Embrapa Semi-Árido
Sistemas de Produção, 1
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Julho/2004
Cultivo da Videira

Antônio Heriberto de C. Teixeira

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Aspectos Socioeconômicos

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Doenças

Pragas

Colheita e pós-colheita

Comercialização e Custos

Referências bibliográficas

Glossário

 

Expediente

Autores

 

Clima

Radiação solar

Temperatura do ar

Umidade do ar

Velocidade do vento

Precipitação pluviométrica

Potencial climático da região do Submédio São Francisco para o cultivo da videira

 

Radiação solar

A radiação solar atua nos processos de fotoenergia (fotossíntese) e nos processos de fotoestímulos (processos de movimento e de formação).

A radiação solar absorvida pela cultura, interfere no ciclo vegetativo da videira e no período de desenvolvimento do fruto. Uma maior intensidade de radiação solar incidente promove maiores teores de açúcares nos frutos.

A radiação solar é a maior fonte de energia para o processo de evapotranspiração. O potencial de radiação que incide no parreiral é determinado  pela localização e época do ano.

Temperatura do ar

A temperatura do ar interfere na atividade fotossintética das plantas. As reações da fotossíntese são menos intensas em temperaturas inferiores a 20ºC, crescem com aumento  desse parâmetro climático, atingindo o máximo entre 25 e 30ºC, voltando a cair quando aproxima-se de 45ºC. Os limites de resistência situando-se entre 38 e 50º C. A faixa de temperatura média considerada ideal para a produção de uvas de mesa situa-se entre 20 e 30ºC.

Nos climas tropicais o período de dormência é alcançado através do manejo de água durante o período de repouso, sendo possível obter-se produções em qualquer período do ano. Observa-se, porém, uma queda de rendimento nas safras iniciadas nos meses mais frios.

Com relação à composição química da uva, não havendo excesso de precipitação pluvial, quanto mais elevada for a temperatura da região de cultivo, dentro dos limites críticos, maior será a concentração de açúcar e menor a de ácido málico nos frutos.

A temperatura do ar atua no processo de evapotranspiração, devido ao fato de que o ar aquecido próximo às plantas transfere energia para a cultura na forma de fluxo de calor sensível aumentando as taxas evapotranspiratórias.

Umidade do ar

A umidade do ar durante o ciclo da cultura da videira influencia tanto nos aspectos fisiológicos quanto favorece o surgimento de doenças fúngicas. Valores mais elevados proporcionam o desenvolvimento de ramos mais vigorosos, aceleram a emissão das folhas e favorecem uma maior longevidade. Porém, quando associados a temperaturas elevadas a incidência de fungos é muito maior.

Quanto a atuação da umidade do ar no processo de evapotranspiração, a diferença entre as pressões do vapor d’água na cultura e do ar vizinho é um fator determinante para a remoção do vapor. Cultivos bem irrigados em regiões áridas, como no caso do Submédio São Francisco, consomem grandes quantidades de água devido à abundância de energia solar e ao poder dissecante da atmosfera.

Velocidade do vento

O vento forte apresenta-se como um grande problema para o cultivo de uvas de mesa, pois provocam danos físicos em parreirais em formação, causando a quebra dos ramos novos, e naqueles em produção, causando injúrias mecânicas nos frutos.

No processo de evapotranspiração a remoção do vapor d’água depende, em grande parte, do vento e da turbulência do ar. Nesse processo, o ar acima da cultura vai se tornando gradativamente saturado com vapor d’água. Se não há reposição de ar seco, a evapotranspiração da cultura decresce.

Precipitação pluviométrica

Em termos de exigências hídricas, a videira é muito resistente à seca, graças ao seu sistema radicular que é capaz de atingir grandes profundidades.As regiões de cultivo incluem áreas onde a ocorrência de baixas precipitações e alta demanda evaporativa impõem o fornecimento de água através da irrigação. Uma deficiência hídrica prolongada pode provocar redução significativa na produtividade e na qualidade da uva.

O excesso de chuvas, por outro lado, combinado com temperaturas elevadas, torna a cultura muito suscetível a doenças fúngicas e pragas, sendo conveniente que não ocorram precipitações durante todo o período vegetativo.

Potencial climático da região do Submédio São Francisco para o cultivo da videira

Nas Figuras 1 a 5 é apresentado o comportamento climático do pólo produtor de uvas em Petrolina (PE)-Juazeiro(BA).

Os maiores valores de radiação solar global são registrados no mês de outubro, com valores de 528 cal/cm2/dia e 495 cal/cm2/dia para Petrolina e Juazeiro, respectivamente. Os menores valores são registrados no mês de junho, em torno de 363 cal/cm2/dia e 351 cal/cm2/dia em Petrolina e Juazeiro, respectivamente (Figura 1).

Com relação a temperatura do ar, em Petrolina as normais mensais de temperatura média do ar variam de 24,2ºC a 28,2ºC e em Juazeiro de 24,5ºC a 28,6ºC. Constata-se uma pequena variabilidade interanual, devido a proximidade da região em relação ao equador terrestre,  sendo julho o mês mais frio e  novembro o mês mais quente do ano (Figura 2).

Os meses mais úmidos correspondem àqueles do período chuvoso. Nesse período, em Petrolina varia em média de 66% a 71,5% e em Juazeiro de 61% a 65%.  Menores valores acontecem nos meses de setembro e outubro, abaixo de 55% em Petrolina e acima de 51,5% em Juazeiro, coincidindo com os meses mais quentes do ano. Nestes locais, o mês mais úmido é o de abril que corresponde ao fim do período chuvoso e, o mais seco é o de outubro, correspondendo ao final do período seco (Figura 3).

Na Figura 4, observa-se o comportamento médio anual da velocidade do vento a 2,0m de altura em relação à superfície do solo. Os valores mais elevados ocorrem no período seco, entre os meses de agosto a outubro, chegando a 256 km/dia em Petrolina e 300 km/dia em Juazeiro, no mês de setembro. Os menores valores ocorrem no período chuvoso apresentando valores médios de 139 km/dia e 164,3 km/dia respectivamente em Petrolina e Juazeiro.

A precipitação pluvial, apresentada na Figura 5, é o elemento meteorológico de maior variabilidade espacial e temporal. Nos últimos 30 anos, em Petrolina, o total anual médio é da ordem de 567 mm, enquanto que em Juazeiro é de 542 mm . O período chuvoso concentra-se entre os meses de novembro e abril, com 90% do total anual. A quadra chuvosa, de janeiro a abril, contribui com 68% do total anual, destacando-se o mês de março e o de agosto como o mais e o menos  chuvoso,  com totais médios de 136,2 mm e 4,8 mm, respectivamente, em Petrolina e de 139,6 mm e 1,7 mm   em Juazeiro.

Fig. 1. Radiação solar global em Bebedouro - Petrolina-PE (Rbeb) e Mandacaru - Juazeiro-BA (Rmand).
 

Fig. 2. Temperatura média do ar em Bebedouro - Petrolina-PE (Rbeb) e Mandacaru - Juazeiro-BA (Rmand).

 

Fig. 3. Umidade relativa média do ar em Bebedouro -  Petrolina-PE (Rbeb) (URbeb) e Mandacaru - Juazeiro -BA (URmand).

 

Fig. 4. Velocidade média do vento  (2m) em Bebedouro - Petrolina-PE (Vbeb) e Mandacaru - Juazeiro-BA (Vmand).

 

Fig. 5. Precipitação pluviométrica em Bebedouro (Pbeb) e Mandacaru (Pmand).

 

 

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