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Cultivo
da Videira
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Pragas |
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A existência de um programa atuante de Manejo Integrado de Pragas (MIP) é central no contexto da Produção Integrada de Frutas (PIF), representando 80% das estratégias de implantação dessa moderna tecnologia de produção agrícola, que objetiva alcançar produções econômicas com alta qualidade e proteção ao ser humano e ao meio ambiente. No MIP, o conhecimento das pragas da videira, assim como os seus hábitos, danos e época de ocorrência são de fundamental importância para que medidas de controle sejam tomadas de forma racional e eficiente.
Tripes – Selenothrips rubrocinctus e Frankliniella sp. (Thysanoptera: Thripidae) Descrição e danos - O adulto de S. rubrocinctus tem coloração em geral preta ou marrom escuro. As ninfas são amareladas, com os dois primeiros segmentos abdominais vermelhos e carregam na parte terminal do abdome, uma pequena bola de excremento líquido (Figura 1). Em função do ataque intenso ocorre a “queima” e queda das folhas, podendo haver uma desfolha parcial ou total da planta. O adulto de Frankliniella sp. possui coloração que varia do amarelo-claro a marrom-escuro. Os maiores danos ocorrem durante a floração. Nos frutos, no local de postura, ocorre um secamento e morte das células formando uma lesão necrosada em forma de Y (Figura 2), tornando-os imprestáveis para comercialização. ControleCultural: melhorar a aeração dos cachos, eliminar os restos da poda e fazer o roço das plantas daninhas não rente ao solo ao redor e dentro do parreiral para evitar a proliferação dessas duas espécies de tripes e preservar os inimigos naturais. Químico: aplicar produtos na fase de chumbinho ou logo após a detecção da praga, podendo uma ou duas aplicações serem suficientes (Tabela 1). Fotos: Embrapa Semi-Árido
Ácaro-branco – Polyphagotarsonemus latus (Acari: Tarsonemidae) Descrição e danos - Este ácaro é polífago, cosmopolita, praticamente invisível a olho nu. Ataca folhas novas, as quais apresentam coloração verde brilhante e “encarquilhamento”, assemelhando-se aos sintomas de virose (Figura 3). As condições de temperatura e umidade elevadas favorecem o desenvolvimento do ciclo biológico desse ácaro, podendo, porém, ser encontrado em qualquer época do ano, em maior ou menor população. Foto: Embrapa Semi-Árido
Ácaro-rajado – Tetranychus urticae (Koch, 1836) (Acari: Tetranychidae) Descrição e danos - Este ácaro tece teia na face inferior das folhas e entre os fios da teia efetua a postura. Apresenta um acentuado dimorfismo sexual; o macho mede cerca de 0,23 mm e a fêmea em torno de 0,45 mm e possui duas manchas verdes escuras no dorso (Figura 4). Ataca as folhas e brotações, as quais apresentam manchas escuras avermelhadas, podendo tornarem-se necrosadas (Gallo et al., 1988) (Figura 5). Em ataques intensos, esse ácaro pode comprometer o desenvolvimento das plantas. Controle - As medidas de controle recomendadas são válidas para P. latus e T. urticae. Cultural: retirar e eliminar as partes das plantas após a poda e os ramos bandeira (ramos verticais), através da queima fora da área do cultivo; eliminar as plantas daninhas hospedeiras desses ácaros antes da brotação da videira; não usar adubação nitrogenada em excesso. Químico: utilizar acaricidas específicos. O ácaro branco é bastante sensível ao enxofre, devendo as pulverizações serem direcionadas as brotações (Tabela 1). Fotos: Embrapa Semi-Árido
Mosca-branca – Bemisia argentifolii (Hemiptera: Aleyrodidae) Descrição e danos - Os ovos têm coloração amarela, formato de pêra, são colocados na face inferior das folhas. As ninfas são translúcidas e de coloração amarela a amarelo-claro (Figura 4). O adulto possui asas membranosas recobertas por uma substância branca pulverulenta e quando em repouso, são mantidas separadas com os lados paralelos, visualizando-se o abdome. A emergência do adulto é precedida por uma fase chamada “pupário” (exúvia do último ínstar da ninfa) e efetua-se por meio de uma ruptura em forma de T , na região ântero-dorsal do “pupário”. O dano observado na videira, até o momento foi a presença de substâncias açucaradas nas folhas e nos frutos, favorecendo o desenvolvimento de fumagina (Figura 6), tendo como conseqüência a redução do processo fotossintético das plantas e alteração na qualidade dos frutos. Controle Cultural: roçar as plantas invasoras presentes no parreiral, em fileiras alternadas, não rente ao solo; não utilizar cultivos suscetíveis a essa praga dentro do parreiral. Biológico: preservar os inimigos naturais da mosca-branca, pela utilização de medidas culturais recomendadas e uso de produtos seletivos. No Submédio São Francisco, constatou-se a ocorrência de ninfas de B. argentifolii parasitadas por Encarsia lutea (Hymenoptera: Aphelinidae); dos predadores Chrysoperla sp. (Neuroptera: Chrysopidae), representantes da Ordem Coleoptera (Família Coccinellidae) e ácaros da família Phytoseiidae; e do fungo Cladosporium sp. Químico: Não existem produtos registrados para o controle da mosca-branca Bemisia sp., como também não há ou são escassas as pesquisas realizadas sobre o controle desta praga em videira. O uso do detergente líquido neutro, aplicado a 0,6%, e a manutenção da área do parreiral isenta de plantas daninhas, vêm apresentando um controle satisfatório desta praga, no Submédio do São Francisco. Fotos: Embrapa
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Lagarta-das-folhas – Eumorpha vitis (Lepidoptera: Sphingidae) Descrição e danos - O adulto é uma mariposa com aproximadamente 100 mm de envergadura, corpo de coloração parda, asas anteriores escuras com faixas claras e as posteriores com manchas verde e preto e os bordos internos avermelhados. Os ovos são arredondados, têm coloração verde claro e são colocados isoladamente na superfície das folhas. A lagarta, conhecida vulgarmente como mandarová da videira, apresenta coloração verde claro, mede em torno de 80 mm de comprimento e possui um pequeno “espinho” na parte posterior do abdome. Danifica as plantas provocando desfolhamento (Gallo et al., 1988; Zucchi et al., 1993). Controle Biológico: E. vitis é em geral, controlada naturalmente por Trichogramma sp. e Apanteles sp., respectivamente, parasitóides de ovos e de lagartas. Cultural: tratando-se de uma praga que ocorre geralmente em focos, a coleta manual das lagartas é uma medida eficaz para reduzir significativamente a população desse inseto. Químico: na ocorrência de surtos populacionais, poderá ser utilizado Trichlorfon, na dosagem de 100 ml para 100 litros de água, observando-se a carência de 15 dias (Tabela 1). Broca-dos-ramos – Paramadarus complexus (Coleoptera: Curculionidae) Descrição e danos - O adulto da broca-dos-ramos mede em torno de 5 mm de comprimento, apresenta coloração marrom-escura e escamas marrom-clara cobrindo todo o corpo do inseto (Figura 8). A larva é branco-amarelado, constrói galerias nos nós ou no interior dos ramos, onde ocorre um entumescimento, pela formação de sua câmara pupal, ocasionando a interrupção da seiva, e a morte dessa parte da planta (Figura 9). Controle Cultural: recomenda-se realizar sistematicamente a poda dos ramos atacados e queima-los imediatamente fora da área de cultivo. Químico: não há produtos registrados para o controle dessa praga (Tabela 1). Fotos: Embrapa
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Cochonilhas Descrição e danos - São insetos pequenos e sugadores de seiva. Muitas espécies são recobertas por secreções céreas produzidas por glândulas epidérmicas das ninfas e adultos. Podem atacar troncos, galhos, folhas e frutos, tornando as plantas definhadas. No Submédio São Francisco, algumas espécies de cochonilhas associadas à videira, ainda não identificadas a nível específico, em geral, não ocasionam danos econômicos. As cochonilhas podem ser disseminadas pelo vento, pássaros, insetos e pelo homem através de material vegetativo infestado. Controle Cultural: eliminar e retirar da área os ramos atacados. Químico: utilizar óleo mineral (Tabela 1). Em geral, duas aplicações com intervalos de 15 dias são suficientes para o controle dessa praga. Moscas-das-frutas – Ceratitis capitata (Diptera: Tephritidae) Descrição e danos – O adulto de C. capitata apresenta coloração predominantemente amarelada, tórax preto na face superior, com desenhos simétricos e olhos castanhos violáceos (Figura 10). O abdome é amarelo com duas listras transversais acinzentadas. A postura é feita nos frutos em estágio de maturação mais avançado, podendo uma fêmea depositar de 100 a 300 ovos durante sua vida. A larva apresenta coloração branco amarelada, afilada para a parte anterior, truncada e arredondada para a parte posterior e quando perturbada tem a característica de saltar; desenvolvem-se dentro dos frutos e quando prestes a empupar, deixam-se cair ao solo. Controle – Para o monitoramento dessa praga, utiliza-se uma armadilha Jackson por hectare, colocada na periferia do pomar e como isca, o feromônio trimedlure (Figura 11). As inspeções são quinzenais e a reposição do feromônio feita, geralmente, a cada 45 dias. Fotos: Embrapa
Semi-Árido
Para a implementação do MIP na cultura da uva, torna-se indispensável o monitoramento das pragas, realizado mediante amostragens periódicas, nos diferentes estágios fenológicos da videira (Quadro 1). A amostragem é baseada em um número fixo de amostras coletadas, ao acaso, por unidade de área, e permite definir o momento adequado para a tomada de decisão sobre a adoção ou não de medidas de controle. A parcela ou talhão a ser amostrado, deverá ter a mesma idade, mesma variedade e apresentar solo e declividade uniformes. Recomenda-se que a diferença entre cada talhão ou parcela, seja de no máximo 15 dias em relação à data da poda. Cada ponto da amostragem deve ser constituído por uma planta. Nos pomares com áreas podadas de até 1,0 ha, a amostragem deve ser efetuada em dez plantas, ao acaso, sendo quatro na bordadura e seis no interior do talhão, obedecendo ao esquema de caminhamento em ziguezague. Para as áreas podadas maiores que 1,0 e até 5,0 ha, recomenda-se amostrar 20 plantas, também ao acaso, sendo oito na bordadura e 12 no interior do talhão. Tabela 1 - Produtos registrados para o controle das pragas da cultura uva junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA*).
Quadro 1. Metodologia de amostragem e nível de ação das pragas da videira.
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