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Cultivo
da Videira
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Caracterização social e econômica da videira |
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Introdução Dentre as fruteiras cultivadas comercialmente no Submédio São Francisco, a videira aparece como a terceira mais importante cultura em termos de área plantada, com uma área estimada de 8.000 hectares, no ano 2002, superada apenas pelas áreas cultivadas com manga e coco, conforme pode ser observado no Quadro 1 (Valexport, 2002). Convém ressaltar a precariedade das estatísticas sobre a fruticultura da região. Os dados do IBGE (Produção Agrícola Municipal) projeta uma área plantada 6.105 hectares de uva nos municípios pernambucanos e baianos que compõem a região fisiográfica do Submédio do São Francisco, no ano 2001. A cultura da videira reveste-se de especial importância econômica e social, na medida em que envolve um grande volume anual de negócios voltados para os mercados interno e externo, e destaca-se entre as culturas irrigadas da região como a que apresenta o maior coeficiente de geração de empregos diretos e indiretos. Importância econômica e social da videira na região Quadro 1. Área cultivada e produção das principais frutas irritadas do Pólo do Petrolina/Juazeiro
A área plantada com videira no Brasil, segundo os dados IBGE (2001), era de 59.838 hectares, sendo que 42.930 hectares estavam localizados na região Sul e 5.339 hectares no Nordeste. Nesta região destacavam-se os municípios de Petrolina-PE e Juazeiro-BA, que juntos possuíam uma área cultivada, segundo IBGE (Produção Agrícola Municipal - 2001), de 4.493 hectares. Muito embora a região Sul apresenta-se como a maior produtora de uva do país, vale ressaltar que a uva produzida nessa região destina-se, principalmente, à produção de vinho, enquanto nas regiões Sudeste e Nordeste predominam a produção de uvas de mesa. A produção de uva no Nordeste do Brasil concentra-se principalmente na região do Submédio São Francisco, localizada nos sertões pernambucano e baiano. Favorecida pela potencialidade dos recursos naturais e pelos investimentos públicos e privados nos projetos de irrigação, esta região está conhecendo uma grande expansão no plantio e na produção de uvas finas de mesa. A viticultura na região semi-árida, em particular no Submédio São Francisco, se destaca no cenário nacional, não apenas pela expansão da área cultivada e do volume de produção, mas principalmente pelos altos rendimentos alcançados e na qualidade da uva produzida. Seguindo as tendências de consumo do mercado mundial de suprimento de frutas frescas, a região inclina-se, atualmente, para produção de uvas sem sementes, assim como para a adoção de normas de controle de segurança alimentar conforme sistemas definidos pelas legislações nacional e internacional. Cada vez mais estão sendo levados em consideração na produção de frutas os novos requerimentos dos mercados. Estes requerimentos impõem um novo conteúdo de qualidade dos alimentos, incorporando as preocupações dos consumidores com a segurança alimentar e as exigências para certificação do produto, levando em consideração o local de produção e os aspectos da ambientais e sociais. Nesse sentido, há uma tendência para o crescimento da produção de uva certificada, pela adoção da Produção Integrada de Frutas ou da produção orgânica. Convém ressaltar a especificidade da viticultura na região semi-árida do Nordeste em virtude da adaptação e do comportamento diferenciado das plantas nessas condições climáticas. Os processos fisiológicos das plantas são acelerados, a propagação é muito rápida e em cerca de um ano e meio, após o plantio, inicia-se a primeira safra. Considerando que o ciclo de produção oscila em torno de 120 dias, pode-se obter até duas safras e meia por ano, mediante o manejo da irrigação e a realização de podas programadas. Isto possibilita a produção durante todo o ano e uma produtividade elevada da ordem de 40 t/ha/ano, bem acima das obtidas nas demais regiões produtoras brasileiras. Por outro lado, também permite a colheita dos frutos nos períodos de preços mais elevados, o que torna a viticultura uma atividade que apresenta menor grau de incerteza e elevada rentabilidade econômica.
A cultura da videira na região do Submédio São Francisco reveste-se de especial importância econômica e social, pois constitui, junto com a manga, uma das principais frutas da pauta de exportação desta região e destaca-se entre as culturas irrigadas como a mais importante para comercialização no mercado interno. A participação da produção de uva do Submédio São Francisco na pauta das exportações foi da ordem de 19.627 toneladas e 20,4 milhões de dólares no ano de 2001, enquanto a do país foi 20.660t e um volume de 21,5 milhões de dólares. Essa participação, eqüivale a 95,0%, do valor das exportações brasileira com uva (Quadro 2). Quadro 2. Exportação de Uva no Vale do São Francisco e Brasil (1997-2001)
A produção voltada para um mercado de uvas sem sementes de qualidade passa a exigir, cada vez mais a utilização de novas tecnologias, mão-de-obra qualificada e serviços especializados, tanto no processo produtivo, quanto nas atividades pós-colheita. As exigências atuais das cadeias de abastecimento de uvas finas de mesa de qualidade, baseadas em novas convenções de mercado constituem uma ameaça aos sistemas produtivos convencionais praticados pela maioria dos produtores da região. A capacidade de adotar as novas normas e convenções relativas a qualidade se converte numa ferramenta fundamental para alcançar um lugar privilegiado nos mercados, pois prevalecerão como fatores diferenciais na concorrência o controle e a certificação dos processos produtivos. São tais exigências que passarão a arbitrar entre aqueles que estarão incluídos ou excluídos do exigente mercado de suprimento de uvas finas de mesa. Nesse contexto, também emerge um contingente de pequenos e médios viticultores profissionalizados que, além de cumprirem uma função social importante, passaram a cumprir um papel no abastecimento do mercado doméstico e a buscar um espaço no mercado externo. Em documento publicado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Brasil, 1997), a videira cultivada no Nordeste aparece como aquela que proporciona a maior geração de empregos entre as diversas culturas perenes e anuais, atingindo mais de 5,0 empregos/ha/ano. Entretanto, as evidências empíricas indicam uma forte redução do número de trabalhadores necessários para condução do cultivo da uva na região para 2,0 a 3,0 empregos/ha/ano. Em função das mudanças da base técnica de produção, com a adoção de sistemas automatizados de irrigação, novas técnicas de manejo cultural, novos métodos de organização do trabalho, aliadas às estratégias de escalonamento da produção, é possível uma melhor otimização do uso da mão-de-obra. A tendência é de redução na relação emprego/hectare de uva cultivada.
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