
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                  Figura 2. Vista geral de uma latada, com aramado, postes internos e externos. 
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              Após o preparo  da área e implantação do sistema de condução, procede-se a  abertura das covas, com dimensões de 60 cm x 60 cm x 60 cm,  procurando-se separar o solo mais superficial daquele de camadas mais  profundas. No momento do enchimento da cova, coloca-se no fundo, o  solo da camada mais superficial e o restante do solo, misturado com  os adubos e a matéria orgânica, na parte de cima da cova. As covas  podem ser substituídas pela abertura de sulcos, com uma profundidade  de 40 cm no mesmo sentido das linhas de plantio, antes da instalação  do sistema de irrigação e condução.  
             O plantio pode  ser realizado em qualquer época do ano, sob condições irrigadas.  Entretanto, o plantio no período mais seco reduz a ocorrência de  doenças e a necessidade de tratamentos fitossanitários. As mudas  utilizada no plantio, quer sejam elas de porta-enxerto ou já  enxertadas, devem ser adquiridas mediante o fornecimento do  Certificado Fitossanitário de Origem (CFO), conforme legislação  vigente, não devendo apresentar quaisquer sintomas de doenças ou  outras anormalidades e com desenvolvimento vigoroso e uniforme. Em  geral, as mudas podem ser levadas para o campo 2 meses após a  realização da enxertia ou o plantio das estacas do porta-enxerto.  
             Durante o  período de crescimento e formação da planta jovem, é necessária  atenção permanente, realizando os seguintes tratos culturais:  controle de formigas e fitossanitário, das ervas daninhas por meio  de capinas (o uso de herbicidas nesta fase não é recomendado,  devendo-se recorrer à capina manual nas linhas de plantio ou em  torno das plantas, complementando-se com o roço manual ou mecanizado  nas entrelinhas de plantio); realização de Nutrição e Adubação de cobertura  por meio de fertirrigação ou diretamente no solo e irrigação. 
             Quando se realiza o plantio de mudas  enraizadas de porta-enxerto, três brotações são mantidas,  eliminando-se as demais por meio de desbrotas. As brotações são  conduzidas de forma ereta amarrada a um tutor. Como tutor, pode ser  utilizada a própria estaca do sistema de condução, barbante, vara  de madeira ou bambu (Figura 3). 
            
              
                
                  Fotos: a) Patrícia Coelho de Souza Leão e b) Teresinha C. S. de Albuquerque. 
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                  | Figura 3. Fase de crescimento: a) planta jovem após a realização de enxertia de mesa; b) fase de formação da parte aérea. | 
                
                         
            
             
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