Preparo
do solo
Preparo das linhas de
plantio
Tráfego de máquinas
Tratos culturais
O
preparo do solo visa melhorar as suas condições físicas para o crescimento
das raízes, mediante o aumento da aeração, da infiltração de água e
da redução da resistência do solo à expansão das raízes. Para este
fim pode ser utilizado grades aradoras principalmente em áreas recém
desmatadas, como também, podem ser trabalhadas com arados de discos
ou de aivecas, deixando o solo em condições adequadas para receber
os corretivos de acidez e fertilizantes, além de outras práticas como
gradagem leve, sulcamento, abertura de covas entre outras. Essas
práticas de preparo de solo podem incluir e iniciar com a subsolagem,
sempre que for constatada a compactação em camada subsuperficial (Terra,
1993).
Preparo
das linhas de plantio |
|
O
tráfego de máquinas agrícolas pode causar compactação e/ou adensamento
nas camadas do perfil do solo, devido à força de tração aplicada à superfície
do terreno, quando do deslocamento do trator, o que produz uma deformação
na estrutura do solo e, às vezes, promove o movimento das partículas
que o compõem.
Segundo
Balastreire (1987), o grau de compactação do solo depende do tipo de
rodado (pneus ou esteiras) da máquina utilizada. O uso de pneus de
maior largura e tratores com tração nas quatro rodas promovem uma menor
compactação do solo, no entanto, outros fatores podem influenciar no
processo de degradação, tais como: tipo de solo, teor de umidade no
momento de trafegar com as máquinas, sistema e freqüência de irrigação,
e massa (peso) das máquinas, entre outros.
Na
literatura brasileira, os tratos culturais mecânicos na videira são
pouco mencionados. No entanto, é uma operação utilizada
com freqüência no Submédio São Francisco. Algumas dessas práticas
não foram ainda estudadas com o objetivo de comprovar sua eficácia. Uma
das práticas é a subsolagem entre as linhas de cultivo da videira,
a qual não deve ser efetuada com teores de umidade acima do ideal para
essa operação, o que, na maioria das vezes, chega a ser prejudicial,
devido ao polimento que se forma no interior da camada de solo por
onde passa o órgão ativo (ferramenta) do subsolador que fica em contato
direto com o solo, impedindo, assim, o fluxo de água, nutrientes e,
provavelmente, interferindo no desenvolvimento radicular. As
condições ótimas para subsolagem estão próximas ao ponto de murcha,
o qual seria de alto risco para a cultura. No caso de se recomendar
a subsolagem entre as linhas de plantio, ela deve ser realizada no
período de repouso vegetativo da cultura, de preferência na época
mais seca (sem chuvas).
A
gradagem (grade leve) é outra prática utilizada que tem o objetivo
de eliminar as ervas daninhas ou incorporar restos de material de poda
e cobertura vegetal. No entanto, o uso contínuo dessa operação pode
contribuir para a formação de camadas adensadas (pé de grade) que surgem
abaixo da zona que o disco da grade não consegue alcançar. Essa
formação de camada compactada se dá em função do deslocamento (arrasto)
do implemento sobre o solo. O
recomendável para os tratos culturais nas entre linhas dos parreirais é a
alternância entre ciclos (safras) consecutivos, mudando os métodos
de mobilização, tais como gradagem, escarificação e subsolagem entre
outros (Anjos, 2000).
O
manejo do solo durante a fase produtiva compreende os seguintes sistemas:
Solo
coberto: o solo é mantido coberto pela vegetação natural
roçada, plantio de leguminosas e gramíneas consorciadas ou em coquetel
nas entrelinhas e através de cobertura morta, como diversos tipos
de palhas e bagaço de cana, ou ainda com plástico preto. A vegetação
natural deve ser roçada periodicamente, de acordo com a necessidade,
o que varia segundo o sistema de irrigação utilizado e a ocorrência
de chuvas no período. Em sistemas de irrigação cuja área molhada é próximo
a 100%, como a aspersão convencional e microaspersão, há necessidade
de roços mais freqüentes, a cada 20 dias aproximadamente. Pela maior
praticidade e rendimento operacional, o roço deve ser mecanizado
nas entrelinhas e manual ou semi-mecanizado nas linhas de plantio.
A utilização de leguminosas e gramíneas como adubos verdes nas entrelinhas é realizada
pelo plantio das sementes durante o período de repouso, roçando-se
e mantendo-se a palha como cobertura morta ou incorporando-se o material
vegetal de preferência quando estiverem em floração (Figuras 1A e
1B). A época de plantio das leguminosas e gramíneas também deve ser
planejada de acordo com o sistema de irrigação utilizado. Sob gotejamento,
a semeadura deve ser realizada no início do período de chuvas. Muitos
produtores utilizam o plantio de leguminosas e gramíneas em irrigação
por gotejamento nas linhas de plantio, aproveitando-se a faixa molhada
e utilizando o material roçado como cobertura morta. Entretanto,
maiores estudos em relação a seleção da espécie utilizada precisam
ser realizados, pois existe a grande possibilidade de se estabelecer
uma competição por água e nutrientes entre as espécies intercalares
e a videira. As principais espécies utilizadas são:
a) Leguminosas:
calopogônio, crotalária, ervilhaca, feijão de porco, feijão guandu,
mucuna anã, soja perene, labe labe.
b) Gramíneas:
milheto, sorgo.
c) Compostas:
girassol.
O
solo ainda pode ser coberto com plástico preto nas linhas de plantio,
cobrindo uma faixa de 0,8 a 1,0 m de cada lado da planta, entretanto,
este método não tem sido adotado no Submédio São Francisco.
Solo
parcialmente coberto: o solo é mantido coberto nas
entrelinhas pela vegetação natural roçada ou plantio de leguminosas
e gramíneas, porém mantendo-se limpa a linha de plantio, correspondendo
a uma faixa de aproximadamente 0,80 cm. O solo é mantido limpo através
de capinas manuais ou pelo emprego de herbicidas. Recomenda-se,
que os herbicidas sejam aplicados o mínimo possível, ou seja uma
vez a cada ciclo durante o período de chuvas, pois o seu emprego
constante e abusivo pode trazer problemas aos trabalhadores rurais,
animais domésticos e meio ambiente. Além dos prejuízos causados pelo
ressecamento e permanência de resíduos no solo, que ao longo do tempo,
podem chegar a afetar o sistema radicular da videira.
Solo
limpo: a manutenção do solo completamente limpo através
de capinas manuais ou emprego de herbicidas, apesar de favorecer
o desenvolvimento das plantas não é recomendado. Este sistema apresenta-se
pouco viável do ponto de vista econômico pela grande mão de obra
exigida e, do ponto de vista, de conservação do solo, pois favorece
a erosão especialmente em solos de topografia acidentada e sujeitos
a enxurradas nos períodos chuvosos.
Fotos: Embrapa Semi-Árido
A |
B |
Fig.
1 - Manejo do solo com cobertura vegetal nas entrelinhas
de feijão de porco (A) e guandu e sorgo (B)
|