Embrapa Semi-Árido
Sistemas de Produção, 1
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Julho/2004
Cultivo da Videira

Patrícia Coelho de Souza Leão

Início

 

Aspectos Socioeconômicos

Clima

Manejo do Solo

Adubação

Cultivares

Mudas

Irrigação

Tratos Culturais

Substâncias Orgânicas

Doenças

Pragas

Colheita e pós-colheita

Comercialização e Custos

Referências bibliográficas

Glossário

 

Expediente

Autores

Plantio

Implantação do vinhedo

 

Espaçamento

Sistema de condução

Plantio

 

Espaçamento
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Quando os terrenos são mecanizáveis, as distâncias entre as linhas de plantio devem ter pelo menos 3,0 m. Em variedades de uvas de mesa sem sementes, distâncias mínimas de 3,0 m entre linhas de plantio são necessárias considerando-se a necessidade de se efetuar podas mais longas nestas variedades, o que exige maior espaço para o desenvolvimento das brotações sem que haja excessiva sobreposição de ramos de linhas de plantio vizinhas. Do mesmo modo, para estas variedades o espaçamento entre plantas não deve ser inferior a 2,0 m, permitindo uma boa distribuição das brotações laterais e netos sobre a latada.  Pode-se portanto utilizar para uvas de mesa no Submédio São Francisco, espaçamentos de 3 x 2 m; 3 x 2,5 m; 4 x 2 m; 3 x 3 m; 3,5 x 3 m, correspondendo a densidades de plantio que variam de 1666 à 952 plantas/ha. Espaçamentos mais adensados (3 x 1 m) estão sendo adotados na variedade sem sementes Superior Seedless.

 

Sistema de condução
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A latada é o sistema de condução utilizado no Submédio São Francisco para produção de uvas de mesa (Figura 1).

 

Uma vez delimitados e marcados no campo os espaçamentos entre linhas e entre plantas, inicia-se a construção da latada obedecendo-se os seguintes passos:

 

1. Distribua as cantoneiras ou os mourões mais reforçados nos cantos da latada e os mourões externos na mesma distância entre linhas nos lados da latada correspondentes ao início e final das linhas de plantio, e a uma distância que pode variar entre 4 a 6 m (de acordo com o espaçamento adotado) nas duas laterais da latada. Os mourões externos são de madeira com 3 m de altura e 18 - 20 cm de diâmetro, para as cantoneiras devem ser usados mourões mais reforçados.

 

2. Enterre os mourões externos a uma profundidade mínima de 0,70 cm mantendo inclinação para o lado externo de 60º em relação ao solo.

 

3. Amarre os mourões externos e cantoneiras aos rabichos formados com três fios de arame galvanizado nº 8 ou cordoalha e chumbados a um bloco de concreto que é enterrado no solo a uma profundidade de 0,8 – 1,0 m.

 

4. Distribua os postes internos nas linhas de plantio a uma distância que pode coincidir com o espaçamento entre plantas, quando o espaçamento adotado entre plantas são de 3,0 m. Se o espaçamento entre plantas for inferior, então a distância entre as estacas é superior que a distância entre plantas. As estacas são enterradas a uma profundidade de 0,70 cm. As estacas internas de madeira apresentam cerca de 2,70 cm e  10 – 12 cm de diâmetro.

 

5. Distribua o aramado iniciando pela cordoalha externa, fixada aos mourões e cantoneiras externas.

 

6. Estique em seguida os arames no sentido perpendicular as linhas de plantio fixados aos postes externos, e constituídos por arame galvanizado nº 12, passando sobre as estacas;

 

7. Estique os arames primários constituídos por fios de arame galvanizado n° 10 passando sobre as estacas no mesmo sentido das linhas de plantio, fixando-os aos mourões externos e depois os arames secundários que constituem a malha da latada formada por fios simples n° 14, que são colocados a uma distância de aproximadamente 50 cm e fixados a cordoalha externa.

 

O esticamento dos diversos componentes do aramado e dos rabichos poderá ser facilitado pelo uso de esticadores e conectores ou emendadores de arame.

 

Os mourões e estacas devem ser de madeira resistente e dura, tais como, angico, eucalipto tratado, birro e sabiá.

 

O sistema de condução do tipo retombante ou GDC (Geneva Double Curtain) consiste em se separar duas cortinas de folhagens (Figura 2). Trabalhos realizados em diversos países demonstram que há um aumento na brotação, na fertilidade de gemas e na produção devido a melhoria da radiação solar incidente sobre as gemas nesse sistema de condução. Algumas áreas comerciais estão utilizando este sistema de condução nessas variedades, embora ainda não existam resultados conclusivos sobre a viabilidade técnica e econômica do mesmo em relação a latada.

 

Plantio
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Após o preparo do solo procede-se a abertura das covas, com dimensões de 60 x 60 x 60 cm, procurando-se separar o solo mais superficial daquele de camadas mais profundas. No momento do enchimento da cova, coloca-se no fundo, o solo da camada mais superficial e o restante do solo misturado com os adubos e a matéria orgânica, na parte de cima da cova. As covas podem ser substituídas pela abertura de sulcos, com uma profundidade de 40 cm no mesmo sentido das linhas de plantio, antes da instalação do sistema de irrigação e condução.

 

O plantio pode ser realizado em qualquer época do ano em condições irrigadas, entretanto o plantio no período mais seco reduz a ocorrência de doenças e a necessidade de tratamentos fitossanitários permanentes. As mudas utilizadas no plantio, quer sejam elas de porta-enxerto ou já enxertadas devem ser adquiridas mediante o fornecimento do Certificado Fitossanitário de Origem (CFO), não devem apresentar quaisquer sintomas de doenças ou outras anormalidades e com desenvolvimento vigoroso e uniforme. Em geral, as mudas podem ser levadas para o campo dois meses após a realização da enxertia ou o plantio das estacas do porta-enxerto.

 

Durante o período de crescimento e formação da planta é necessário atenção permanente nas plantas jovens pois o descuido nesta fase pode comprometer o desenvolvimento normal das plantas, prejudicando sua formação e atrasando o início da fase produtiva. Os principais tratos culturais realizados nesta fase são o controle de formigas, o controle das ervas daninhas, as adubações de cobertura através de fertirrigação ou diretamente no solo, irrigação e controle fitossanitário. O uso de herbicidas nesta fase não é recomendado, portanto, deve-se recorrer a capina manual nas linhas de plantio ou em torno das plantas, complementando o trabalho com roço manual ou mecanizado nas entre linhas de plantio.

 

Quando se realiza o plantio de mudas enraizadas de porta-enxerto, três brotações são mantidas, eliminando-se as demais através de desbrotas. As brotações são conduzidas de forma ereta amarrada a um tutor. Como  tutor podem ser utilizados a própria estaca do sistema de condução, barbante, vara de madeira ou bambu.

Fig. 1 - Vista geral de uma latada, com aramado, postes internos e externos

 

Foto: Embrapa Semi-Árido

Fig. 2 - Sistema de condução do tipo Y ou GDC (Genova Double Curtain)

 

 

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