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Cultivo
da Videira
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| Uso de substâncias orgânicas na produção de uvas de mesa | |||||||||||
Elongação da ráquis e dos pedicelos Qualidade dos cachos - coloração e maturação Controle do desenvolvimento vegetativo As videiras desenvolvidas em regiões tropicais caracterizam-se por apresentar um crescimento contínuo, no qual não ocorre nem amarelecimento e nem queda natural das folhas. Há uma marcante dominância apical nas varas deixadas pela poda e, além disso, uma tendência à produção de cachos muito compactos, em conseqüência das temperaturas elevadas e da baixa umidade relativa do ar que favorecem a fecundação das flores. Essas características naturais do desenvolvimento das videiras podem ser modificadas pela utilização de substâncias orgânicas, biorreguladores ou outros, tais como aminoácidos e cianamida hidrogenada, que atuam favorecendo o aumento do rendimento e da qualidade dos frutos, melhorando a produção, tamanho, coloração e conservação dos cachos. Os biorreguladores são substâncias produzidas naturalmente pelas plantas (hormônios) ou podem ser substâncias sintéticas, que geralmente apresentam fórmulas semelhantes aos hormônios, ligam-se aos mesmos receptores e interferem da mesma forma na fisiologia dos cultivos. Entre os biorreguladores utilizados nas videiras encontram-se o ácido giberélico e o ethephon. O ácido giberélico mais utilizado é o GA3 sendo extraído de plantas. O ethephon é um composto sintético que atua liberando etileno. Os aminoácidos são substâncias provenientes da síntese ou da degradação de proteínas e podem ser utilizados em pulverizações foliares. Aqueles sintetizados apresentam uma composição definida, enquanto que os oriundos da degradação, apresentam uma composição variável de acordo com o material protéico utilizado como matéria prima (por ex.: sangue de animais, pele, restos de curtume, etc.). Esses aminoácidos ao entrar na planta compõem uma reserva prontamente disponível para a produção de novas proteínas durante o crescimento da videira. A cianamida hidrogenada é uma substância orgânica que favorece a brotação das videiras, agindo no sistema respiratório das células, de modo a interferir em certos processos enzimáticos que controlam a dormência das gemas.
A dominância apical, que é caracterizada pela brotação mais vigorosa das gemas terminais das varas, resultando numa brotação desuniforme e irregular da planta como um todo, está supostamente relacionada com a produção e translocação de biorreguladores, tais como auxinas e giberelinas. Para diminuir os efeitos da forte dominância apical nas videiras, é conveniente utilizar alguns produtos químicos que forçam a brotação rápida e uniforme das gemas. · Cianamida hidrogenadaÉ comercializada sob a forma líquida, apresentando o produto comercial 49% de princípio ativo. É utilizada em pulverização das varas com uma solução que é preparada nas seguintes doses: 7% do produto comercial, durante o período de clima ameno, de maio à agosto, e 6% do produto comercial, durante o período quente, de setembro à abril. A aplicação da solução de cianamida pode ser realizada até dois dias após a poda, sem que haja prejuízo para as plantas tratadas. Quando a cianamida é aplicada após esse período, causa um pequeno efeito fitotóxico nas primeiras duas ou três folhas dos ramos, deixando-as encrespadas, embora esse sintoma desapareça com o subsequente desenvolvimento dos ramos. É muito importante manusear esse produto com cuidado, observando-se, à risca, as indicações do fabricante.
As condições semi-áridas tropicais, com baixa umidade relativa do ar e temperaturas elevadas, favorecem a polinização e o pegamento dos frutos. Além disso, parece diminuir o comprimento dos pedicelos, resultando em cachos muito compactos, com bagas desuniformes e deformadas, por estarem comprimidas umas contra as outras. · Ácido GiberélicoPara aumentar os pedicelos, facilitando a operação do raleio, pode-se aplicar de 10 a 20mg de ácido giberélico diluídos em 10 L de água em aspersão dirigida exclusivamente para os cachos florais, quando estes medirem no máximo seis centímetros de comprimento. Esse tratamento deve ser realizado, de preferência, nas primeiras horas da manhã, para evitar problemas de fitotoxidade nos cachos florais.
· Aminoácidos Cinco pulverizações nas plantas de videira nos estádios fenológicos: brotação, pré-floração, floração, frutificação e maturação dos cachos, com uma solução que contém 4,15 g de um conjunto de 20 aminoácidos, induzem o aumento no tamanho das bagas. · Ácido GiberélicoEm variedades de uvas sem sementes, o ácido giberélico pode ser utilizado como indutor do aumento do tamanho das bagas, aplicado em doses de até 400mg diluídos em 10L de água, segundo a variedade a ser tratada. Em variedades de uvas com semente, como a ‘Italia’ e suas mutações ‘Benitaka’ e ‘Brasil’, o uso do ácido giberélico em doses de até 300 mg diluídos em 10L de água, para aumentar o tamanho dos bagos, deve ser muito criterioso, com pulverizações direcionadas somente para os cachos, em consequência do efeito nocivo que o mesmo tem sobre a fertilidade das gemas, diminuindo a produtividade do vinhedo.
A variedade Benitaka e outras de bagas rosadas ou tintas apresentam, principalmente no período de clima quente, bagas de coloração desuniforme, em virtude da formação deficiente de pigmentos antociânicos que respondem pela coloração arroxeada da película que envolve as uvas. · AminoácidosÉ possível melhorar a qualidade das uvas da variedade Benitaka com três pulverizações de aminoácidos sobre as plantas, na dose de 4,15 mg.L-1, obtendo-se uvas de colorido mais intenso e uniforme, assim como uma diminuição no teor de ácidos, resultando em uvas de melhor sabor, mais doces e com uma relação de sólidos solúveis totais e acidez titulável mais equilibrada. · Ethephon O ethephon pode, também, ser utilizado no intuito de melhorar a coloração das bagas, em doses reduzidas de no máximo 0,02 % no início de maturação dos cachos em uvas que terão um consumo quase imediato. Entretanto, essa recomendação não se aplica em uvas que necessitam ter um longo período de pós-colheita, pois o ethephon favorece a senescência e desidratação do engaço e dos bagos.
A poda de frutificação das videiras, em condições tropicais, é, de certo modo, dificultada pela quantidade de folhas que permanece nas plantas. Além disso, a remoção manual da folhagem acarreta a perda de nutrientes, que poderiam ser armazenados nos ramos, quando da senescência das folhas. · Ethephon A determinação da dose de ethephon e a composição da solução mais adequada que causasse a efetiva senescência e queda das folhas, foi realizada pelo distribuidor do produto na região, em conjunto com alguns produtores. O produto comercial apresenta 720 mg.L-1 do princípio ativo e é comercializado na forma líquida. O ethephon é utilizado na dose de 0,2%, combinado com óleo mineral à 0,2%, ácido fosfórico de 0,1 a 0,5%, dependendo do pH da água, e MKP ou KCl a 1%, pulverizando-se toda a planta, dezoito dias antes da poda. Por ocasião da poda, a folhagem começa a amarelar, entrando em senescência, o que provoca a queda natural das folhas. A solução de ethephon deve apresentar reação ácida, com pH em torno de 3. Aplicando-se ethephon em plantas de videira, em ciclos sucessivos, consegue-se não só provocar a queda das folhas, mas também aumentar a brotação e fertilidade das gemas, o que concorre para o aumento da produtividade da cultura.
· Chlormequat (CCC) O uso de chlormequat em duas pulverizações na dose de 1.500mg.L-1, aos 35 e 70 dias após a poda, controla o crescimento vegetativo das videiras da variedade Italia e favorece a fertilidade das gemas. · Paclobutrazol (PBZ) O uso de paclobutrazol no solo na dose de 25mg por planta, aos 25 dias após a poda, controla o crescimento vegetativo das videiras da variedade Superior Seedless (Festival) e favorece a fertilidade das gemas. Entretanto, este produto só deve ser utilizado em videiras sob supervisão de um especialista, pois o produto pode tornar-se tóxico às plantas em caso de uso continuado.
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