Embrapa Semi-Árido
Sistemas de Produção, 1
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Julho/2004
Cultivo da Videira

José Barbosa dos Anjos

Patrícia Coelho de Souza Leão

Início

 

Aspectos Socioeconômicos

Clima

Adubação

Cultivares

Mudas

Plantio

Irrigação

Tratos Culturais

Substâncias Orgânicas

Doenças

Pragas

Colheita e pós-colheita

Comercialização e Custos

Referências bibliográficas

Glossário

 

Expediente

Autores

Manejo do solo

Preparo do solo

Preparo das linhas de plantio

Tráfego de máquinas

Tratos culturais

 

Preparo do solo     
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O preparo do solo visa melhorar as suas condições físicas para o crescimento das raízes, mediante o aumento da aeração, da infiltração de água e da redução da resistência do solo à expansão das raízes. Para este fim pode ser utilizado grades aradoras principalmente em áreas recém desmatadas, como também, podem ser trabalhadas com arados de discos ou de aivecas, deixando o solo em condições adequadas para receber os corretivos de acidez e fertilizantes, além de outras práticas como gradagem leve, sulcamento, abertura de covas  entre outras.  Essas práticas de preparo de solo podem incluir e iniciar com a subsolagem, sempre que for constatada a compactação em camada subsuperficial (Terra, 1993).

Preparo das linhas de plantio
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Tráfego de máquinas
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O tráfego de máquinas agrícolas pode causar compactação e/ou adensamento nas camadas do perfil do solo, devido à força de tração aplicada à superfície do terreno, quando do deslocamento do trator, o que produz uma deformação na estrutura do solo e, às vezes, promove o movimento das partículas que o compõem.

Segundo Balastreire (1987), o grau de compactação do solo depende do tipo de rodado (pneus ou esteiras) da máquina utilizada. O uso de pneus de maior largura e tratores com tração nas quatro rodas promovem uma menor compactação do solo, no entanto, outros fatores podem influenciar no processo de degradação, tais como: tipo de solo, teor de umidade no momento de trafegar com as máquinas, sistema e freqüência de irrigação, e massa (peso) das máquinas, entre outros.

 

Tratos culturais
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Na literatura brasileira, os tratos culturais mecânicos na videira são pouco mencionados.   No entanto, é uma operação utilizada com freqüência no Submédio São Francisco.  Algumas dessas práticas não foram ainda estudadas com o objetivo de comprovar sua eficácia.  Uma das práticas é a subsolagem entre as linhas de cultivo da videira, a qual não deve ser efetuada com teores de umidade acima do ideal para essa operação, o que, na maioria das vezes, chega a ser prejudicial, devido ao polimento que se forma no interior da camada de solo por onde passa o órgão ativo (ferramenta) do subsolador que fica em contato direto com o solo, impedindo, assim, o fluxo de água, nutrientes e, provavelmente, interferindo no desenvolvimento  radicular. As condições ótimas para subsolagem estão próximas ao ponto de murcha, o qual seria de alto risco para a cultura.  No caso de se recomendar a subsolagem entre as linhas de plantio, ela deve ser realizada no período de repouso vegetativo da cultura, de preferência na época mais seca (sem chuvas).

A gradagem (grade leve) é outra prática utilizada que tem o objetivo de eliminar as ervas daninhas ou incorporar restos de material de poda e cobertura vegetal. No entanto, o uso contínuo dessa operação pode contribuir para a formação de camadas adensadas (pé de grade) que surgem abaixo da zona que o disco da grade não consegue alcançar.  Essa formação de camada compactada se dá em função do deslocamento (arrasto) do implemento sobre o solo.

 

O recomendável para os tratos culturais nas entre linhas dos parreirais é a alternância entre ciclos (safras) consecutivos, mudando os métodos de mobilização, tais como gradagem, escarificação e subsolagem entre outros (Anjos, 2000).

 

O manejo do solo durante a fase produtiva compreende os seguintes sistemas:

 

Solo coberto: o solo é mantido coberto pela vegetação natural roçada, plantio de leguminosas e gramíneas consorciadas ou em coquetel nas entrelinhas e através de cobertura morta, como diversos tipos de palhas e bagaço de cana, ou ainda com plástico preto. A vegetação natural deve ser roçada periodicamente, de acordo com a necessidade, o que varia segundo o sistema de irrigação utilizado e a ocorrência de chuvas no período. Em sistemas de irrigação cuja área molhada é próximo a 100%, como a aspersão convencional e microaspersão, há necessidade de roços mais freqüentes, a cada 20 dias aproximadamente. Pela maior praticidade e rendimento operacional, o roço deve ser mecanizado nas entrelinhas e manual ou semi-mecanizado nas linhas de plantio. A utilização de leguminosas e gramíneas como adubos verdes nas entrelinhas é realizada pelo plantio das sementes durante o período de repouso, roçando-se e mantendo-se a palha como cobertura morta ou incorporando-se o material vegetal de preferência quando estiverem em floração (Figuras 1A e 1B). A época de plantio das leguminosas e gramíneas também deve ser planejada de acordo com o sistema de irrigação utilizado. Sob gotejamento, a semeadura deve ser realizada no início do período de chuvas. Muitos produtores utilizam o plantio de leguminosas e gramíneas em irrigação por gotejamento nas linhas de plantio, aproveitando-se a faixa molhada e utilizando o material roçado como cobertura morta. Entretanto, maiores estudos em relação a seleção da espécie utilizada precisam ser realizados, pois existe a grande possibilidade de se estabelecer uma competição por água e nutrientes entre as espécies intercalares e a videira. As principais espécies utilizadas são:

 

a) Leguminosas: calopogônio, crotalária, ervilhaca, feijão de porco, feijão guandu, mucuna anã, soja perene, labe labe.

 

b) Gramíneas: milheto, sorgo.

 

c) Compostas: girassol.

 

O solo ainda pode ser coberto com plástico preto nas linhas de plantio, cobrindo uma faixa de 0,8 a 1,0 m de cada lado da planta, entretanto, este método não tem sido adotado no Submédio São Francisco.

 

Solo parcialmente coberto:  o solo é mantido coberto nas entrelinhas pela vegetação natural roçada ou plantio de leguminosas e gramíneas, porém mantendo-se limpa a linha de plantio, correspondendo a uma faixa de aproximadamente 0,80 cm. O solo é mantido limpo através de capinas manuais ou pelo emprego de herbicidas. Recomenda-se, que os herbicidas sejam aplicados o mínimo possível, ou seja uma vez a cada ciclo durante o período de chuvas, pois o seu emprego constante e abusivo pode trazer problemas aos trabalhadores rurais, animais domésticos e meio ambiente. Além dos prejuízos causados pelo ressecamento e permanência de resíduos no solo, que ao longo do tempo, podem chegar a afetar o sistema radicular da videira.

 

Solo limpo: a manutenção do solo completamente limpo através de capinas manuais ou emprego de herbicidas, apesar de favorecer o desenvolvimento das plantas não é recomendado. Este sistema apresenta-se pouco viável do ponto de vista econômico pela grande mão de obra exigida e, do ponto de vista, de conservação do solo, pois favorece a erosão especialmente em solos de topografia acidentada e sujeitos a enxurradas nos períodos chuvosos.

 

Fotos: Embrapa Semi-Árido

A

B
Fig. 1 - Manejo do solo com cobertura vegetal nas entrelinhas de  feijão de porco (A)  e guandu e sorgo (B)

 

 

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